Política : SEM LIMITES
Enviado por alexandre em 20/05/2017 18:19:07


Aécio queria barrar Lava Jato com apoio de Moraes

Plano de Aécio Neves era direcionar as distribuições dos inquéritos da Lava Jato com a ajuda de Alexandre de Moraes

iG São Paulo

Plano do tucano consistia em direcionar as distribuições dos inquéritos para delegados pré-selecionados com a ajuda do mais novo ministro do Supremo

O senador afastado Aécio Neves (PSDB) afirmou em conversa com o empresário Joesley Bastista que havia uma estratégia para impedir o avanço das investigações da Lava Jato contra a classe política. A declaração foi gravada pelo dono da JBS e consta no inquérito que investiga Aécio, Temer e o deputado afastado Rocha Loures no Supremo Tribunal Federal (STF), divulgado nesta sexta-feira (19).

O plano de Aécio Neves consistia em direcionar as distribuições dos inquéritos para delegados pré-selecionados. "O que vai acontecer agora, vai vir inquérito sobre uma porrada de gente, caralho, eles aqui são tão bunda mole que eles não notaram o cara que vai distribuir os inquéritos para os delegados", diz o senador, referindo-se a Alexandre de Moraes, ex-integrante do PSDB e indicado por Temer para o STF.

"Você tem lá, sei lá, dois mil delegados da Polícia Federal, aí tem que escolher dez caras. O do Moreira, o que interessa ele, sei lá, vai pro João. O do Aécio vai pro Zé. O outro filho da puta vai pro, foda-se, vai para o Marculino, nem isso conseguiram terminar. Eu, o Alexandre e o Michel", conclui o até então presidente nacional do PSDB, mencionando nominalmente o ministro do STF Alexandre de Moraes e o presidente Michel Temer.

Em nota, a assessoria de Aécio negou que o tucano tenha praticado "qualquer ato que possa ter colocado qualquer empecilho aos avanços da Operação Lava Jato". A equipe do senador explica que ele apenas "emitiu uma opinião em face da demora da conclusão de alguns inquéritos".

"O senador Aécio Neves jamais agiu ou conversou com quem quer que seja no sentido de criar qualquer tipo de empecilho à Operação Lava Jato ou à Polícia Federal, que sempre teve seu trabalho e autonomia apoiados pelo senador em suas agendas legislativas, e também como dirigente partidário", diz o texto enviado pelo tucano.

Em outro trecho da conversa com o dono da JBS, Aécio relata que o presidente Michel Temer pediu para que ele retirasse a ação movida pelo PSDB contra a chapa Dilma-Temer na Justiça Eleitoral.

De acordo com o documento entregue ao STF pela Procuradoria-Geral da República, Aécio e Joesley se encontraram em março no Hotel Unique, em São Paulo. Na conversa, os dois discutem a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal naquele mês. Quando o julgamento da ação contra a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entra na pauta, Aécio relata o pedido que Temer teria feito.

"A Dilma caiu, a ação continuou e ele [Temer] quer que eu retire a ação. Cara, só que se eu retirar... E não estou nem aí, eu não vou perder nada, o Janot assume. O Ministério Público assume essa merda", diz Aécio Neves. A defesa de Temer ainda não se pronunciou até o momento a respeito das novas acusações divulgada

Senado quer ignorar Fachim e manter Aécio no cargo



Senador Aécio Neves (PSDB) fala ao telefone durante sessão no Senado, em Brasília, na noite desta quarta

Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo

O Senado pode desobedecer a decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou por meio de liminar que o mandato do senador Aecio Neves seja suspenso.

A estratégia, já discutida por alguns senadores, prevê que a defesa de Aécio recorra à Mesa do Senado questionando a validade da medida. A Mesa então responderia que não há previsão constitucional para a suspensão, mantendo Aécio no cargo.

"Em nenhum lugar do mundo um parlamentar seria afastado nessas condiçoes, muito menos por meio de liminar", diz um dos senadores mais influentes da Casa.

Em dezembro de 2016, o Senado adotou procedimento semelhante ao que o tucano pretende agora.

À época, a Mesa Diretora decidiu desafiar liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello e recusou-se a afastar da presidência da Casa o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O Senado encaminhou ao STF uma decisão da Mesa em que informa que aguardará o posicionamento do plenário do tribunal para então aceitar o afastamento de Renan.

O STF decidiu afastar Aécio do cargo depois de ele aparecer em gravação feita no âmbito de delação premiada da Operação Lava Jato pedindo R$ 2 milhões a donos do frigorífico JBS.

A derrocada de Aécio



Folha de S.Paulo - EDITORIAL

Se o futuro de Michel Temer (PMDB) na Presidência tornou-se motivo de incerteza, a delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS, produziu impacto mais imediato e devastador sobre Aécio Neves (PSDB-MG), afastado do cargo de senador por determinação do Supremo Tribunal Federal.

Até a noite de quinta-feira (18), quando a gravação da conversa entre Batista e Temer magnetizava as atenções nacionais, as notícias sobre o tucano davam conta de um pedido que fizera ao empresário: queria R$ 2 milhões.

Seriam quatro parcelas de R$ 500 mil, a serem entregues a um primo, Frederico Pacheco de Medeiros —já preso, assim como Andrea Neves, irmã de Aécio.

Imagens atestando as idas e vindas de Medeiros, depois de encontros com um representante da JBS, deram consistência à delação.

Quanto à defesa de Aécio, argumentou-se inicialmente que tratava-se de uma transação privada, não havendo como caracterizar corrupção propriamente dita —não estavam explícitos os favores que o pagador receberia.

A versão parecia frágil, mas ao menos apontava para uma linha de argumentação jurídica.

No dia seguinte, entretanto, novos detalhes revelados sobre os depoimentos tornaram ainda mais difícil a tarefa da defesa.

Aécio teria recebido R$ 60 milhões, em 2014, em troca de favores à JBS, como a liberação de créditos retidos no fisco.

Mais R$ 40 milhões lhe teriam sido prometidos caso propiciasse a nomeação de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras na administração petista, para a presidência da Vale –uma empresa privada.

As acusações ganham um suplemento constrangedor com a divulgação de trechos de conversas entre Aécio e Batista, tendo como assunto o futuro da Lava Jato.

Em meio à coleção de impropérios proferidos pelo senador, deduz-se seu empenho na aprovação da lei que define o abuso da autoridade (iniciativa, em si, meritória) e da anistia ao caixa dois.

Conspurca-se, desse modo, a imagem de um político que, há menos de três anos, obtinha 51 milhões de votos no segundo turno das eleições presidenciais, e mantinha incólume, na condição de aliado central de Temer, um discurso a favor da moralidade pública.

A derrocada política de Aécio esvazia ainda mais o quadro de lideranças nacionais. No tucanato que espera disputar o eleitorado antipetista, restam o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também às voltas com a Lava Jato, e o prefeito da capital, João Doria, aposta precipitada explicável pela escassez de opções.

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