Regionais : O preso que mais amedronta o Planalto
Enviado por alexandre em 07/01/2017 13:47:27



Cunha, preso, falará? - Foto Orlando Brito

Itamar Garcez – Blog Os Divergentes

O pavoroso massacre que ceifou a vida de 56 presidiários em Manaus (AM) antecipou-se às esperadas dores de cabeça do presidente Michel Temer em 2017. Afinal, uma nova rebelião sangrenta como a da Penitenciária Anísio Jobim pode amplificar a imagem de descontrole do sistema prisional.

Porém, o preso que mais amedronta o Palácio do Planalto está em Pinhais (PR), a 2.742 km ao sul da capital do Amazonas. Lá está Eduardo Cunha, preso que, sozinho, apavora mais do que os chefes de quadrilha encarcerados nas masmorras brasileiras.

Transferido para a Penitenciária de Pinhais, nos arredores da capital Curitiba, o ex-presidente da Câmara deu sinais de que pode delatar os supostos esquemas de corrupção do PMDB e aliados. Por enquanto, recônditas ameaças.

Antes de ser preso, Cunha foi afastado da presidência da Câmara e depois cassado pelos colegas. A cada revés pululavam boatos de que o poderoso parlamentar aceitaria entregar correligionários em troca de uma condenação mais branda.

Transferido a contragosto para Pinhais, acusado pela Justiça suíça de suspeitas “óbvias” de “corrupção” e acossado pelo célere e inclemente juiz Sergio Moro, o ex-deputado assusta caciques do PMDB. Entre eles, o presidente Michel Temer – pois o que Cunha eventualmente revelar será encarado como verossímil.

Tanto que o advogado Renato Oliveira Ramos, ligado à Casa Civil da Presidência da República, visitou Cunha na carceragem da Polícia Federal em Curitiba pelo menos duas vezes. Uma hipótese é a de que sondava a respeito de uma eventual delação do aliado.

São poucos os acusados que, tendo o que entregar, rechaçam a delação premiada. Ou conseguem se safar sozinhos de uma sentença mais severa, ou resistem em nome de uma causa ou por lealdade aos sócios no crime.

José Dirceu, que já foi um dos mais poderosos líderes do PT, e José Vaccari Neto, ex-tesoureiro da legenda, são dois exemplos. Condenados, silenciaram alegando inocência.

E Cunha? Não tem com o que barganhar uma punição menor, sabe como se livrar do relho de Moro ou vai se manter fiel aos aliados? Isolado numa cela, tempo para elaborar a resposta é o que não falta ao peemedebista.

Autoridades reagem com gestos inócuos aos massacres


Leandro Colon - Folha de S.Paulo

Os recentes massacres em presídios expõem um comportamento padrão das autoridades ao reagirem a esse tipo de crise.

De imediato, sob pressão, convocam reuniões emergenciais para ficar bem na foto. Depois, divulgam medidas recheadas de números e milhões de reais que não fazem nem cócegas no inferno que virou o precário sistema prisional do país.

E assim seguem até que logo mais o assunto seja esquecido e um novo caso ecloda com mortes, rebelião ou outro episódio de confusão em uma penitenciária superlotada.

A presidente do STF, Cármen Lúcia, por exemplo, viajou ao Amazonas e de lá saiu tratando como fato relevante a criação de um grupo de trabalho que vai monitorar a melhoria nos presídios do Estado.

O presidente Michel Temer, por sua vez, montou uma reunião no Planalto para divulgar ações que passam longe do drama de Manaus. No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes (Justiça) anunciou a liberação de verba para novos presídios, que, na prática, resolvem o problema de 0,4% do deficit prisional. No dia seguinte, passou horas detalhando a jornalistas um vago e requentado plano de segurança nacional.

Ao mesmo tempo, Roraima confirmava a morte de 31 presos —assim como em Manaus, com cenas de decapitação e mutilação dos corpos.

Segundo o governo estadual, o Ministério da Justiça negou recente pedido de "urgência" para ajudar a controlar o "clima de tensão" na região gerado pelo caos carcerário.

Aliás, custa entender a estratégia política e de comunicação do governo Temer. Após um silêncio por três dias, o presidente apareceu e soltou a frase de que a matança no Amazonas foi um "acidente pavoroso".

Com gestos vacilantes e frases equivocadas, as autoridades se esquivam de um dos pilares de sustentação da falência prisional: o crescimento de facções criminosas destemidas que controlam cadeias e agem, cada vez mais, fora delas.

Campanha: operador de Serra admite repasse no exterior


Folha de S.Paulo – Flávio Ferreira

O empresário e ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho (PSDB) admite que recebeu recursos da empreiteira Odebrecht no exterior relacionados à campanha de 2010 do então candidato a presidente José Serra (PSDB).

Os repasses seriam ressarcimento a Coelho por ele ter adiantado o pagamento de despesas da campanha tucana.

Segundo o criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Coelho, tais valores foram incluídos na adesão do empresário ao recente programa de regularização de ativos no exterior.

A Folha revelou, em outubro, que Coelho foi apontado pela Odebrecht em negociações de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato como um dos operadores de R$ 23 milhões repassados pela construtora, via caixa dois, à campanha de Serra.

O empresário, integrante da coordenação política do tucano em 2010, foi responsável pelo acerto de uma parte desse valor fora do país, de acordo com a construtora.

A Odebrecht afirmou ainda que o dinheiro foi repassado em uma conta na Suíça.

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