Mais Notícias : Collor estava mais isolado do que Dilma
Enviado por alexandre em 04/12/2015 09:46:09

Collor estava mais isolado do que Dilma

Postado por Magno Martins

Blog do Kennedy

Presidente prioriza STF e busca de apoio de aliados

Ficou claro hoje que a estratégia do governo é priorizar a reunião de apoios políticos, mas também apostar numa intervenção do Supremo Tribunal Federal para barrar o impeachment. Se não houver tal ação jurídica, o governo concentrará forças na comissão especial da Câmara para tentar votar logo a questão.

De manhã, Dilma quis fazer um gesto para tentar uma reaproximação e convidou o vice-presidente, Michel Temer, para um encontro. Foi mais um ato protocolar de parte a parte. O governo deseja constranger Temer. Quer evitar que ele articule com empresários e políticos a favor do impeachment.

O vice está numa saia justa. É parte do governo, mas preside o PMDB, que está dividido e vê agora uma chance de chegar ao poder. Em resumo, as relações entre Dilma e Temer continuam frias.

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Há também diferenças em relação ao impeachment de Fernando Collor, em 1992. Naquela época, o país tinha um presidente isolado, de um partido político pequeno. No Congresso, havia líderes mais respeitados. Ibsen Pinheiro, que cairia em desgraça depois, tinha prestígio.

Outra diferença: a descoberta da Fiat Elba no caso de Collor.

Hoje, apesar da baixa popularidade, Dilma tem um partido forte, o PT. O comandante do processo de impeachment é um político cercado de denúncias de corrupção: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha

O governo busca apoio de aliados para mostrar musculatura política. Daí procurar se reunir com governadores, até com alguns da oposição. O ex-presidente Lula já entrou em campo, procurando suporte do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) para derrubar o impeachment.


Supremo rejeita 2 ações para barrar impeachment

Postado por Magno Martins

De O Estado de S.Paulo – Beatriz Bulla e Gustavo Aguiar

Celso de Mello e Gilmar Mendes negaram pedidos de deputados do PT e do PCdoB contra o ato de Eduardo Cunha na Câmara

O primeiro contra-ataque da base aliada do governo para tentar reverter a abertura do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff sofreu um baque imediato no Supremo Tribunal Federal (STF). Duas das três ações propostas à Corte nesta quinta-feira à tarde foram derrotadas à noite, com decisões desfavoráveis dos ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes, que negaram paralisar o andamento do processo de impedimento na Câmara.

O decano do Tribunal, Celso de Mello, extinguiu mandado de segurança protocolado pelo deputado federal Rubens Júnior (PCdoB-MA). Na peça, o parlamentar alegava que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deveria ter dado a Dilma a oportunidade de apresentar defesa ao Congresso antes de acolher o pedido de impedimento.

Mas o decano entendeu que o deputado não tem legitimidade para apresentar esse tipo de recurso ao STF, por não ter o próprio direito ferido. Com a decisão, o caso será extinto. A outra rejeição veio do ministro Gilmar Mendes, que negou pedido liminar (provisório) de deputados petistas para suspender a decisão de Cunha.

Leia na íntegra Supremo rejeita duas ações que tentavam barrar impeachment


Dilma ainda não perdeu



Vinicius Mota - Folha de S.Paulo

A presidente Dilma Rousseff realizou na noite da quarta-feira (2) um domelhores discursos de seu mandato. Concisa, solene, dura e direta, a fala destoou do padrão confuso e tartamudeante que marca a oratória presidencial.

Não há em mim nenhuma nódoa de corrupção, o que me diferencia do chantagista que deflagrou o impeachment e de tantos outros que tombam diante das leis penais. Eis o mote da intervenção de Dilma, que meneia como trunfo indiscutível a sua honra até aqui impoluta.

A presidente lembra, e deverá enfatizar diariamente, que defenestrá-la não será como depor um desacreditado Collor de Mello. É real o risco de afastar alguém incorrupto e dar lugar a um vice sobre quem a Lava Jato ainda poderá trazer surpresas.

A presidente vai cair, entretanto, se circunscrever a sua defesa ao aspecto ético e biográfico. Será deposta, e depressa, caso centre fogo no presidente da Câmara, a esta altura uma nota de rodapé da história, um cadáver político que queimou seu último cartucho antes de ser empurrado para o precipício.

Para evitar o desfecho humilhante, Dilma precisa entender a natureza do jogo que acaba de começar. Não se trata de obter na Câmara os 171 votos -ironicamente, o número do artigo que no Código Penal tipifica o estelionato- suficientes para mantê-la no Planalto. Nenhuma reforma tradicional de ministérios, com distribuição de cargos e da raspa do tacho do Tesouro em troca de apoio vai salvar o pescoço presidencial.

Essa lógica mesquinha colocou em importantes ministérios algumas figuras cavernosas da baixíssima oligarquia. Alimentou, em vez de inibir, a degradação geral que nos conduziu até as portas do impeachment.

A guerra, presidente, é pela restauração da esperança nacional. É pela devolução da confiança no governo de um país continental, populoso e economicamente relevante.

A segunda lição a aprender é dolorosa e preconiza uma transformação ascética a que poucas lideranças aceitariam submeter-se. Os remédios e os quadros necessários para conduzir os assuntos públicos daqui para a frente estão do outro lado da rua, na franja do PMDB subitamente convertida ao liberalismo e no PSDB.

Dilma pode resistir de braços dados com o PT, mas não vai evitar que a agenda desses adversários se imponha, mais cedo (pelo impeachment) ou mais tarde (pelas derrotas do petismo nas eleições e nos tribunais).

Enquanto durar a resistência dessa maneira, a presidente submeterá as finanças públicas e a economia a doses extras e desnecessárias de sofrimento.

Alternativamente, Dilma Rousseff pode, imbuída de profunda humildade e genuína autocrítica, atravessar a rua e propor um governo de coalizão, para começar já, com os melhores quadros daqueles grupos hoje seus rivais, abraçando diretrizes definidas no programa antipetista "Ponte para o Futuro", lavrado pelo peemedebismo em torno de Michel Temer.

Neste caso, como antídoto para os efeitos colaterais da "despetização" do governo, Dilma Rousseff terá na manga a carta da renúncia, tudo o que Lula e o PT não desejam.

Como a presidente pôde perceber nesta semana, seu partido e seu padrinho não estão preocupados com a sua deposição, mas sim com a narrativa da queda: haverá de ser pela via do impeachment, para produzir uma mártir e um discurso oposicionista que ajudem a evitar o fratricídio da legenda durante a travessia do deserto, que se aproxima no horizonte.

Dilma não precisa caminhar docemente para a pedra sacrificial como um cordeiro de Lula. Basta erguer a cabeça, perceber para onde está navegando o transatlântico brasileiro e tentar incluir-se, ainda com certo protagonismo, nessa mudança histórica de curso.

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