Regionais : Conheça interior de presídio onde ocorreu massacre com 56 mortes
Enviado por alexandre em 06/01/2017 17:37:20


O Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) ganhou as manchetes de todo o mundo com o massacre ocorrido no primeiro dia de 2017. Um total de 56 presos morreu na chacina. A notícia reacendeu o debate sobre a estrutura e a superlotação do lugar, que já havia sido palco de outras rebeliões e fugas. No ano passado, o G1 visitou a unidade prisional após a descoberta de um túnel de 15 metros de profundidade e pôde constatar a situação em que vivem os mais de 1.200 presos. O local é o mesmo onde "celas de luxo" eram usadas para "encontros íntimos".

Eletrodomésticos, frigobar e estoque de alimentos foram encontrados em cela de presídio (Foto: Divulgação/SSP-AM)

Na entrada de cada pavilhão, um scanner faz a revista dos visitantes, que passam por uma série de grades até chegar ao refeitório. Na lateral, é possível ver uma academia deteriorada, com equipamentos antigos ou improvisados.

A equipe do G1 também passou por celas com presos. Paredes de diferentes celas têm escritos com passagens bíblicas, que também aparecem em um cartaz no refeitório.

Uma das celas visitadas não tinha nenhum detento e, segundo constatado pela reportagem, foi usada para a construção de um túnel de 15 metros de profundidade.

Em junho, um túnel de mais de 15 metros foi encontrado dentro do banheiro da cela 8, do pavilhão 5 (Foto: Jamile Alves/G1 AM)

Durante a visita da reportagem no Compaj, presos se reuniram na janela de uma das celas e gritaram aos jornalistas presentes, com pedidos de comida. Era visível a instalação de antenas improvisadas nas celas.

Foto divulgada pela SSP mostra cela com estoque de alimentos (Foto: SSP/Divulgação)

Ao todo, 1.224 presos cumpriam pena em regime fechado no local, que tinha apenas 454 vagas – o que representa um excedente de 170%.


Em uma das ocorrências de 2016, diversos discos de serra foram encontrados com presos. O material seria utilizado para a construção de túneis de fuga. No pátio, foram achadas duas escadas de madeira, feitas com pedaços inteiros de troncos de árvore.

Escada com pedaços inteiros de troncos de árvore foram encontrados no Compaj, em junho; secretário da Seap disse que 'não tinha como justificar' (Foto: Jamile Alves/G1 AM)


Na ocasião, o secretário Pedro Florêncio, titular da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), citou ainda falhas e reconheceu problemas na segurança e fiscalização dos presos.

"Quem trabalha na fiscalização diária é uma empresa terceirizada. Funcionários dessa empresa podem ter sido negligentes. É um absurdo. Eu não tenho como justificar. Funcionários abrem e fecham cela por cela todos os dias e não percebem a quantidade de terra. Não tem como isso", afirmou.

Dizeres bíblicos ilustram paredes de diferentes celas (Foto: Jamile Alves/G1 AM)


Celas de luxo e túneis


Um ano antes da visita do G1, uma revista no Compaj revelou a existência de "celas de luxo", com piso cerâmico, eletrodomésticos, frigobar e estoque de alimento. À época, o então titular da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), Louismar Bonates, afirmou que as "celas de luxo" era utilizadas para encontros íntimos de presos da unidade. Entretanto, não foi explicado por qual motivo havia estoque de comida e churrasqueira no alojamento.

Ao menos nove túneis foram encontrados somente na unidade em 2016, e seriam utilizados para fugas. Cerca de dois meses antes do massacre, um túnel de 2,7 metros de profundidade foi encontrado dentro da cela 5, do pavilhão 1 do Complexo Penitenciário. Também foram encontrados celulares, cinco carregadores, chips telefônicos, uma porção de entorpecente e estoques.



Pavilhão tem academia com máquinas antigas e outras improvisadas (Foto: Jamile Alves/G1 AM)

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