Política : LAVA JATO
Enviado por alexandre em 15/09/2017 21:30:18


Janot se emociona e chora ao finalizar uma era no MPF


Blog do Matheus Leitão

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chorou e se emocionou ao completar 61 anos, hoje, justamente no seu último dia à frente do Ministério Público Federal.

Alvo de críticas, acusações e infortúnios recentes, como as suspeitas envolvendo a delação dos executivos da JBS, Janot viveu um voo turbulento, como previsto neste espaço há dois anos, ocasião em que ele assumiu seu segundo mandato.

A saída de Janot da chefia do Ministério Público Federal não é somente o fim de uma gestão. É também o ponto final de uma Era dentro do órgão investigador.

O procurador-geral é o último integrante dos “tuiuiús”, apelido dado a um grupo que, na década de 90, assim como a ave pantaneira, tinha dificuldade em levantar voo.

Os tuiuiús assumiram a liderança com Claudio Fonteles, mas também com Antonio Fernando de Souza e Roberto Gurgel, que comandaram a investigação no mensalão do PT.

Na década de 1990, eles – Janot, Fonteles, Souza e Gurgel – eram a oposição a Geraldo Brindeiro, o procurador geral dos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso. Não assumiram cargos importantes.

Mais jovem daquele grupo, coube a Janot fazer o arremate final dos 14 anos dos tuiuiús à frente do MPF. Mais do que isso: sob a batuta dele a Operação Lava Jato, a mais importante do Brasil, atingiu lideranças históricas do país, sacudindo as estruturas do poder.

Ao longo desses últimos quatro anos, Janot colecionou desafetos no mundo político e jurídico por seu estilo combativo. Entre os inimigos poderosos acumulados, destacam-se, além do presidente Michel Temer, os senadores Fernando Collor (PTC-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O ex-presidente Lula o criticou em áudio captado pela operação que acabou se tornando público.

Em maio, surpreendeu o país ao fechar acordo de delação premiada com os executivos do grupo J&F – holding dona do frigorífico JBS. Na ocasião, foi duramente criticado por ter negociado imunidade penal aos delatores, entre os quais Joesley Batista.

Hoje, no dia do seu aniversário e no poente do mandato, contudo, Janot esteve distante das críticas, mas cercado de elogios de auxiliares. Procuradores que conduziram a Lava Jato discursaram e até entoaram um “parabéns para você”.

O aniversariante assistiu vídeos da equipe da Lava Jato em momentos chave da operação, viu depoimentos de colegas como Deltan Dallagnol, e até um apanhado da sua gestão. No evento, no qual apresentou o balanço de quatro anos, foi aplaudido de pé por cinco minutos.

Vladimir Aras, chefe de cooperação internacional, exaltou, nas palavras dele, a coragem, a generosidade, a humildade e a capacidade de liderar num discurso que durou 9 minutos.

“Janot […] conduziu-nos por tempos sombrios e por entre os espinhos da estrada, sempre com sorrisos, um dito espirituoso qualquer arrancado das entranhas do Brasil, um incentivo, uma solução, sempre com coragem”, disse o auxiliar.

Discursaram também, além de Aras, os procuradores Danilo Dias, Nicolau Dino, Eduardo Pelela, braço-direito, entre outros. O procurador-geral recebeu uma placa de homenagem.

Janot se emocionou, "chorou bastante" – segundo integrantes da equipe. Não só porque a Era dos Tuiuiús acabou. Mas por saber que os seus dois mandatos reservaram a ele o destino mais importante de um grupo de procuradores que um dia sonhou voar.

Chefe de gabinete de Janot sabia de jogo duplo de Miller



Valor Econômico

A Polícia Federal acredita que o procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sabia que o ex-procurador Marcelo Miller atuava em favor dos interesses do grupo J&F antes de deixar o cargo público.

De acordo com o relatório da Operação Calcanhar de Aquiles, na qual Wesley Batista foi preso, mensagens trocadas entre Miller, os sócios da J&F e os advogados do grupo sugerem que Pelella conhecia o jogo duplo do ex-procurador.

No dia 5 de abril, Miller deixou oficialmente o Ministério Público Federal e viajou aos Estados Unidos para, supostamente, cuidar das tratativas do acordo de leniência da J&F com o Departamento de Justiça americano (DoJ, na sigla em inglês).

A advogada Fernanda Tortma, que atendia a J&F, afirmou no grupo de um aplicativo de mensagens ter estranhado o fato de Pelella saber previamente da viagem de Miller. "Nessa hora achei estranho ele dizer que já tinha a informação de que o Marcello iria [viajar]", afirmou ela.

Participavam do mesmo grupo, além de Tortma e Miller, Wesley e Joesley Batista, o executivo Ricardo Saud e o diretor jurídico da J&F, Francisco de Assis. A mensagem, segundo a PF, revela que membros da PGR tinham ciência do jogo duplo Miller.

Em nota, a PGR disse desconhecer o teor do relatório e afirmou se tratar "de conversas de terceiros fazendo suposições".

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