Regionais : Vinte nomes concentram 67% da verba rastreada
Enviado por alexandre em 16/04/2017 18:42:51

Vinte nomes concentram 67% da verba rastreada



O Estado de S.Paulo - Daniel Bramatti e Marcelo Godoy

Lobista é quem mais recebeu individualmente recursos; primeiro político da lista é Cabral, com R$ 97,9 milhões

É de um intermediário de um contrato do governo federal – a compra de submarinos franceses pela Marinha – o título de maior recebedor individual de recursos supostamente ilícitos pagos pela Odebrecht até agora rastreados. Trata-se do lobista José Amaro Ramos, com ¤ 40 milhões (R$ 133,3 milhões). Só no quinto posto da lista das pessoas físicas aparece o primeiro político: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, com R$ 97,9 milhões.

Levantamento do Estado mostra o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT) envolvido em repasses que chegaram a R$ 93 milhões – isso sem contar os R$ 150 milhões entregues para as campanhas de Dilma Rousseff em 2010 e 2014.

A lista dos dez maiores recebedores de recursos tem ainda: o senador Aécio Neves (PSDB-MG), com R$ 65,5 milhões supostamente obtidos em campanhas eleitorais, fraudes em contratos de estatais e licitações; um ministro angolano não identificado (R$ 63 milhões); o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB), que teria embolsado R$ 47,7 milhões em campanhas eleitorais, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), com R$ 41,2 milhões relacionados à fundação de seu partido e a contratos no Ministério das Cidades e na Prefeitura de São Paulo.

Os 20 primeiros nomes da lista concentram 67% dos recebimentos. Há nela ainda o senador José Serra (PSDB-SP), o ex-ministro Antonio Palocci (PT), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), os governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o deputado federal Julio Lopes (PP-RJ). Procurados pelo Estado, todos negaram o recebimento de recursos ilegais.

Partidos. O PT foi a sigla para qual os delatores da Odebrecht disseram que mais entregaram recursos: R$ 408,7 milhões. Sozinho, o partido concentrou 24,3% do total rastreado pelo Estado entregue pela empreiteira como propina ou caixa 2 em campanhas eleitorais.

Seu ex-sócio no governo federal, o PMDB, é o partido que aparece em segundo lugar, com R$ 287 milhões em pagamentos (17,1%). Somando as quantias dos peemedebistas com as do PT e do PP (R$ 93,1 milhões, ou 5,5%) – os três partidos que inicialmente eram alvo da Lava Jato – chega-se ao total de 50,4% dos pagamentos.

O PSDB é o terceiro partido que mais recebeu dinheiro da Odebrecht, de acordo com o levantamento do Estado. Seus integrantes ficaram com R$ 151,9 milhões – 9% do total rastreado. Aa maior parte do valor foi paga a seus membros de São Paulo e de Minas Gerais.

O ataque, as defesas



Carlos Brickmann

Todos os meios de comunicação estão abarrotados de informações sobre a delação premiada dos 77 diretores da Odebrecht. Nada mais natural: cada depoimento, cheio de detalhes comprobatórios, é suficiente para lotar um jornal por vários dias.

Mas a defesa não tem merecido tanto espaço (até porque sempre se repetem as frases "o depoente faltou com a verdade", "aguardo com serenidade a decisão da Justiça", "nego veementemente que tenha havido qualquer conversa com esses senhores que não fosse voltada ao interesse público". "se me fizessem alguma proposta eu encerraria a reunião na hora e lhes mostraria o caminho da saída" e outras do mesmo tipo). Mas há frases que fogem ao repetitivo:

Michel Temer, acusado de chefiar reunião em que se acertou propina de R$ 40 milhões: "Jamais colocaria a minha biografia em risco".

Fernando Haddad, acusado de receber, a pedido de Lula, R$ 2 milhões no caixa 2: "Nada disso chegou aos meus ouvidos".

Lula, com vários inquéritos correndo e um processo a ponto de ser julgado: "Estou muito tranquilo e continuo desafiando qualquer empresário brasileiro, qualquer empresário, a dizer que o Lula pediu R$ 10 pra ele".

A fome dos crocodilos

Postado por Magno Martins às 15:40

A cada mordida de 98 políticos e aliados, milhões de reais passaram de mão em mão

ÉPOCA - Ruth de Aquino

A conversa animal se deu entre dois gigantes, na era pré-­Dilma. O presidente da maior empreiteira, Emílio Odebrecht, disse ao pai dos pobres, Lula, o presidente mais popular do Brasil: “Seu pessoal está com a goela muito aberta. Eles estão passando de jacaré a crocodilo”.

Os crocodilos são maiores, mais pesados e de focinho mais longo que os jacarés, e seu quarto dente do maxilar inferior aparece mesmo com a boca fechada. Diz-se que crocodilos não existem no Brasil. Parece que sim. Saíram do Planalto Central. Rastejam.

Seria menos penoso para nosso país carcomido se os crocodilos fossem apenas vermelhos ou azuis, se pertencessem a só uma espécie. Seria mais fácil erradicá-los. Mas as delações de 77 executivos da Odebrecht – incluindo a mais explosiva, do ex-presidente da empresa, Marcelo, preso há quase dois anos pela Operação Lava Jato – expõem a crocodilagem do sistema político brasileiro.

A cada mordida de 98 políticos e aliados, milhões de reais ou dólares passaram de mão em mão, de conta em conta, de gaveta a mochila.

Os crocodilos são insaciáveis.

Nem percamos tempo com a declaração bombástica do empresário de que “não existe eleito no Brasil sem caixa dois”. Dois terços dos casos investigados se referem a corrupção mesmo, não a caixa dois. Atingem oito ministros, 24 senadores e 39 deputados, além de governadores e ex-presidentes. Os casos mais chocantes envolvem venda de medidas provisórias e propinas em obras para favorecer a empreiteira.

Michel Temer não pode ser investigado por ser presidente da República e ter imunidade. Mas foi acusado pelo executivo Márcio Faria de presidir em seu escritório de vice-presidente uma reunião em julho de 2010. Segundo Faria, Temer delegou a Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves a missão de pedir da Odebrecht 5% de um contrato internacional de US$ 800 milhões da Petrobras. Temer se ausentou entre a sobremesa e o cafezinho. Foram US$ 40 milhões de propina.

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