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Enviado por alexandre em 25/11/2015 10:22:18

Lula diz a aliados que é o alvo político da Lava jato

Postado por Magno Martins

Da Folha de S.Paulo - Cátia Seabra

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (24), que a prisão de seu amigo José Carlos Bumlai só comprova que ele é o alvo político de responsáveis pela Operação Lava Jato.

"Ele sabe o que querem com isso", admitiu o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

Okamotto diz que "não há como negar que Bumlai tinha intimidade com o ex-presidente".

"Ele participava de festas, fez visitas ao instituto. Mas não sei se era amigo [de Lula]. O que é ser amigo na sua opinião?", argumenta Okamotto, dizendo que Lula não avalia a prisão como "um cerco", mas como uma "chateação".

Ainda segundo aliados com quem o ex-presidente conversou, Lula reclama do que, na sua opinião, seria uma condução "espetaculosa" da investigação e "sabe que querem atingi-lo politicamente". Suas críticas são também ao juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato.

Mais dois colaboradores usaram a expressão "chateado" para descrever o estado de espírito do ex-presidente. Segundo seus aliados, Lula avalia que o "estrago" à sua imagem será irreversível, ainda que as investigações concluam sem apresentar qualquer prova de sua participação em desvios.

"É como as operações da polícia no Rio de Janeiro. Fazem cem vítimas para atingir um criminoso. Será esse o método correto?", pergunta Okamotto.

SEM AVAL

De acordo com relato de aliados, Lula voltou a reclamar de Bumlai e temrepetido : "Se ele fez alguma coisa, não foi com meu aval".

Embora reconheça que o amigo possa ter se valido dessa intimidade em benefício próprio, Lula se queixou da forma com que a prisão foi executada, sempre com exposição na imprensa.

Nas suas conversas, ele cita outros exemplos do que seriam exageros, como uma busca e apreensão na casa de seu filho, Luiz Cláudio, às 23h.

Integrantes da direção do Instituto Lula afirmam que, seguindo orientação de Lula, preferem acompanhar os desdobramentos do caso antes de se manifestar.



Não há nenhuma prova contra Lula,diz o juiz Moro

Postado por Magno Martins

No despacho em que determinou a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula suspeito de intermediar propinas envolvendo contrato de navio-sonda da Petrobras, o juiz Sérgio Moro enfatizou que não existe nenhuma prova ou indício da participação do ex-presidente nos atos ilícitos investigados.

"Não há nenhuma prova de que o ex-presidente da República estivesse de fato envolvido nesses ilícitos, mas o comportamento recorrente do investigado José Carlos Bumlai levanta o natural receio de que o mesmo nome seja de alguma maneira, mas indevidamente, invocado para obstruir ou para interferir na investigação ou na instrução", sentenciou Moro na decisão.

Para o magistrado, a prisão de Bumlai foi feita também para conter eventuais danos à reputação do ex-presidente. Fatos da espécie teriam o potencial de causar danos não só ao processo, mas também à reputação do ex-Presidente, sendo necessária a preventiva para impedir ambos os riscos", afirmou.

Bumlai é suspeito de ter tomado um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao banco Schahin, recurso que, segundo os investigadores e com base em delações dos próprios executivos do banco, teria como objetivo ser repassado ao PT.

O fato de Lula não ser alvo da 21ª fase da operação Lava Jato, batizada de "Passe Livre", também foi destacado pelo procurador da República Carlos Fernando dos Santos. Em entrevista na sede da PF em Curitiba, ele disse que não é possível calcular o envolvimento de Lula nas operações financeiras. "Havia o uso do nome do ex-presidente, mas até o momento, em nossos levantamentos não houve alguma intercessão, apenas ouvimos nos depoimentos que as ordens vinham de cima", comentou.

Sérgio Moro considerou a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, alvo central da Operação Passe Livre, deflagrada nesta terça-feira, 24, necessária dentro de um contexto de corrupção sistêmica e profunda. "Embora as prisões cautelares decretadas no âmbito da Operação Lava Jato recebam pontualmente críticas, o fato é que, se a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso", diz Moro, em decisão do dia 19.

"Se os custos do enfrentamento hoje são grandes, certamente serão maiores no futuro. O país já paga, atualmente, um preço elevado, com várias autoridades públicas denunciadas ou investigadas em esquemas de corrupção, minando a confiança na regra da lei e na democracia."
Para o juiz da Lava Jato, a liberdade de Bumlai representaria um "risco à ordem pública".


Prisão de Bumlai tira Lula do altar de intocáveis

Postado por Magno Martins

Josias de Souza

A força-tarefa da Operação Lava Jato vinha mastigando pelas beiradas, há meses, a imagem sacra de Lula. A prisão do primeiro-amigo José Carlos Bumlai, efetivada nesta terça-feira, retira o ex-presidente petista, por assim dizer, do altar dos intocáveis da política. O alvo dos investigadores está impresso no nome da nova fase do processo: “Passe Livre”. Durante os dois reinados de Lula, Bumlai ficou conhecido no Planalto como a segunda pessoa com livre acesso à maçaneta do gabinete presidencial. A primeira era Marisa Letícia, a mulher de Lula.

Durante anos, Lula manteve seu prestígio escorado numa hipotética percepção de castidade presumida. Ao investigá-lo, mesmo que pelas bordas, a turma da Lava Jato como que descanoniza o personagem. Algo que as ruas já haviam feito ao recepcionar o pixuleco, aquele gigantesco boneco inflável de Lula, vestido de presidiário. Até o asfalto já pressentia que um novo fantasma atormentaria Lula. Chama-se Sérgio Moro.

O juiz da Lava Jato está para o petrolão como o ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa estava para o mensalão. Com duas diferenças: as delações proliferam e Lula, agora sem mandato, está ao alcance da primeira instância do Judiciário. A intimidade que o vincula ao amigo Bumlai é mais um desafio à integridade da tese do “eu não sabia”.

Bumlai tornou-se hóspede do PF’s Inn, em Curitiba, depois que seu nome jorrou dos lábios de dois personagens que suam o dedo em troca de benefícios judiciais. Um dos delatores, o lobista Fernando Baiano, disse ter repassado ao primeiro-amigo propina de R$ 2 milhões. Na versão do depoente, Bumlai lhe disse que o dinheiro seria usado para liquidar dívida imobiliária de uma nora de Lula.

Outro delator, o empresário Salim Schahin, disse ter perdoado um empréstimo de R$ 12 milhões que Bumlai contraíra no Banco Schahin. Pendurou o débito nas asas de um elefante depois que seu grupo empresarial amealhou, graças à intermediação de Bumlai, um contrato de R$ 1,6 bilhão na Petrobras. No depoimento do delator, Bumlai repassou o dinheiro do empréstimo fictício para o PT.

Na versão do amigo de Lula, a dívida foi contraída para a aquisição de uma fazenda. Mas o negócio micou. E Bumlai, um pecuarista de mostruário, diz que pagou a dívida cedendo embriões de gado ao credor. Seria um caso raro de instituição financeira que entrega milhões a um cliente e aceita esperma de boi como pagamento. Acrescida de juros e correção monetária, a dívida contraída por Bumlai ultrapassou a cifra de R$ 20 milhões. Para o juiz Moro, há “fraude'' na transação.

Na noite da última sexta-feira, discursando num congress da Juventude do PT, em Brasília, Lula disse: “Uma coisa que me preocupa nesse momento é a tentativa de vários setores dos meios de comunicação, de vários setores da sociedade, de induzir a sociedade brasileira a não gostar de política, de induzir a acreditar que a palavra política por si só está apodrecida”.

Conforme já comentado aqui, Lula tem razão num ponto: a política, outrora vista como a segunda profissão mais antiga do mundo, agora se parece muito com a primeira. Mas o que causa o fenômeno são os fatos, não o noticiário. A prisão de Bumlai demonstra que Lula faria um bem a si mesmo se parasse de se preocupar com o noticiário e começasse a olhar ao redor.

Bumlai não é o único foco a merecer a preocupação de Lula. Há outros. Por exemplo: a Polícia Federal investiga a suspeita de que a empreiteira OAS, enrolada no cartel que pilhou a Petrobras, bancou obras que converteram num pedaço de paraíso um sítio frequentado por Lula e pelo clã Silva. Fica na cidade de Atibaia (SP). E está registrado em nome de dois sócios de Fábio Luís da Silva, filho do morubixaba do PT.

As benfeitorias teriam sido providenciadas pelo ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, outro amigo de Lula, a essa altura um personagem já bem distante daquele político sacralizado cuja imagem parecia protegida por um teflon impermeável a tudo —exceto, talvez, ao óleo queimado do petrolão.

 

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