Um furacão se abaterá sobre toda a classe política
Kennedy Alencar
Uma marca das eleições municipais foi o sucesso dos candidatos que apostaram no discurso contra os políticos tradicionais. Essa demonização da política estimulou um número maior de abstenções e de votos nulos.
O PT foi o grande derrotado. Houve um efeito Lava Jato que prejudicou mais os petistas. A crise econômica, gerada pelo governo Dilma, também contribuiu para o eleitor punir os candidatos do PT. De modo geral, a esquerda perdeu espaço para a direita.
O PMDB e o PSDB, que são os principais partidos de sustentação do governo Temer, saem vitoriosos. Isso sinaliza força para as eleições de 2018, porque os prefeitos são cabos eleitorais valiosos. Mas a política no Brasil pode mudar muito em dois anos. E agora peemedebistas e tucanos deverão ser mais atingidos pelas revelações da Lava Jato.
Há um furacão que se abaterá sobre toda a classe política com as delações da Odebrecht. E o governo Temer ainda tem o enorme desafio de resolver a crise econômica. Portanto, há um quadro de incertezas políticas e econômicas em relação a 2018.
Ter bom desempenho nas eleições municipais de 2016 ajuda, sem dúvida, mas não é garantia de vitória do atual campo governista daqui a dois anos. Não deve ser menosprezado o risco de aventuras eleitorais e de êxito de nomes que não estão hoje na política tradicional.
O desencanto do eleitor Postado por Magno Martins
Blog do Camarotti
O término do segundo turno das eleições municipais de 2016 explicitou um fenômeno estudado pela ciência pólítica: o desencantamento do eleitor.
A eleição demonstrou, na prática, uma rejeição dos eleitores com escândalos de corrupção na política, como mostrado, por exemplo, pela Operação Lava Jato e desdobramentos do escândalo do petrolão.
Além disso, a pregação do voto nulo em várias cidades acabou acentuando esse fenômeno do chamado "não voto", que é a soma das abstenções, dos votos nulos e em branco. O número chegou a quase um terço do eleitorado nacional neste domingo.
Em várias cidades, eleitores não se sentiram representados pelos candidatos no segundo turno, o que acabou aumentando o "não voto".
Na prática, o Brasil já começa a experimentar, de forma indireta, o voto facultativo. O número expressivo de abstenções que vem crescendo a cada eleição, mostra que o eleitor brasileiro tem colocado o direito de voto e o dever do voto como opção, não como obrigatoriedade.
Esse número elevado de abstenções é um desafio à classe política, que terá de descobrir formas para resgatar o encantamento do eleitor. Não é, porém, o que vem acontecendo.
Em Brasília, tanto no Congresso Nacional como no governo, políticos tentam aprovar, de forma desesperada, a anistia para o caixa dois de eleições passadas. Um reflexo do clima de apreensão em relação a delação da Odebrecht, que está em fase final de acordo.
Esse movimento da classe política de tentar criminalizar o caixa dois só daqui para frente deve agravar a resistência do eleitor com os políticos.
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