Mais Notícias : Remando em direções opostas
Enviado por alexandre em 31/03/2016 08:28:13

Remando em direções opostas

Postado por Magno Martins

Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo

Na tentativa de evitar o naufrágio do governo, Dilma Rousseff passou a remar em duas direções opostas. De um lado, a presidente ensaia uma guinada à esquerda para tentar mobilizar a militância petista em sua defesa. Ao mesmo tempo, oferece cargos e verbas para atrair partidos de centro-direita que definirão a votação do impeachment.

O primeiro movimento começou a dar resultado. Com ajuda de Lula, o Planalto voltou a ter canal direto com movimentos sociais e sindicatos próximos ao PT. Essas entidades haviam se afastado por discordar da política econômica adotada após a eleição de 2014. Agora voltaram a colorir as ruas de vermelho contra o que consideram um mal maior: um eventual governo Michel Temer.

As manifestações continuam menores que os atos pró-impeachment, mas cresceram em número e em frequência. Isso mostra que o petismo ainda tem uma base capaz de defender o mandato da presidente, o que Fernando Collor não teve em 1992. Nesta quarta (30) essa militância transformou uma solenidade no Planalto em comício contra o impeachment. Guilherme Boulos, do MTST, prometeu liderar atos "para resistir ao golpe".

Dilma também passou a receber apoio público de juristas, intelectuais e artistas identificados com a esquerda. Até outro dia, o retrato da classe artística na crise era a atriz Suzana Vieira com uma camiseta verde-amarela do "Morobloco". A adesão de celebridades como Wagner Moura é uma boa notícia para a presidente.

O problema do Planalto é que o PT e seus aliados que contam com a simpatia desses setores não somam mais de cem votos na Câmara. Por isso Dilma iniciou um leilão de cargos para partidos do chamado "centrão", como PP, PR e PSD. O loteamento deixará o governo mais entregue do clientelismo e mais distante dos ideais de esquerda que a presidente voltou a defender.

As próximas semanas vão mostrar se a tática de remar em direções opostas será capaz de salvar o barco.


New Yorker: pobres os mais prejudicados com o golpe

Postado por Magno Martins

A revista semanal americana "The New Yorker" comparou nesta quarta-feira (30) a presidente Dilma Rousseff ao ex-presidente americano Richard Nixon, reeleito ao posto em 1972 que, menos de dois anos depois, acabou renunciando em meio a um processo de impeachment contra ele.

Assim como ocorre no Brasil com a operação Lava Jato, nos Estados Unidos também houve um escândalo que levou a uma crise política sem precedentes à época.

"Richard Nixon foi reeleito de maneira esmagadora em novembro de 1972 e renunciou em agosto de 1974. Dilma Rousseff, presidente do Brasil, parece estar seguindo o mesmo caminho: reeleita (não de maneira esmagadora) em outubro de 2014, ela corre tanto perigo um ano e meio depois que não parece que vai conseguir finalizar seu mandato", afirma a revista.

A publicação diz que quem tem mais a perder com a crise e a instabilidade é a população carente. "Os verdadeiros perdedores na reformulação política que deve acontecer no Brasil não serão os políticos corruptos. As dezenas de milhões de beneficiários dos programas sociais criados nos governos de Lula e Dilma, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, estão sob risco também. Será uma tragédia se, na corrida louca para formar uma nova coalizão política, ela (coalizão) se torne mais favorável aos negócios e deixe para trás o eleitorado", afirma.

A morta-viva e os vampiros

Postado por Magno Martins

Clovis Rossi-Folha de S.Paulo

É fácil apontar a causa pela qual o PMDB decidiu romper com o governoDilma Rousseff: vampiros abandonam corpos quando estão exangues. Dilma Rousseff é, hoje por hoje, uma morta-viva, que deixou de governar faz algum tempo e que, quando governou, semeou a ruína que agora colhe e pavimenta seu caminho para o cadafalso.

Hélio Schwartsman, excelente colunista, já deixou claro, na sua coluna desta quarta-feira, 30, que a presidente cairá, se cair, não por algum crime hediondo mas porque está desesperadoramente sozinha.

O problema é que, se cair pela via do impeachment, o que virá não traz esperança, a não ser para os que, ingênua ou interessadamente, acreditam que Dilma é a causa de todos os problemas.

Qualquer um que conheça a trajetória dos que aparecem nas fotos comemorativas do desembarque do PMDB só pode suar frio: o que vem por aí é parte do "sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país", denunciado por uma grande financiadora, no caso a Odebrecht.

O fato, inegável, é que o sistema está podre e o rompimento do PMDB apenas acrescenta anomalia à podridão: a coalizão que foi legitimamente eleita em 2014 rompeu-se na terça-feira. No entanto, o governo continua em funções, ainda que não exerça mais função alguma já faz um bocado de tempo.

Agora, o PT diz que vai procurar pedaços de partidos para montar um novo monstro de Frankenstein e reanimar o corpo exangue.

Pode até conseguir, mas não há partido que não esteja na planilha da Odebrecht e, se ela própria diz que é "ilegal e ilegítimo" o sistema de financiamento, não há por que não suspeitar de todos os que constam da lista, mesmo os beneficiados por doações declaradas.

Temos, pois, um morto-vivo, o governo Dilma, buscando carne possivelmente putrefata para sobreviver. No campo oposto, um bando de oportunistas que deixa a teta gorda em que mamou durante todo o governo, na expectativa de que mude o dono da teta, mas preserve a mamada ampla, geral e irrestrita que a Lava Jato aponta dia sim, o outro também.

O governo do PMDB, pelo que já está vazando, será outra criatura de Frankenstein, com outra cara, mas com o mesmo coração.

Tudo somado, só resta repetir o que já escrevi neste espaço na semana passada: a única eventual possibilidade de saída para o impasse em que o país mergulhou de cabeça é a convocação o mais depressa possível de novas eleições, de preferência eleições gerais, para a Presidência e para o Congresso.

Se a iniciativa partisse da Presidência da República, como, segundo o noticiário, chegaram a cogitar assessores de Dilma, seria o ideal.

A presidente sairia mas ninguém poderia gritar "golpe", o que, em tese, acalmaria as ruas excitadas como raramente se viu antes neste país.

Só um governo banhado pela legitimidade que dá o voto popular teria, se Deus ajudasse, condições para construir uma verdadeira ponte para o futuro. Eu não transitaria por uma erguida por quem foi governo, com um bando ou com o outro, e que lega essa terra arrasada


Comícios “oficiais” atestam isolamento de Dilma

Postado por Magno Martins

Bog do Josias de Souza

Pela terceira semana consecutiva, Dilma Rousseff transformou em comício uma cerimônia oficial realizada nas dependências do Palácio do Planalto. Coisa relacionada ao programa Minha Casa, Minha Vida. Com o prestígio de Dilma às moscas, o cerimonial da Presidência viu-se compelido a providenciar uma plateia companheira, composta de militantes petistas e ativistas de movimentos sociais.

O coro de “não vai ter golpe” voltou a ecoar no salão principal do Planalto. O vice-presidente Michel Temer, a OAB e até o juiz Sérgio Moro foram brindados com gritos de “golpistas”. Tudo isso num dia em que o Ibope trouxe à luz pesquisa que acomoda a desaprovação a Dilma na casa dos 69%. Pior: oito em cada dez brasileiros não confiam em Dilma e desaprovam o modo como ela governa o país.

Num ambiente assim, os comícios palacianos de Dilma, custeados pelo contribuinte, talvez ofendam a maioria dos brasileiros em dia com o fisco. De resto, constituem um erro primário. Dilma ainda não se deu conta. Mas, ao discursar apenas para devotos, oferece semanalmente ao noticiário comprovações cenográficas do seu isolamento.

Quem perde é Brasil

Postado por Magno Martins

Carlos Chagas

O PMDB saiu do governo ou o governo saiu do PMDB? A resposta envolve o futuro próximo, apesar de a presidente Dilma esforçar-se durante todo o dia de ontem para manter o maior número possível de deputados para permanecer em sua base parlamentar. Como foi contundente a retirada do maior partido nacional, mesmo não completada, a dúvida fica no ar: saindo, os peemedebistas estão confirmando o impeachment ou preservando o mandato de Madame?

Em qualquer das hipóteses o resultado será desastroso para as duas partes. Fora do governo mas obrigado a curvar-se a ele, situado na oposição, o PMDB perderá as vantagens subsidiárias do poder e adiará para depois de 2018 a possibilidade de empalmá-lo por completo. No reverso da medalha, sendo posta para fora através de perda da maioria parlamentar, a presidente Dilma e o PT recomeçarão tudo outra vez, na oposição.

Vantagens, mesmo, colherá o PSDB, como linha auxiliar do governo Michel Temer, este sem compromisso com os tucanos para 2018. Aproveitará uma parcela do poder até aquelas eleições e possivelmente sua integralidade, depois.

Os demais partidos e grupos se arranjarão, permanecendo onde estão, exceção do PT, lançado de novo abismo onde sempre se deu bem, a oposição. Assim, em termos atuais, quem perde mesmo é o Brasil. A presidente Dilma, que mesmo por hipótese vitoriosa na batalha do impeachment, nada terá senão ruínas a oferecer à população. O PMDB, se não conseguir afastar Madame, afundará com Michel Temer. Mas conseguindo sobreviver com a reeleição, nem de longe preservará o PMDB no comando da nação. Poderão voar mais alto os tucanos. Ou as surpresas.

Aliás, política costuma ser a arte das surpresas. Ninguém garante que Dilma, evitando o impeachment, elegerá o Lula sua sucessora. Ou que Michel Temer, eleito presidente-tampão, não consiga reeleger-se. Entre Aécio Neves e Geraldo Alckimin, por que não José Serra? Ciro Gomes correndo por fora, disputando com Marina Silva? Ronaldo Caiado ou Jair Bolsonaro? O fato é que a sorte de qualquer uma dessas opções repousa nos próximos episódios ligados ao impeachment.

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