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Enviado por alexandre em 24/05/2016 08:30:15

Jucá não volta mais

A situação do ministro Romero Jucá é insustentável. Para não constranger nem atrapalhar o presidente Michel Temer, ele se antecipou e saiu de licença, mas não existe licença ministerial. Ou é ministro ou não, Jucá quer criar um meio termo que não existe. A sua queda, o primeiro de uma penca de sete ministros citados ou denunciados na operação Lava Jato, é a crônica de uma saída antecipada. Custo acreditar que Temer não tinha conhecimento das implicações do auxiliar no esquema da Petrobras.

Tanto tinha que numa entrevista à Globo News, quando provocado sobre as denúncias que pesavam contra Jucá, afirmou confiar na versão dele de que o dinheiro doado por empresas envolvidas no desvio fenomenal da Petrobras tinha sido devidamente registrado, estando na prestação de contas da sua campanha à justiça eleitoral. Temer confiou e arriscou como está arriscando com Henrique Eduardo Alves e mais cinco ministros citados na Lava Jato.

Jucá era tudo que o PT queria neste início de Governo Temer, para instalar um clima tenso e de instabilidade. Mas o presidente tem como se livrar do problema. Basta afastá-lo sumariamente e definitivamente do cargo. Não pode cometer o pecado de Lula e Dilma, que passavam a mão na cabeça de ministros envolvidos em todo tipo de gatunagem, deixando o Governo sangrar. Quando agia, já era tarde, o mal já havia se espalhado provocando danos irreparáveis.

O PT já quer fazer de Jucá o Delcídio do Governo Temer, mas os casos são bem diferentes. Então líder do Governo no Senado, Delcídio do Amaral tentou obstruir o andamento das investigações da Lava Jato facilitando a fuga do País de um investigado, sendo preso em flagrante. Jucá fala em postergar, crime também grave, mas nem de longe algo que possa parecer com o crime tipificado por Delcídio.

Desenvolto no Congresso, Jucá vinha ajudando Temer na interlocução política com a Câmara e o Senado para aprovar esta semana a meta fiscal do Governo e em seguida as medidas necessárias ao ajuste fiscal, que passam também pela reforma da Previdência. Até o momento, Temer tem acertado na economia, montando um time gabaritado, de altíssimo nível, mas seus pecados na política continuam um atrás do outro e podem ser fatais.

GOVERNO TEMERÁRIO– O presidente interino Michel Temer erra também nos recuos dados. Ao desistir da fusão do Ministério da Cultura ao de Educação se rendeu às pressões de uma elite intelectual que não quer largar o osso de patrocínios da Lei Roanet, de artistas que tinham apaniguados na estrutura com supersalários. Abriu, consequentemente, um precedente. Pode ser interpretado como o chefe que se vence no grito. Se hoje foram os artistas, amanhã poderão ser, como exemplo, os negros brigando pela volta do Ministério da Igualdade Racial.

Na Chesf, decisão de Temer– Os ministérios não foram distribuídos com autonomia total dada aos escolhidos no critério adotado pelo presidente Michel Temer (PMDB). Em Minas e Energia, por exemplo, o pernambucano Fernando Bezerra Coelho Filho não vai tirar do bolso do seu colete o presidente da Chesf. A escolha será feita por indicação política, passando pelo crivo de Temer e da equipe econômica, o que ainda não tem data decidida, podendo ficar após a aprovação das medidas econômicas enviadas ao Governo.

Na jaula dos leões- Auxiliares do presidente em exercício Michel Temer afirmam que a licença anunciada por Romero Jucá foi uma saída honrosa encontrada para ministro do Planejamento. Mas, segundo os mesmos interlocutores de presidente em exercício, Jucá não vai voltar ao Governo. A partir de agora, o Planalto já procura nomes para ocupar o comando do Ministério do Planejamento. "O desgaste provocado com as gravações de Jucá deixaram a situação insustentável. Se ele ficar no Governo, passa a comprometer a própria imagem de Temer", disse um auxiliar do presidente em exercício.

Tensão– A revelação de uma conversa do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com Romero Jucá, passou a gerar um clima de apreensão em Brasília. Caciques do PMDB, e até mesmo do PSDB, avaliam que podem ter sido gravados por Machado para que ele negociasse um acordo de delação premiada junto à Procuradoria Geral da República. Dentro da Lava Jato, não seria o primeiro caso de gravações pessoais. Isso aconteceu quando Bernardo Cerveró gravou o agora senador cassado Delcídio do Amaral em um diálogo que levou o ex-petista à prisão; e quando um assessor de Delcídio gravou o então ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Machado era próximo da cúpula do PMDB no Senado, inclusive do presidente da Casa, Renan Calheiros (AL).

Ordem é afastamento – O ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu que investigados pela Operação Lava Jato devem deixar o governo interino Michel Temer. Afirmação de Jungmann foi feita após a divulgação do áudio onde o ministro do Planejamento Romero Jucá sugere a criação de um pacto para frear as investigações. "Ninguém neste País pode parar a Lava Jato", disse o ministro. Na entrevista, Jungmann disse que o assunto foi alvo de discussões na primeira reunião ministerial do Governo. "O presidente disse desde o início: Quem de fato cometeu desvios ou qualquer tipo de ilícito eu pedirei o desligamento. Mandou recado pra todo mundo. Essa questão deve estar sendo resolvida pelo presidente Temer o mais rápido possível".

CURTAS

AINDA GOLPE– Membro do grupo de parlamentares do Mercosul (Parlasul), o senador Humberto Costa (PT) denunciou, ontem, em reunião realizada em Montevidéu com a presença de deputados e senadores de todos os países que compõem o bloco, o que chamou de “golpe" contra a democracia que foi aplicado no Brasil "por deputados e senadores oposicionistas que rasgaram a Constituição, em uma conspiração urdida pela elite econômica e pelos grandes grupos de mídia do País”.

SEM QUORUM- Por falta de quórum, a Comissão Mista do Orçamento não iniciou, como previsto, a votação, ontem, da proposta de revisão da meta fiscal para 2016, que prevê um déficit das contas públicas de até R$ 170,5 bilhões. A expectativa é que o texto vá direto para o plenário do Congresso. O presidente da CMO, deputado Arthur Lira (PP-AL), abriu a sessão por volta das 18h20 e logo depois encerrou sob o argumento de que não havia número mínimo de senadores presentes para a deliberação.

Perguntar não ofende: Vem aumento de impostos nas medidas anunciadas hoje pela equipe econômica de Temer?

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