Regionais : Lobby impede abertura de CPI da Taurus na Câmara
Enviado por alexandre em 07/01/2017 13:58:33

Lobby impede abertura de CPI da Taurus na Câmara


Armas da Taurus apresentam problemas que podem levar à morte; monopólio impede a importação

Legislação garante monopólio da empresa em compras feitas por forças de segurança pública; armas apresentam problemas que já causaram mortes

Do Ig São Paulo

O que vale mais? A legislação ultrapassada que assegura a soberania de uma fabricante nacional de armas ou a integridade dos agentes públicos que garantem a segurança do nosso País? Certamente o cidadão de bem responderá que é mais importante fornecer equipamentos de boa qualidade para que as polícias e as Forças Armadas brasileiras desempenhem suas atividades da melhor maneira possível. Entretanto um lobby inescrupuloso praticado por pessoas de índole duvidosa faz com que prevaleça o monopólio da obsoleta indústria armamentista no Brasil.

Conforme a legislação vigente, as polícias e as Forças Armadas brasileiras devem utilizar somente armamentos fabricados no Brasil. Ou seja, a única empresa privada que pode fornecer armas em território nacional é a Taurus, cujos equipamentos produzidos são conhecidos por falhas que já causaram a morte acidental de diversas pessoas. A situação é grave e requer medidas extremas, mas um poderoso lobby em Brasília faz a omissão falar mais alto.

Em setembro do ano passado, o deputado Major Olímpio (SD-SP) apresentou à Mesa Diretora da Câmara um pedido para que fosse aberta uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) com objetivo de “investigar denúncias de irregularidades na fabricação e no comércio de armas de fogo destinadas aos profissionais de segurança pública no Brasil, que foram vitimados ou causaram lesões em terceiros devido a falhas graves nesses armamentos” fabricados pela Taurus.

Eliana estranha Odebrecht nunca ter perdido uma ação


A ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon comenta a repercussão de suas declarações ao jornalista Ricardo Boechat, da revista IstoÉ, de que "delação da Odebrecht sem pegar Judiciário não é delação".

Calmon afirma que não quis insinuar que exista especificamente algum juiz corrupto em qualquer esfera do Poder Judiciário brasileiro, mas reiterou que acha "muito estranho" a construtora "quase nunca perder uma ação na Justiça" e "nunca ter sido suspeita em nenhuma das licitações" das várias que já venceu no Brasil. (BR 247)

"Nessa república louca que é o Brasil, temos aí o Executivo e o Legislativo altamente envolvidos nas questões da Odebrecht, de acordo com as delações no âmbito da Operação Lava Jato. Tem-se aí pelo menos uns 30 anos em que a Odebrecht ganha praticamente todas as ações na Justiça. O Judiciário nunca toma uma posição contrária à empresa? Será que o Judiciário é o mais correto dos poderes? Em todas essas inúmeras licitações que a Odebrecht já ganhou no Brasil nunca a Justiça encontrou nada suspeito sem que precisasse alguém denunciar", questiona a ministra em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia.

Eliana Calmon disse que não tem uma estimativa de quando nem como se dará o desfecho da Operação Lava Jato, cuja investigação começou sobre um esquema de corrupção que assolou a Petrobras por meio de pagamento de propina de empreiteiras a políticos. "O fim da Lava Jato é uma incógnita. Eu acho que ninguém esperava toda essa dimensão que a investigação ganhou. Acredito que a Odebrecht tenha ficado por último porque seria de fato o maior impacto com as delações de seus executivos".

O ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht e os demais executivos que já depuseram na Lava Jato já delataram Michel Temer, o ex-presidente Lula, nove ministros e ex-ministros de Estado, 12 senadores e ex-senadores, quatro governadores e ex-governadores, 24 deputados federais, três servidores, dois vereadores e um empresário. E como destaca Eliana Calmon, não há nenhuma denúncia contra nenhum membro do Poder Judiciário. De nenhuma esfera. "É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer", completa baiana.

A culpa não é do mordomo, Temer


Vivemos a terceirização da culpa. Procura-se bode expiatório para o massacre de Manaus

EPOCA - Ruth de Aquino

A maior epidemia no Brasil não é a da chikungunya. A carnificina de 56 detentos, mutilados e decapitados no presídio de Manaus, filmada sem vergonha ou medo, desnuda uma endemia histórica e nacional: a mediocridade de nossos quadros públicos, a omissão federal, estadual e municipal na segurança, o jogo de empurra venal que faz vítimas dentro e fora das cadeias e as parcerias suspeitas entre a política e o narcotráfico, que envolvem dinheiro, poder e empresas.

Vivemos a terceirização da culpa. É uma endemia, não uma epidemia, por ser crônica. Mata a credibilidade de instituições e autoridades. Visa diluir a responsabilidade e confundir a opinião pública. Não chegaremos a lugar nenhum se não houver mea-culpa no cartório. Vemos o desespero para encontrar um bode expiatório, seja na matança de Manaus, no descalabro do Maracanã ou no crime ambiental de Mariana. Planos e programas redigidos às pressas, com medidas paliativas e espetaculosas, não exterminarão o vírus. É preciso enfrentar algumas verdades duras.

Não temos um ministro da Justiça à altura dos desafios da segurança pública. Por quanto tempo ainda ouviremos as bobagens de Alexandre de Moraes, o mesmo que defende “a erradicação da maconha”? No dia 18 de outubro, Moraes chamou de “mera bravata” a briga entre facções de detentos, ao comentar mortes em presídios do Norte. Disse não enxergar coordenação entre facções de vários estados. Moraes não deve enxergar um palmo diante do nariz. Para o ministro, a matança de Manaus foi “uma clara falha” da empresa Umanizzare, contratada pelo governo do Amazonas para administrar o presídio.

A aparição do presidente Michel Temer, depois de silêncio ensurdecedor, também foi desastrosa. Chamar de “acidente pavoroso” o massacre anunciado de Manaus não tem justificativa. Era normal que Dilma Rousseff, conhecida por seus tropeços na língua, cometesse uma gafe após a outra. Mas quem adora uma mesóclise e uma mesura precisa estar ciente de que não se pode chamar de acidente ou fatalidade o que aconteceu no Amazonas.

Todos os alertas já tinham sido emitidos em relatórios da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Havia um plano de extermínio. Havia mensagens. A facção FDN (Família do Norte) planejava torturar e matar os presos da facção rival PCC (Primeiro Comando da Capital). Era investigado um suposto acordo entre o governador do Amazonas, José Melo, e a FDN. Já se sabia da ligação entre a FDN e o Comando Vermelho (CV) do Rio de Janeiro.

Pavorosa mesmo foi a omissão do governo federal e do governo estadual. O descaso com as condições carcerárias medievais não começou com o mandato de Temer – mas um presidente precisa saber o que falar à nação nessas horas dramáticas, para não parecer perdido. A emenda foi pior que o soneto.

Temer, a exemplo de Moraes, colocou a culpa no mordomo, a Umanizzare. Disse que “a responsabilidade direta e imediata” era da empresa. Não cola.

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