Regionais : General: saída da crise deve vir da eleição de 2018
Enviado por alexandre em 29/07/2017 17:34:50

General: saída da crise deve vir da eleição de 2018



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Folha de S.Paulo

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirma que a saída para a crise do país "está nas mãos dos cidadãos brasileiros", que poderão, "nas eleições de 2018, sinalizar o rumo a ser seguido".

Voz moderada em meio à cacofonia histérica de extremos ideológicos que marca a crise, na qual volta e meia grupelhos clamam por intervenção militar, Villas Bôas diz que "o Brasil e suas instituições evoluíram e desenvolveram um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a tutela por parte das Forças Armadas" e reitera que a Constituição deve prevalecer: "Todos devem tê-la como farol a ser seguido".

A entrevista foi feita via e-mail, por opção da assessoria do Exército, e as perguntas foram enviadas no dia 4 de julho, sendo respondidas 23 dias depois, na quinta (27).

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Folha - Pesquisa Datafolha recente mostrou que as Forças Armadas são a instituição do país em que a população mais confia hoje, enquanto a Presidência, o Congresso e os partidos são as instituições menos confiáveis. Como interpreta esses dados?

Eduardo Villas Bôas - Esses números nos impõem uma imensa responsabilidade. As Forças Armadas, que constituem um corte vertical da sociedade e possuem representantes de todo o espectro social, são reconhecidas por serem uma reserva de valores, como integridade, ética, honestidade, patriotismo e desprendimento.

Elas sempre estiveram presentes em momentos importantes da história de nossa nação. Algumas vezes, com o Braço Forte e, inúmeras vezes, com a Mão Amiga. Por conseguinte, essa confiança configura um capital intangível que nos é muito caro. Demonstra que a maioria esmagadora da população nos observa atentamente e nos avalia.

Pela primeira vez na história, um presidente foi denunciado por corrupção no exercício do mandato. Como acompanha essa crise? Acha que o presidente Temer tem condições éticas de permanecer no cargo?

Vivemos um período de ineditismos. Mas o fato de seguirmos batalhando, em nosso dia a dia, demonstra que as nossas instituições ainda estão funcionando, mesmo com a crise pela qual elas e o país vêm passando. Cabe-lhes atuar no limite de suas atribuições, sempre com o sentido de se fortalecerem mutuamente. Neste momento, o que deve prevalecer é a Constituição Federal e todos, repito, todos devem tê-la como farol a ser seguido.

Há quem compare a crise atual com aquela vivida em 1964. É possível fazer essa analogia?

Comparações podem ser feitas, mas o Brasil é, hoje, um país muito mais complexo e sofisticado. Naquela época, havia uma situação de confronto característica da Guerra Fria, com a ação de ideologias externas, que fomentaram ameaças à hierarquia e à disciplina nas Forças Armadas, aspectos que não estão presentes nos dias atuais.

O Brasil e suas instituições evoluíram e desenvolveram um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a tutela por parte das Forças Armadas. Hoje, elas estão cientes de suas missões e capacidades e mantêm-se fiéis aos ditames constitucionais.

É chegada a hora de consentir que o período que engloba 1964 é história e assim deve ser percebido.

Em manifestações recentes, o sr. fez uma defesa enfática da Lava Jato. Como analisa os movimentos que vão na contramão da faxina ética pretendida pela operação (julgamento no TSE, liberação de Rocha Loures, devolução do mandato de Aécio etc.)?

As instituições estão trabalhando e buscando resolver essa crise, que está atingindo nosso cerne e relativizando nossos valores.

Tenho afirmado que, além da crise política, vivemos um momento em que faltam fundamentos éticos e no qual o "politicamente correto", por vezes mal interpretado, prejudica nossa evolução. Falta-nos uma identidade e um projeto estratégico de país. País com letra maiúscula. Por isso, costumo dizer que estamos à deriva.

No entanto, considero essa crise uma oportunidade, que poderá auxiliar a nação a se sanear, sem influências ideológicas ou políticas.

A Lava Jato simboliza a esperança de que se produza no país uma mudança fundamental, em que a ética seja nossa parceira cotidiana e a sensação de impunidade, coisa do passado.

Como o Exército se posiciona sobre a candidatura de Bolsonaro, um militar da reserva, à Presidência? E como vê o uso que ele faz da condição de militar na campanha (disse, por exemplo, que, como capitão, sua especialidade era "matar")?

Todo cidadão tem o direito de ser candidato a qualquer cargo eletivo. É natural que o deputado Jair Bolsonaro use seu currículo e sua história pessoal, como ex-integrante do Exército, em sua campanha. Como integrante da reserva, ele sempre terá o nosso reconhecimento e o nosso respeito.

No entanto, e em última análise, é a população quem vai julgar os partidos e os candidatos, por intermédio do voto, devendo, para tanto, conhecer muito bem os projetos e ideias de cada um deles.

Destaco que o Exército, como instituição permanente, serve ao Estado e não a pessoas, estando acima de interesses partidários e de anseios pessoais.

A dimensão da crise favorece o surgimento de candidatos populistas e aventureiros. Como vê essa possibilidade e como analisa o quadro eleitoral para 2018?

Acho que a falta de um projeto nacional tem impedido que a sociedade convirja para objetivos comuns. Isso inclui, até mesmo, a necessidade de referências claras de liderança política que nos levem a bom porto.

Talvez seja um reflexo de os brasileiros terem permitido, no passado, que a linha de confrontação da guerra fria dividisse nossa sociedade.

É preciso que a crise que estamos vivendo provoque uma mudança no debate político para 2018. É necessário discutir questões que possibilitem preparar um projeto de nação, decidir que país se quer ter e aonde se pretende chegar. Está difícil de identificar, no Brasil de hoje, uma base de pensamento com capacidade de interpretar o mundo atual, de elaborar diagnósticos estratégicos apropriados e de apontar direções e metas para o futuro.

Está nas mãos dos cidadãos brasileiros a oportunidade de, nas eleições de 2018, sinalizar o rumo a ser seguido.

O sr. é um crítico do uso das Forças Armadas em funções de polícia. O que achou de o presidente Temer ter assinado um decreto convocando as Forças Armadas para coibir um protesto que descambou para a violência em Brasília? Essa tarefa não seria da polícia?

O Exército brasileiro é uma instituição que tem suas missões reguladas na Constituição, mais precisamente no artigo 142. Nele, observam-se três tarefas claras: a defesa da Pátria; a garantia dos poderes constitucionais; e a garantia da lei e da ordem.

O emprego das Forças Armadas nas manifestações que ocorreram na Esplanada dos Ministérios se deu em uma situação de emergência e teve caráter preventivo. Havia um sério risco de o patrimônio público ser dilapidado. A integridade física das pessoas também estava em perigo.

Não é possível aceitar que vândalos infiltrados nas manifestações permaneçam sem identificação e fiquem impunes. A ação dessas pessoas deslegitima qualquer manifestação e agride a democracia.

O sr. tem reiterado que "não há atalhos fora da Constituição" e demonstrado ser um defensor intransigente da democracia. Como analisa e a que atribui as manifestações no país por intervenção militar?

As manifestações demonstram um cansaço da população com os escândalos que temos visto. Elas refletem a materialização do capital de confiança apresentado nas pesquisas. Uma instituição que detenha 83% de confiabilidade é uma exceção em um ambiente degradado.

Porém, como tenho dito, vemos tudo isso com tranquilidade, pois o Exército brasileiro atua no estrito cumprimento das leis vigentes e sempre com base na legalidade, estabilidade e legitimidade.

Numa postagem recente em uma rede social, o sr. exaltou o marechal Castello Branco, um dos artífices do golpe militar de 1964. Que mensagem quis passar ao dizer que Castello Branco é "um exemplo de líder militar a ser seguido"?

Herói da campanha da Itália, ele já seria um exemplo por ter participado da Força Expedicionária Brasileira, na Segunda Guerra Mundial.

Mais tarde, em 1964, o Marechal Castello Branco foi o líder que civis e militares encontraram para dirigir os rumos da nação naqueles momentos conturbados e que, hoje, devem ser compreendidos dentro do contexto vivido à época.

Com sua visão de estadista, foi o responsável por alterações na legislação, que afastaram os militares da política partidária e que norteiam, até hoje, a permanência das Forças Armadas em seus quartéis, no estrito cumprimento do dever constitucional.

As Forças Armadas brasileiras não reconhecerão os erros e atrocidades que cometeram durante a ditadura?

A lei da anistia, compreendida como um pacto social, proporcionou as condições políticas para que as divergências ideológicas pudessem ser pacificadas. Ela colocou um ponto final naquela fase da história. Precisamos olhar para o futuro, atendendo ao espírito de conciliação.

O sr. costuma ressaltar a gravidade do quadro da segurança pública no País, com número de mortes equivalente ao de guerras. Como resolver ou pelo menos minimizar esse problema?

Esse problema exige uma resposta que envolva distintos atores da sociedade. Mas a solução deve, necessariamente, passar pela valorização e capacitação das forças de segurança pública. Passa, igualmente, pelo efetivo combate ao tráfico de armas e de drogas, hoje, grandes indutores da violência nos principais centros.

Da mesma maneira, o princípio da autoridade deve ser fortalecido e o sentido da disciplina social e do coletivo nacional -sem luta de classes- deve ser recuperado. Existe no Brasil uma excessiva compreensão com direitos e uma enorme negligência com deveres.

Há, também, excesso de diagnóstico e pouca ação efetiva e prática. Imaginar-se que apenas a vertente policial poderá resolver essas questões é ledo engano.

As ações de segurança pública devem, sim, estabelecer metas e prioridades. Exigem cooperação entre atores públicos e privados e deve ter, por ferramentas, programas sociais e serviços públicos, que fogem à esfera da Segurança Pública, adequados à região e à população.

Como está a negociação para alterar a Previdência dos militares? Estão definidos a idade mínima, o tempo de contribuição e o teto? O que o sr. defende? E há alguma perspectiva em relação ao reajuste salarial dos militares?

Os integrantes das Forças Armadas não têm sistema previdenciário, como, aliás, já descreve a Constituição. O que temos é proteção social, de acordo com as peculiaridades da profissão militar, já bem compreendidas por alguns setores da sociedade.

O Ministério da Defesa está coordenando os trabalhos de um grupo técnico com militares das três Forças Armadas, para propor medidas mais amplas nas áreas da reestruturação da carreira militar, da redução da defasagem remuneratória e da adequação de regras ao sistema de proteção social. São mudanças que terão consequências e reflexos mais duradouros no futuro.

Aliás, o próprio presidente da República, no final do ano passado, reconheceu a enorme defasagem salarial dos militares das Forças Armadas em comparação com as outras carreiras de Estado.

Recentemente, nas audiências em que participei nas comissões da Câmara e do Senado, também os parlamentares ficaram surpresos com essa discrepância.

Os objetivos estão traçados para o longo prazo e vão muito além da mera redução de despesas para a União. Eles visam à manutenção da atratividade da carreira militar e à atração e retenção de profissionais vocacionados, motivados, capacitados e com valores éticos e morais condizentes com a profissão que detém o poder de uso da violência institucional em nome do Estado.

Quero deixar claro, no entanto, que os militares não se furtarão a contribuir com a reforma. Estão dispostos a dar sua cota de sacrifício, comportamento que já tomamos inúmeras vezes no passado.

Qual a principal função das Forças Armadas, do Exército em particular, no Brasil de 2017?

Essa resposta é atemporal. Arguimos os nossos interlocutores sobre a importância das Forças Armadas em países com as nossas dimensões e potencialidades. Não raras vezes, nos surpreendemos com respostas superficiais, quando não, completamente distorcidas.

Quem leva o Estado Brasileiro às longínquas fronteiras, contribuindo para a presença nacional? As Forças Armadas!

Quem respalda decisões do Estado brasileiro perante outros Estados, impondo a nossa vontade por meio da dissuasão? As Forças Armadas!

Qual país verdadeiramente relevante do ponto de vista geopolítico descarta suas Forças Armadas? Nenhum!

Se você possuísse bens extremamente valiosos, estaria disposto a pagar para mantê-los? Estou seguro de que sim.

Desse bem a nossa sociedade já dispõe, mas não se apercebeu do quão importante é protegê-lo. Esse bem é a nossa liberdade.

Assim, é mister discutir mais sobre nossas Forças Armadas, para que, ao conhecê-las, saibamos valorizá-las e respeitá-las.

O sr. tem uma doença degenerativa, sobre a qual já se manifestou com transparência publicamente. Como está sua saúde hoje? De que modo a doença tem limitado sua atuação? Até quando o senhor tem forças para ficar no posto?

Conforme comentei em outras ocasiões, fui acometido por uma doença degenerativa que atingiu alguns grupos musculares, restringindo minha capacidade de locomoção.

Sinto falta de viajar, de percorrer as nossas unidades, de estar junto com a tropa. Busco vencer os desafios dia a dia e sigo no tratamento. Tenho um objetivo maior de servir à pátria e continuo a persegui-lo.

O general Sérgio Etchegoyen, de quem o sr. é conterrâneo e amigo, ganhou força no governo, e há quem comente que poderia substitui-lo. Existem articulações nesse sentido? Como vê a possibilidade? Como é a relação entre vocês?

A substituição dos comandantes de força é atribuição exclusiva do presidente da República. Quanto ao general Etchegoyen, ele é meu amigo pessoal, há mais de 50 anos, como você mesmo destacou. Trabalhamos juntos em várias oportunidades e, além da amizade, fortalecida a cada dia, mantemos agradável convivência familiar.

Estudo: petistas e Bolsonaro polarizam nas redes



Folha de S. Paulo



A atuação política de deputados e senadores em redes sociais indica uma polarização entre parlamentares de esquerda e os deputados Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSC-SP).

Cinco petistas e os Bolsonaros (pai e filho) estão entre os dez mais atuantes em termos de alcance, presença e influência, segundo estudo do Instituto FSB Pesquisa, que será divulgado na semana que vem. O instituto pertence à FSB Comunicação, agência que tem contratos com órgãos públicos, entre eles o governo federal.

O levantamento mediu informações de 85.203 publicações em contas oficiais de 559 parlamentares no Facebook e no Twitter entre 2 de fevereiro e 17 de julho deste ano.

Com base nesses dados, foi criado um índice de influência dos políticos nessas redes –com mais peso para o Facebook, por ter maior número de usuários no país. Os critérios levados em conta foram postagens, número de seguidores, alcance das publicações, curtidas, comentários e compartilhamentos.

Em primeiro lugar no ranking ficou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), com o índice de 51,3, seguido de Jair Bolsonaro (50,5).

Três petistas aparecem nas próximas posições: a senadora Gleisi Hoffmann (PR), o deputado Paulo Pimenta (RS) e o senador Humberto Costa (PE). Completam a relação dos dez primeiros, pela ordem, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), e os deputados Eduardo Bolsonaro, Jandira Feghali (PC do B-RJ), Marco Maia (PT-RS) e Ivan Valente (PSOL-SP).

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aparece apenas na 71ª posição geral. O estudo aponta pouca atuação por parte do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o 451º parlamentar mais influente nas redes.

Entre os 20 primeiros estão, de acordo com o ranking, o deputado Irmão Lázaro (PSC-BA), os senadores Magno Malta (PR-ES), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Ana Amélia (PP-RS), os deputados Alessandro Molon (Rede-RJ), Jean Wyllys (PSol-RJ), Delegado Francischini (SD-PR), os senadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Romário (Podemos-RJ), além do deputado Major Olímpio (SD-SP). O senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o 21º.
A pesquisa também fez um ranking por partidos.

Os cinco primeiros são PT, PSC, Podemos, PSol e PC do B. O PMDB, do presidente Michel Temer, aparece em 10º, e o PSDB, na 15ª posição.

Doações de chineses a Doria alcançam R$ 8,5 mi



Prefeito pediu - e conseguiu - câmeras, carros elétricos e drones, entre outros

O Estado de S. Paulo - Bruno Ribeiro



É difícil fugir do clichê "negócio da China". Em vista a quatro das maiores empresas da China, com sua estratégia de pedidos, o prefeito João Doria (PSDB) recebeu ao menos R$ 8,5 milhões em presentes para a capital paulista durante a semana em que esteve no país. Com a viagem - e as doações -, Doria conseguirá por em pé seu programa City Câmeras, de monitoramento eletrônico, ainda este ano, bem antes do fim do prazo proposto, que era até 2020.

Só de câmeras, os chineses doaram 4 mil equipamentos - mil de cada fabricante visitado pelo prefeito. Ele esteve nas maiores do ramo: Hikvision, Dahua, ZTE e Huawey. Até três semanas atrás, a prefeitura possuía 350 equipamentos do tipo. Feitas as instalações, todas elas terão as imagens transmitidas online e exibidas em um site específico do programa City Câmeras.

"Precisamos colocar a cidade em outro patamar de segurança, e câmeras ajudam muito", disse Doria, em sua última coletiva na China. Ele disse não temer que seus pedidos fossem mal interpretados pelos empresários, "até porque tem muita clareza" de estar pedindo para ajudar a cidade.

Os chineses receberam Doria com a maior hospitalidade possível. De show room em show room, o prefeito falou sobre sua proposta de tocar uma Parceria Público-Privada (PPP) para o setor de segurança e destacou o papel que São Paulo tem de disseminar tecnologias no Brasil. A sigla mágica era "PPP", que os chineses falavam em português e sorriam ao ouvir, mostrando vontade de fazer negócios - esses não gratuitos - com a Prefeitura em um futuro próximo.

Mais do que pedir as doações, a viagem do prefeito será marcada por inaugurar a era "big brother" na cidade. Os chineses têm câmeras que fazem reconhecimento facial e conseguem saber onde passou uma pessoa específica na cidade, são capazes de reconhecer até gente de máscara e distinguir carros, motos e caminhões automaticamente.

"As áreas centrais da cidades são as prioritárias, sobretudo de comércio popular. José Paulino, 25 de março, região do Brás, e o centro da cidade", disse o prefeito.

Segundo sua proposta original, a cidade deveria contar em 2020 com 10 mil câmeras. A PPP, que foi anunciada apenas em solo chinês, durante a visita à empresa Hikvison, seria para ir muito além da meta. A cidade de Xangai, por exemplo, tem 2 milhões de câmeras.

Outros bens. As câmeras foram um aspecto importante, mas não dominaram a agenda do prefeito na China. Em Pequim e em Xangai, o prefeito circulou por bancos, fundos de investimentos e agências de desenvolvimento. Essas instituições não fizeram nenhum tipo de donativo ao prefeito. Mas todas disseram que se interessariam em abrir linha de crédito para todas as propostas de seu Plano Municipal de Desestatização, que inclui a concessão do Pacaembu, a venda do Anhembi e do Autódromo de Interlagos e a concessão do sistema de bilhetagens do bilhete único.

Esse último recebeu atenção especial nas visitas. Nas cidades em que o prefeito esteve, mesmo pequenas lojas de comércio popular já usam meios eletrônicos para transações simples. Máquinas reconhecem sinais de QR Code (uma espécie de código de barras) para validar transações financeiras, praticamente acabando com o dinheiro. É essa tecnologia que entrará nos ônibus - o que gera uma grande abertura de mercado para essas empresas em São Paulo e, assim, no Brasil.

Mas houve mais doações concretas. Ainda na área da segurança pública, ele recebeu dois drones que também serão usados no monitoramento diário das ruas, em especial da Cracolândia. São drones muito mais robustos, desenvolvidos para ações militares de estratégia, que voarão sobre o centro velho diariamente. Ele recebeu ainda 200 rádios comunicadores, que devem ser usados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e abriu uma frente de energia: quatro carros elétricos para o Parque do Ibirapuera e um sistema de painéis solares para abastecer de energia os hospitais de Brasilândia e Parelheiros, nas zonas norte e sul da cidade, respectivamente.

Cuidado. Em sua última reunião com empresários, na empresa Huawei (fabricante de celulares e de equipamentos que vão de monitores médicos até a sistemas de controle de trens), Doria teve de ouvir de um dos representantes que ele deveria "ter cuidado com coisas de graça", uma vez que poderia estar recebendo doações de produtos que não seriam bons.

"Você já recebeu 3 mil câmeras, e isso é uma boa notícia, mas você pode ter criado problemas", disse o chefe global de expertise em segurança pública da Huawei, Hong-Eng Koh. "Tenha cuidado com coisas de graça", afirmou - sua empresa doou mil câmeras e, mais importante, um sistema de controle integrado para equipamentos de diferentes marcas.

Havia sido a primeira reunião aberta à imprensa, em que seria possível ver de perto a hora em que os pedidos eram feitos. Doria queria ainda um sistema de telemedicina, que permite ao médico consultar o paciente a distância, mas parou de pedir diante dos dois "sim" iniciais - que não foram atendidos de pronto, o que fez Doria pedir para que fossem reconsideradas as propostas.

A resposta ao aviso do chinês veio em uma fala do secretário de relações exteriores, Julio Serson: na situação financeira da cidade, nem Doria nem sua equipe estavam em posição de rejeitar ajuda, mesmo que não fosse da tecnologia mais moderna existente. "A gente precisa começar de algum lugar", disse Doria.

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