Regionais : Editorial – O faixa preta e o mau exemplo
Enviado por alexandre em 12/07/2016 17:03:02


Porto Velho, RO – Quem acompanha regularmente os noticiários em Rondônia e se deparou com a ebulição de matérias relatando a agressão perpetrada por um professor de jiu-jitsu contra um servidor no Tribunal de Justiça do Estado provavelmente teve um ‘déjà vu’.

“Eu já vi isso em algum lugar...”, deve ter pensado. E viu mesmo. Foi aqui, cara pálida!

Em setembro de 2012 ocorreu algo semelhante: os motivos, o alvo e até mesmo o agressor eram diferentes. Mas diversas características comportamentais semelhantes apontam para uma infeliz constatação: poder, força, técnica, extremos emocionais e problemas psicológicos podem desembocar numa combinação fatal quando não há qualquer controle interno e externo.

Falta controle interno quando um sujeito fortíssimo fisicamente, mas emocionalmente instável, por mais disciplina que tenha recebido, acaba machucando alguém quando contrariado; e externo, porque as autoridades não têm poder de coibir esse comportamento que se revela reiterado.

No caso ocorrido há quase quatro anos, com o agressor ainda impune, um jornalista utilizando-se de seu ofício – o dever de informar – criticara o homem público, que à época fazia parte do Governo do Estado. O profissional de imprensa descobriu da pior maneira que o outro lado do mesmo homem, o privado, era mestre em artes marciais, também faixa preta em jiu-jitsu como no caso presenciado esta semana. O redator, cuja força para digladiar advém exclusivamente da retórica, foi à lona, nocauteado por socos, pontapés, joelhadas e por aí vai. Não teve sequer a oportunidade de tentar frear o ímpeto sanguinário de seu molestador: o ódio não quer saber de diplomacia.

Já o episódio do servidor público (síndico), que recebeu uma saraivada de murros por ter questionado possíveis irregularidades cometidas pelo agressor (subsíndico) na gestão do condomínio quando de sua ausência, denota situação ainda pior. A maestria do lutador, que deveria ser repassada a seus alunos e admiradores em forma de disciplina e autocontrole, somou-se à ira momentânea e explosiva, dando vazão ao destempero em forma de agressão física como se bater em alguém pudesse provar inocência ou mesmo comprovar a razão. E é muito pelo contrário. Os praticantes de artes marciais dão duro. E não só no tatame. Dão duro fora dele principalmente tentando ensinar às pessoas que o combate pode ser instrutivo, norteador, fonte regular de disciplina e respeito.

Os professores pedem isso a seus pupilos. Os que possuem a faixa preta e suas subsequentes graduações fazem questão de proliferar a ideia de que machucar qualquer ser vivo é errado, inclusive adversários.

Por isso é temeroso quando, num mesmo contexto geográfico, dois mestres que deveriam servir como pilares de sustentação edificando ainda mais a luta e seu regramento ajam no sentido extremo ao oposto.

Com isso, fortalecem preconceitos e, principalmente, sujam o nome e o trabalho de pessoas que, ao contrário deles, tinham a devida consciência daquilo que representavam em sociedade.

RONDONIADINAMICA

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia