Mais Notícias : O réu comentarista
Enviado por alexandre em 22/06/2016 08:39:31

O réu comentarista

Postado por Magno Martins

Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo

O anúncio teve ar de suspense. Afastado da Câmara por decisão do Supremo, Eduardo Cunha convocou a imprensa para uma coletivaantecipar o assunto. O Congresso se preparou para uma bomba, mas a montanha pariu um rato. Ou um "papabiru", como PC Farias costumava chamar o pupilo.

Cunha não renunciou, não confessou, não delatou e não contou nada de novo. Num monólogo de uma hora e meia, repetiu os argumentos de sua defesa e fez um retrospecto da própria carreira. Ainda encontrou tempo para falar mal dos adversários e dissertar sobre temas diversos, como a última eleição presidencial.

Sem os afazeres do mandato, o deputado tenta se reocupar como réu comentarista. O problema é que há cada vez menos gente disposta a ouvi-lo. Os canais de telejornalismo transmitiram o início da fala, mas cortaram o sinal quando perceberam que não haveria notícia relevante.

A cobertura ao vivo só continuou na TV Câmara, que não tinha justificativa para estar lá. O peemedebista teve o mandato suspenso e não exerce atividade parlamentar há um mês e meio. A presença da emissora oficial foi uma nova prova de que ele continua a dar ordens na Casa, embora esteja proibido de pisar lá.

A discurseira teve passagens curiosas. Cunha alegou que está sofrendo ameaças, embora não tenha registrado ocorrência porque "não fica fazendo drama". Depois admitiu sua influência no governo Temer, para recuar em seguida. "Qual o crime de ter nomeado quem quer que seja? É motivo de prisão nomear? Mas eu não nomeei ninguém", disse. Em outro momento, deu o recado que desejava: "Eu não tenho o que delatar".

A entrevista não rendeu manchetes, mas serviu para mostrar como o correntista suíço está isolado. Até outro dia, ele só andava cercado por uma tropa de choque. Nesta terça (21), apenas dois deputados apareceram no local da entrevista, sem se sentar a seu lado. Cunha discursou sozinho, cercado por cinco cadeiras vazias.

Na batalha do impeachment, Temer marcou um ponto

Postado por Magno Martins

Blog do Kennedy

O Senado é a Casa do Congresso que representa as Unidades da Federação. O poder dos governadores sobre senadores é um instrumento eficaz de pressão. Numa hora em que precisa se consolidar no poder e na qual enfrentará ainda a batalha de votar o impeachment em definitivo de Dilma no Senado, Temer faz uma articulação que favorece os seus interesses políticos.

Um acordo com os Estados tende a angariar a simpatia de governadores e senadores. Como foi um assunto que se arrastou no governo Dilma, ao resolvê-lo agora, Temer mostra maior capacidade para governar do que Dilma. Todos os Estados aceitaram. Ele resolveu rapidamente um tema delicado.

É uma solução temporária, que dá um alívio de dois anos aos Estados. Logo, ali na frente, poderá surgir nova tentativa de renegociação, mas, até lá, haverá tempo para o Congresso tentar aprovar uma reforma tributária e fiscal e para o país voltar a crescer, elevando novamente a arrecadação de impostos da União, dos Estados e dos municípios. Na batalha do impeachment, Temer marcou um ponto.

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