Na decisão em que autorizou a liberação de recursos para o pagamento de conta luz da Polícia Federal em Curitiba, o juiz federal Sérgio Moro diz que a Lava-Jato tem sido um grande desafio para todos os órgãos envolvidos e que não pode ser interrompida por falta de dinheiro.
Escreve Moro na peça: “Embora não seja muito apropriado a destinação dessas verbas para custeio, as investigações da Operação Lava-Jato, por sua relevância, não podem ser interrompidas por falta de dinheiro para despesas básicas de custeio”.
“Ante o exposto, excepcionalmente, defiro o requerido para autorizar a utilização de R$ 172.000 para o fins requeridos, despesas com combustível ou manutenção de viaturas policiais ou o pagamento de energia elétrica, tudo estritamente vinculado ao serviço policial federal”, prossegue o juiz.
O socorro à PF ocorreu no ano passado, antes do corte no orçamento da instituição.
Ministério nega, mas comprovantes mostram que Moro ajudou a pagar luz da PF
O Ministério da Justiça rebate que os cortes orçamentários na pasta, que atingiram a Polícia Federal, se reflitam em prejuízos às operações em curso no país.
Para o governo, as reclamações das entidades ligadas à PF pela falta de recursos esconderia a real razão: a frustração de delegados com o fato de os salários não terem sido reajustados.
Segundo dados da pasta, em Curitiba, sede da Lava-jato, de 21,9 milhões de reais empenhados nas operações, teriam sobrado 3 milhões — recurso que seria suficiente para pagar as despesas com energia elétrica na superintendência do Paraná.
Na superintendência, os gastos com energia não chegariam a 5,8% do total.
O ministério contestou a informação, publicada pelo Radar na segunda, de que o juiz Sérgio Moro tenha liberado recursos para pagar contas de luz atrasadas.
Segundo informações da pasta, o juiz teria liberado, em 12 de março de 2014, antes de deflagrada a primeira operação da Lava-jato, 1 milhão de reais para que a PF adquirisse um sistema de Circuito Fechado de TV (CRTV). A PF local comprou o sistema, mas não gastou todo o recurso. No ano de 2015, a própria PF pediu para que o juiz liberasse os 172 mil que sobraram e utilizou esses recursos para repactuar outros contratos, especialmente de vigilância predial.
Acontece que os dados da nota estão corretos. Em 17 de dezembro de 2015, a secretaria da 13ª Vara Federal, de Moro, informou os pagamentos de luz e também de combustível à PF nos autos da representação 5031707-10.2014.4.04.7000. Os comprovantes dos pagamentos foram juntados ao processo — e podem ser consultados por funcionários do MJ, portanto. |