Regionais : Banqueiro: cela com TV, lavatório e buraco sanitário
Enviado por alexandre em 28/11/2015 14:45:51


Da Folha de S.Paulo – Marco Antônio Martins

Alternando momentos de abatimento com de uma aparência tranquila, o banqueiro André Santos Esteves, 47, passou nesta sexta (27) o seu primeiro dia na Cadeia Pública Pedrolino de Oliveira, na zona oeste do Rio.

Esteves está sozinho numa cela. Há 138 detentos na unidade, que tem capacidade para 154 presos. A edificação tem celas individuais, para quatro, oito ou 40 pessoas.

Também conhecida como Bangu 8, a prisão é chamada, entre agentes penitenciários do Rio, de "cadeia dos VIPs". O apelido foi dado quando o também banqueiro Salvatore Cacciola, do banco Marka, esteve preso no localpor três anos, entre 2008 e 2011.

De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária do Rio, André Esteves almoçou uma refeição simples, com arroz, feijão, salada, farinha e carne, acompanhados de um refresco. No jantar, teria a opção de trocar o arroz por um macarrão.

O dono do BTG Pactual recebeu uma calça azul, uma camisa branca, toalha e sabonete. O banqueiro não teve o cabelo cortado –prática comum, mas não uma regra formal no sistema penitenciário fluminense.

André Esteves ainda se adapta às normas e às características da cadeia.

Ao entrar na prisão, ele foi conduzido até a cela por dois agentes penitenciários. O local tem cerca de seis metros quadrados. Há uma televisão, que permaneceu desligada durante toda a noite.

De acordo com agentes penitenciários, Esteves demorou a dormir. Por volta das 7h recebeu um copo de café com leite e um pão com manteiga.

Em sua cela, há ainda um lavatório e um sanitário, um buraco ligado à rede de esgoto, chamado de "boi".

Esteves pode receber de suas visitas um ventilador de 30 centímetros de altura e livros. Todos os detentos possuem este direito.

Durante o dia, o banqueiro pôde deixar a cela por duas horas para tomar banho de sol. Ele permaneceu a maior parte do tempo calado.

A unidade onde ele está confinado tem 110 presos por atrasarem o pagamento da pensão alimentícia. Os outros detentos são advogados e empresários. Nenhum deles é considerado de alta periculosidade.

Esteves encerrou o seu dia bebendo um guaraná e comendo um bolo.

Um perfil do banqueiro preso



Do zh:

O banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, foi preso pela Polícia Federal na manhã da sexta-feira, na casa da família, no Rio de Janeiro, em uma nova fase da Operação Lava-Jato.

Apontado como um dos envolvidos nas irregularidades que levaram também à prisão o senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo na Casa, na manhã desta quarta-feira, Esteves é considerado uma das personalidades mais influentes do mercado financeiro.

Graduado em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o empresário começou a carreira no Banco Pactual, em 1989, quando tinha 21 anos e ainda estava na faculdade. Quatro anos depois, tornou-se sócio da instituição. No fim de 2008, deixou o cargo para fundar a BTG que, logo depois, recomprou o Banco Pactual.

Assim, fundou o BTG Pactual, conglomerado que se tornou, hoje, o maior banco de investimentos do Brasil, responsável por administrar R$ 138,6 bilhões.

Aos 37 anos, André Esteves era o mais jovem bilionário brasileiro. Hoje, aos 46 anos, acumula um patrimônio de US$ 2,1 bilhões. Segundo a revista Forbes, o brasileiro está classificado na posição de número 628 no ranking “Bilionários do Mundo”.

Em fevereiro deste ano, André Esteves viu seu banco citado pelo doleiro Alberto Youssef em sua delação premiada. Youssef acusava o pagamento de uma propina de R$ 6 milhões na venda de postos de combustíveis de uma distribuidora comprada pelo BTG Pactual para a BR Distribuidora.

Em junho, o banqueiro foi citado em um bilhete apreendido pela Polícia Federal, escrito na prisão, pelo presidente da maior empreiteira do país, Marcelo Odebrecht. No bilhete, Odebrecht utilizava a expressão “destruir e-mail sondas”.

Esteves é também acionista da Sete Brasil— empresa investigada pela Operação Lava Jato e criada para fornecer equipamentos à Petrobrás, entre eles sondas para exploração de petróleo.

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