Política : RABO DE CAVALO
Enviado por alexandre em 02/06/2018 16:12:25

Administração Temer entra em sua fase Titanic

Josias de Souza

Até poucos dias atrás, todas as avaliações negativas sobre o governo eram acompanhadas de uma conjunção linquística: “entretanto”. Admitia-se que o governo é corrupto e politicamente desastroso. Mas acrescentava-se: Entretanto, a gestão Temer avançou na economia. O caminhonaço e suas consequências, entre elas a saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras, eliminou do enredo o “entretanto”. Generalizou-se o naufrágio. A água invade a área econômica.

A subvenção que fabricou uma redução do preço do óleo diesel aumentou o déficit público e desfigurou a gestão ortodoxa de Temer, agora de viés populista. Ao efetivar Ivan Monteiro como substituto de Parente, o presidente declarou que a política de preços da Petrobras não sofrerá mudanças. Mas já mudou no diesel. E pouca gente se anima a dar crédito irrestrito a Temer.

Os dez dias sem caminhão e com desabastecimento resultaram num baque com reflexos na economia, que já seguia uma curva descendente. Já não é improvável um PIB abaixo de 2%.

Se o governo de Michel Temer fosse um filme, seria fácil resumir o enredo. Bastaria dizer que o filme é sobre uma embarcação temerária, uma tripulação alienada e uma imensa pedra de gelo. Tudo muito parecido com Titanic. Enquanto o transatlântico afunda, Temer ordena à orquestra que continue tocando.

Serão sete meses a caminho do fundo. Sofrem mais os mais de 13 milhões de passageiros desempregados, que viajam no porão, perto da casa de máquinas. Quem observa os candidatos à sucessão presidencial fica com a incômoda impressão de que faltam ao Brasil principalmente botes salva-vidas.

O que sobrou do governo Temer?



Helena Chagas – Os Divergentes

A demissão de Pedro Parente era desejada por muita gente na área política e na base aliada do governo – que agora, em sua extrema fragilidade, vai ceder a tudo e a todos, em todas as circunstâncias.

Só que os políticos que pediam a cabeça de Parente não estavam esperando sua saída assim, pedindo demissão e dando a última palavra. Na verdade, eles estão se lixando com Petrobras, e usavam a conversa da demissão como uma forma de dizer que estavam do lado do público e dos caminhoneiros que reclamavam do preço extorsivo do combustível.

A conversa dos políticos contra Parente destinava-se sobretudo a mostrar, nesses meses pré-eletorais, que estão contra os aumentos e que a culpa era de Pedro Parente.

Só que não era. Quem decidiu colocá-lo lá, para as mudanças na estatal, foi Michel Temer e, obviamente, as forças que apoiaram o impeachment e o sustentaram.

Quem mais deve ganhar com a saída é o próprio Parente, que tem emprego garantido na BRF. Quem mais perde é o governo, ou o que sobrou dele. E sobrou pouco, depois das concessões da greve e do desmonte do “dream team” da economia que tanto impressionou mercado e o establishment no início do governo Temer.

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