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Enviado por alexandre em 03/11/2016 09:25:13

Cunha parte para o vale-tudo

Ao arrolar o presidente Michel Temer e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como testemunhas de defesa em ação penal na Operação Lava Jato, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se joga no ringue do vale-tudo político. Sem nada a perder nas mãos do implacável juiz federal Sérgio Moro, que detém provas robustas para deixá-lo trinta anos atrás das grades, Cunha manda recado à classe política: abandonado, ele não morrerá sozinho.

A lista de testemunhas incorpora, estrategicamente, 22 pessoas, entre políticos petistas e peemedebistas – dando a impressão de que o ex-presidente da Câmara resolveu embarcar de vez na proposta de delação premiada. Os nomes arrolados constam da resposta de Cunha à denúncia do Ministério Público Federal. Cunha teria pedido e recebido, entre 2010 e 2011, vantagem indevida, relacionada à compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin.

Acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta de divisas e manutenção de contas secretas na Suíça, Cunha leva ao desespero o mundo político. No entanto, a técnica usada é questionada no Congresso. Muitos acreditam que se trata exatamente de chantagem. “Cunha chantageia Temer e o PMDB com tudo o que sabe - sempre foi articulador forte da cúpula que está no poder”, afirma o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). “Mas, sob a sua ótica, não pode deixar de fustigar o PT.”

Na visão do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o expediente costuma ser usado para procrastinar as ações na Justiça. “Não acredito que nenhum dos arrolados possa testemunhar positivamente a favor de figura deletéria como o Eduardo Cunha”, afirma. Jarbas, no entanto, garante: “No fundo, os dois (Temer e Lula) conhecem de sobra as artimanhas de Cunha.” Cunha sabe que não escapará de condenação na Lava Jato, mas usa o vale-tudo para salvar sua família, também enrolada na operação, e para tentar uma diminuição da pena. Difícil que obtenha sucesso.

Voando alto... e caro - Somando os três senadores de Pernambuco, os gastos com “passagens aéreas, aquáticas e terrestres nacionais” foram de R$ 218.181,32 de janeiro a outubro. Tudo ressarcido por meio da chamada Cotas para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP). O senador Humberto Costa (PT) é o campeão em pedido de ressarcimento: R$ 90,25 mil. O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) recebeu R$ 82,23 mil. Ex-ministro da ex-presidente Dilma Rousseff, Armando Monteiro (PTB) gastou R$ 45,69 mil.

Reforma de araque - Há duas décadas o Congresso Nacional discute a reforma política. Três propostas, ao menos, foram rejeitadas, recorda o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UNB). Independente da qualidade, elas foram sistematicamente rejeitadas. Não seria diferente com o projeto atual, em discussão na Câmara. Hoje, os partidos estão interessados é um único tema: a retomada do financiamento privado de campanha. Os políticos sentiram na pele a dificuldade, nas eleições deste ano, oriunda da falta de recursos das empresas.

Censura - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) detectou que, pelo menos, 126 prefeitos eleitos tentaram, durante a campanha das eleições municipais deste ano, retirar informações da internet ou suprimir rádios e TVs via processos judiciais. Os dados fazem parte do mais recente levantamento da plataforma Ctrl+X, que monitora ações judiciais contra a divulgação de informações. Ao todo, os prefeitos eleitos foram responsáveis por 185 dos 570 processos catalogados durante as campanhas pela plataforma.

Dois bicudos - O PSDB entra em rota de colisão com suas lideranças em guerra fraticida. Dono de 51,04 milhões de votos na corrida para presidente da República, em 2014, o senador Aécio Neves (MG) perde terreno. A derrota de João Leite (PSDB) à Prefeitura de Belo Horizonte o desmoralizou. Um deputado mineiro diz que Aécio “precisa se reinventar”. Já o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tenta emplacar um aliado na presidência do PSDB, em 2017. Antes, ambos se enfrentam nas disputas para os comandos da Câmara e das lideranças do partido. Aecistas ensaiam embarcar na canoa de Alckmin.

Malas prontas - Candidato a prefeito de Campina Grande, na Paraíba, o deputado federal licenciado Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) arruma as malas para deixar o partido. O motivo seria dívida de campanha. Nos bastidores, ele reclama que o partido não lhe destinou recursos para custear o processo eleitoral. Segundo aliados, havia dinheiro em caixa, mas o presidente estadual do PMDB, o senador José Maranhão, não liberou a verba. Veneziano perdeu para Romero Rodrigues (PSDB), que ficou com 62,85% dos votos válidos – 138.996.

Pernambucano no CNJ – Servidor de carreira da Câmara dos Deputados, com trânsito fácil em todos os segmentos partidários da Casa, o advogado pernambucano Alex Machado Campos tem amplas chances de ser escolhido, em votação, representante da Casa no Conselho Nacional de Justiça. Seu currículo é invejável: 13 anos de parlamento, larga experiência em processos legislativos, assessor jurídico da Corregedoria Parlamentar, chefe de gabinete da 2ª Secretaria, assessor técnico e jurídico de lideranças partidárias e comissões, além de professor de Direito Administrativo com atuação nos tribunais superiores. A tendência da bancada pernambucana na Câmara é votar fechado em seu nome.







CURTAS

PEC dos Gastos - Ficou para 8 de novembro o jantar que será oferecido pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele explicará à bancada peemedebista a importância da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 55/16) que cria um teto dos gastos públicos.

Casa de ferreiro - A precária segurança pública do Rio Grande do Norte fez uma vítima inusitada. O prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT), teve o carro roubado na porta da Câmara Municipal. A área foi considerada prioridade do governador Robinson Farias, que anda com a popularidade em baixa.

Perguntar não ofende - O que o presidente Michel Temer e o ex-presidente Lula sabem para ajudar a defesa do ex-deputado Eduardo Cunha?

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