Mais Notícias : A procura de um cadáver
Enviado por alexandre em 09/03/2016 09:12:42

A procura de um cadáver

Encurralada, com a oposição pressionando o Supremo Tribunal Federal pela aceleração do processo do impeachment e ao mesmo tempo trancando a pauta do Congresso, a presidente Dilma chegou a falar em paz e tranquilidade, ontem, enquanto discursava no Palácio do Planalto para uma plateia desanimada com o agravamento da crise. "A pacificação da sociedade é muito importante”, disse.

O tom da fala da presidente tinha endereço certo: reportava-se aos possíveis conflitos que podem ocorrer no próximo domingo com as manifestações de rua convocadas pelas redes sociais. “Não haver violência sob a forma que ela eventualmente possa assumir, mas ter um quadro de paz é fundamental, principalmente para os governos que precisam de paz para que possamos ter condições de enfrentar a crise e retomar o crescimento", afirmou.

Durante o discurso, na cerimônia que regulamentou uma lei que prevê cirurgias reparadoras a mulheres vítimas de violência pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Dilma disse que o Brasil "tem a reputação de ser um País tolerante" mas que, no momento atual, de crise política e econômica, "é necessário que a gente repita a importância da tolerância".

No Salão Verde da Câmara dos Deputados, separado do Palácio do Planalto apenas pela Praça dos Três Poderes, deputados da oposição e situação manifestavam apreensão com o clima observado nas ruas, sexta-feira passada, no momento em que o ex-presidente Lula era levado para depor na Polícia Federal. “As manifestações de ruas podem resultar no cadáver que não interessa à oposição, mas pode ser fatal para o Governo”, chegou a comentar um experiente deputado do PMDB.

Ele se referia à possibilidade de ocorrer alguma morte no conflito entre os que querem Dilma fora e os militantes petistas. Na verdade, Brasília e o País vivem, desde a semana passada, um clima de acirramento extremamente preocupante. Tanto que deputados da oposição ao Governo na Câmara apresentaram ao Ministério Público de São Paulo, na segunda-feira passada, notícia-crime contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposta "incitação ao crime".

Para o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), e o deputado Alexandre Leite (DEM-SP), autores da representação, o ex-presidente comete delito contra a paz pública ao convocar militantes "para a guerra". Os parlamentares apresentaram declarações do ex-presidente para embasar a queixa-crime.

"Já há algum tempo o requerido, premido por informações sobre o envolvimento do Governo Federal, comandado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), do qual é fundador, em irregularidades e mais recentemente pelas investigações e pela possibilidade das mesmas redundarem em denúncias contra si próprio pela prática de diversos crimes”, diz o documento.

Para acrescentar: “Lula tem se manifestado publicamente de forma extremamente agressiva, atacando os órgãos investigatórios e a própria justiça, alegando estar sendo alvo de perseguições de caráter político e incitando seus correligionários e defensores a reagirem contra qualquer tentativa de responsabilização penal que venha a ser dirigida a ele, seu partido ou seus aliados". A primeira declaração é de fevereiro de 2015, quando Lula chamou às ruas o "Exército do Stédile", composto pelos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

ESTRATEGIA DE SOBREVIVÊNCIA– Alvo principal da 24ª fase da Operação Lava Jato na semana passada, o ex-presidente Lula jantou com Dilma, ontem, no Palácio da Alvorada. Durante o encontro, discutiram as estratégias que passarão a adotar em relação à operação policial. Sob a condição de anonimato, assessores de Lula afirmaram que o petista também pretende aproveitar a viagem à capital federal para se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Otimismo com manifestação– Os principais deputados de oposição da bancada federal de Pernambuco, como Jarbas Vasconcelos (PMDB), Mendonça Filho (DEM) e Raul Jungmann (PPS) já confirmaram presença nas manifestações de rua marcadas para o Recife, no próximo domingo. “Estou confiante de que faremos um grande ato pelo impeachment da presidente Dilma, bem maior do que os anteriores”, disse Jarbas, que chegará às dez da manhã na concentração, próximo à padaria Boa Viagem.









Obstrução no Congresso – O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu, ontem, adiar a sessão conjunta do Congresso Nacional, que estava agendada para as 19 horas. Ainda não há data para uma nova reunião. A sessão foi adiada após parlamentares da oposição anunciarem que iriam obstruir as votações no plenário da Câmara até que o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) instale a comissão que vai analisar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Prorrogação de dívidas– Sob a presidência do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), a Comissão Mista da Medida Provisória 707 realiza, hoje, a primeira audiência pública para o aprimoramento do seu texto. A MP prorroga o prazo para refinanciamento do crédito rural e também dos contratos para aquisição de caminhões e máquinas agrícolas. Participarão d audiência vários presidentes de instituições representativas do setor, além de representantes das confederações nacionais da Agricultura (CNA) e do Transporte (CNT).

Não mandem passagem, mas um jatinho! - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito a interlocutores que está disposto a viajar por todo o País para defender o PT e seu legado político, como afirmou no dia em que fez um pronunciamento, após ter sido levado por policiais federais para prestar depoimento. Mas ele tem colocado uma condição: que o convite inclua a cessão de um jatinho para seu deslocamento. O ex-presidente reforçou isso inclusive na visita que a presidente Dilma Rousseff fez a ele, em São Bernardo, no último sábado.



CURTAS

RECUPERAÇÃO JUDICIAL– Uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, a Mendes Junior pediu recuperação judicial na noite da última segunda-feira na 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte. De acordo com o Fórum Lafayette, não há data para o processo ser apreciado.

CERTIDÃO– A defesa do ex-presidente Lula pediu ao juiz Sérgio Moro uma certidão em que conste todos os processos que envolvam o nome de Lula na 13ª Vara Criminal de Curitiba, onde tramitam as ações da Operação Lava Jato. A solicitação foi protocolada, ontem, nos autos de investigação da 24ª fase da operação.

Perguntar não ofende: Quem vai ceder o primeiro jatinho para a jararaca?

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia