Regionais : O APARTAMENTO MILIONÁRIO QUE CAUSOU A DEMISSÃO DO MINISTRO DA CULTURA
Enviado por alexandre em 24/11/2016 18:39:47


Piscina, SPA, sauna, quadra, sala de jogos e parque infantil são parte da infraestrutura de luxo do La Vue Ladeira da Barra, empreendimento pivô da demissão de Marcelo Calero do Ministério da Cultura.

Após deixar o governo de Michel Temer, Calero contou ter sido pressionado pelo titular da Secretaria de governo, Geddel Vieira Lima, a produzir um parecer técnico da obra para favorecer interesses pessoais.

Geddel tem uma promessa de compra de uma unidade do prédio desde 2015, mas a construção foi embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2016.

Localizado na Avenida Sete de Setembro, na Ladeira da Barra, em Salvador (BA), o prédio destoa da paisagem. Ao lado, estão sítios históricos ou tombados como o Cemitério dos Ingleses, o Forte de São Diogo e a Igreja de Santo Antônio da Barra.

Nos 30 andares do projeto, estão 24 apartamentos, um por andar. Os de quatro suítes têm 259m² e a cobertura mede 450m². Um imóvel da faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, por sua vez, tem 41 m².

Cada unidade tem quatro vagas de garagem e visitantes também têm direito a um estacionamento coberto.

Entenda o caso

De responsabilidade da Cosbat Empreendimento em parceria com a Viva Ambiental e Serviços, a construção obteve parecer contrário do Escritório Técnico de Licenciamento e Fiscalização, composto por técnicos do Iphan, do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac) e da Secretaria Municipal de Urbanismo, em 2014, de acordo com a Folha de São Paulo.

O então presidente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim, por sua vez, extinguiu o órgão posteriormente e a obra teve o aval da prefeitura, comandada por ACM Neto (DEM), com base em um parecer individual do então coordenador-técnico do Iphan, Bruno Tavares.

No início de 2016, contudo veio o veto do Iphan nacional. Na mesma época, o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) acionou a Justiça por meio de uma ação civil pública e pediu a revisão do parecer local que havia autorizado a obra.

“Caso a obra seja feita na forma em que foi concebida, será aberto um precedente muito perigoso que pode descaracterizar aquela região “, Solange Araújo, presidente do IAB na Bahia à Folha.

Demissão

De acordo com Calero, ao assumir o Ministério da Cultura, em maio, Geddel o pediu para que a decisão do Iphan de barra a obra fosse revista porque a defesa da empresa não teria havia sido ouvida.

Após nova manifestação da defesa, o Iphan nacional manteve o entendimento de barrar a obra. Em novembro, o órgão determinou que a construção se limitasse a 13 andares.

Em entrevista à Folha de São Paulo, Calero afirmou que Geddel o pressionou diversas vezes. Em outubro o articulador político de Temer disse ao titular da Cultura: “Então você me fala, Marcelo, se o assunto está equacionado ou não. Não quero ser surpreendido com uma decisão e ter que pedir a cabeça da presidente do Iphan“, segundo relato de Calero. O ex-ministro contou ainda que Geddel disse a ele que comprou o imóvel “com a maior dificuldade“.

Calero alegou ter pedido demissão devido à situação. “Entendi que tinha contrariado de maneira muito contundente um interesse máximo de um dos homens fortes do governo e que ninguém iria me apoiar. Vi que minha presença não teria viabilidade. Jamais compactuaria com aquele compadrio“, disse à Folha.

Geddel admite ter uma promessa de compra de uma unidade do empreendimento e de ter conversado com o ex-ministro sobre o impasse, mas nega conflito de interesses. “É uma situação absolutamente tranquila e serena. Tratei o ministro Calero com transparência, com tranquilidade, com serenidade“, disse ao HuffPost Brasil.

Seu primo e sócio no restaurante Al Mare, Jayme Vieira Lima Filho, tem um escritório de advocacia que defende a Cosbat na Justiça baiana, de acordo com a Folha.



Fonte: Pragmatismopolitico

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