 Tire suas dúvidas para combater o Aedes aegypti O principal inimigo dos brasileiros neste verão voa, tem menos de um centímetro, é escuro e com pontos brancos nas patas, cabeça e corpo. O mosquito Aedes aegypti já é um velho conhecido por causa da dengue. Mas, neste ano, tornou-se assunto obrigatório em razão do crescimento dos casos de outras duas doenças ligadas a ele: o zika vírus e a febre chikungunya.
Para ajudar o leitor a absorver tanta informação referente ao inseto e às moléstias transmitidas por ele, a reportagem perguntou a moradores o que eles gostariam de saber sobre o assunto. Confira as dúvidas e as respostas.
Diva Cecília Fehn, 62 anos – Como a pessoa pode saber se está com alguma das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti?
A confirmação das doenças só é possível por meio de exame laboratorial. Mas, ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde, fazer repouso, ingerir bastante líquido e não tomar medicamentos por conta própria. Dengue, chikungunya e zika têm alguns sintomas parecidos, como febre, dores de cabeça, dores nas articulações, enjoo e exantema (machas vermelhas pelo corpo).
Porém, a principal manifestação clínica de chikungunya são as fortes dores nas articulações, decorrentes de um processo inflamatório, e que podem ser acompanhadas de edemas e rigidez. Também é possível haver esse tipo de dores na dengue e no zika, mas em menor intensidade. Enquanto o paciente com dengue ou zika pode apresentar dores de leves a moderadas, o paciente infectado com chikungunya apresenta dores de nível elevado.
Com relação à febre, dengue e chikungunya são marcadas pela febre alta, geralmente acima de 39°C e de início imediato. Já os pacientes de zika, apresentam febre baixa ou, muitas vezes, nem a apresentam.
Outro sintoma que pode servir nos diagnósticos clínicos dessas doenças é a vermelhidão nos olhos. Enquanto a dengue provoca dores nos olhos, o paciente infectado com zika ou chikungunya pode apresentar olhos vermelhos, com uma conjuntivite sem secreção.
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Vera Lucia Saraiva, 63 anos – O mosquito só ataca de dia? A fêmea do mosquito Aedes aegypti, pica durante o dia, nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer.
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Osmar Dutra, 77 anos – A dengue, o zika vírus e a febre chikungunya podem matar? Essas doenças podem deixar alguma sequela?
Dengue Pode apresentar casos graves e levar à morte. O Rio Grande Sul registrou, inclusive, os primeiros dois óbitos da doença em 2015. Entre o 3º e 7º dia de doença, a febre costuma diminuir ou desaparecer. É nesse período que alguns sinais demonstram que o quadro pode estar se agravando e levar ao choque, como sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sonolência ou irritabilidade, hipotensão e tontura. O choque é de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada.
Zika vírus A evolução é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente entre três e sete dias. Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus não desenvolvem manifestações clínicas. Formas graves, como manifestações neurológicas atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito. Em gestantes, pode levar a uma malformação congênita de diminuição do perímetro encefálico do feto (microcefalia), que pode levar a sequelas ou até óbito da criança.
Febre Chikungunya As mortes são raras. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas. Em se tratando de Chikungunya, é importante reforçar que a dor articular, presente em 70% a 100% dos casos, é intensa e afeta principalmente pés e mãos (geralmente tornozelos e pulsos). Em geral, a pessoa se recupera no período de até 10 dias após o início dos sintomas. No entanto, em alguns casos as dores nas articulações podem persistir por meses.
Silvestre Peraçoni, 85 anos – O pernilongo pode transmitir alguma dessas doenças? Até o momento não existem estudos que identifiquem o pernilongo (Culex quinquefasciatus) como transmissor destas três enfermidades.
Silvestre Peraçoni, 85 anos – O que o poder público pode fazer nos casos de pessoas que acumulam lixo no pátio e nos casos de lixo em terrenos baldios? O cidadão é responsável pela limpeza e manutenção de seu imóvel, devendo acondicionar o lixo doméstico corretamente e colocá-lo em contêineres, ou em outro dispositivo na ausência deste, evitando o acesso de animais.
Há casos em que o indivíduo pode ser classificado como acumulador, o que caracteriza uma patologia psiquiátrica, o que não elimina a responsabilização civil. Ainda devemos lembrar que existem pessoas classificadas como selecionadores de inservível (catadores), onde estas são fiscalizadas pela Secretaria de Município de Meio Ambiente.
A Secretaria de Município de Desenvolvimento Urbano é responsável pela fiscalização de terrenos baldios (edificados ou não), onde uma vez identificado o proprietário, este será notificado para providenciar a limpeza e manutenção de acordo com a legislação municipal.
Terezinha da Rosa, 69 anos – Tenho diabetes. Se eu contrair dengue, zika ou chikungunya, vou ficar mais debilitada que outra pessoa sem diabetes? Essas doenças serão mais graves em mim? As pessoas com doenças crônicas devem ter mais cuidados, podendo apresentar um quadro clínico mais intenso.
Rosa Dias da Silva, 96 anos – Se mantiver meu pátio limpo, estou livre de ser picada pelo mosquito na minha casa? Manter o pátio e as partes internas das casas sem locais com água parada é essencial para evitar o mosquito. Contudo, como ele pode se deslocar por até algumas quadras de distância, é importante estar atento a possíveis focos ao redor da casa. Por isso, todos podem ajudar tratando do tema com os vizinhos e observando locais com água parada na rua ou em locais públicos.
Rosa Dias da Silva, 96 anos – Idosos correm mais risco de sofrerem mais com essas doenças? Os vírus das doenças dengue, chikungunya e zika podem afetar pessoas de qualquer idade ou sexo, mas os sinais e sintomas tendem a ser mais intensos em crianças e idosos. Além disso, pessoas com doenças crônicas têm mais chance de desenvolver formas graves da doença.
John Lenon Machado Pereira, 25 anos – Por que só agora se fala do zika e chikungunya? Essas doenças não existiam antes? Há referências da dengue no Brasil desde o século XIX, com uma maior ocorrência a partir dos anos 90. Assim, como o mosquito transmissor já estava presente no país, a chegada dos outros dois vírus foi possível por meio de alguma pessoa infectada vinda de outro local. Ao picar uma pessoa infectada, o Aedes passou a contaminar outras pessoas (que não apresentavam imunidade contra zika e chikungunya justamente pelo fato das doenças não terem circulação no Brasil).
O vírus Chikungunya foi isolado pela primeira vez em 1952, na Tanzânia, e vinha sendo encontrado em regiões tropicais e subtropicais da África, nas ilhas do Oceano Índico, no Sul e Sudeste da Ásia. No final de 2013, foram registrados os primeiros casos autóctones em países do Caribe.
No Brasil, os primeiros casos importados foram identificados em 2010 e, em 2014, os primeiros casos autóctones. No Rio Grande do Sul, até o momento, não há casos contraídos dentro do Estado. O zika foi identificado em 1947, na África, em macacos. Somente em 1968 foi isolado em amostras humanas. Em 2007, foi registrado um surto pela doença na região da Micronésia e, em 2013-2014, na Polinésia Francesa. Em maio de 2015, o Ministério da Saúde confirmou a presença do zika no Brasil.
Os ovos do Aedes infectado pelo vírus da dengue, zika ou chikungunya também transmitirão as doenças (quando adultos)? Fêmeas do Aedes infectadas pela dengue podem transmitir o vírus para os ovos. Quanto à chikungunya e ao zika, contudo, ainda não há pesquisas que comprovem ou descartem essa possibilidade.
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