Menor que a cadeira
Postado por Magno Martins
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
É cada vez mais escancarada a forma como Eduardo Cunha usa a presidência da Câmara para intimidar adversários, chantagear o governo e se blindar contra as investigações da Lava Jato.
Conhecido por manobrar o regimento a seu favor, o peemedebista já havia deixado claro que fará o possível para atrasar seu processo no Conselho de Ética. Só para numerar a representação, a Mesa da Câmara, subordinada a ele, consumiu 14 dias.
Agora Cunha mobiliza sua tropa de choque para tentar intimidar os deputados que ousam contestá-lo. O exemplo mais gritante da ofensiva é a tentativa de cassar o mandato do líder do PSOL, Chico Alencar.
O pedido foi apresentado nesta quinta pelo deputado Paulinho da Força, presidente do partido Solidariedade. Fiel escudeiro de Cunha, ele acusou Chico de "contratar empresas fantasmas com notas frias".
O caso já foi investigado e arquivado pelo Ministério Público Federal, que não viu "qualquer ato de improbidade administrativa". Requentada pelo subserviente Paulinho, a acusação depõe apenas contra o acusador.
A tropa do presidente da Câmara também providenciou uma moção de censura contra Silvio Costa, que o acusou de "proteger bandido" numa CPI. O novo tiro saiu pela culatra, porque o deputado do PSC ganhou mais palanque para atacar o rival.
A ofensiva institucional contra desafetos é mais uma amostra de que Cunha ficou menor que a cadeira de presidente da Câmara. A cada dia que consegue permanecer no cargo, o peemedebista contribui para apequenar todo o Parlamento.
Michel Temer inovou. Eleito vice-presidente em 2014, com promessas registradas no TSE, decidiu subscrever e divulgar um novo "programa de governo" em nome do PMDB.
Faltou explicar se pretende esperar a eleição de 2018 ou se vai aderir publicamente ao movimento para derrubar a ex-colega de chapa.
PT: Lula é alvo de armações da PF, MPF e Judiciário
Postado por Magno Martins
Josias de Souza
Em resolução política aprovada pelo seu Diretório Nacional, o PT anotou que Lula foi “transformado em alvo prioritário de armações que se multiplicam em núcleos da Policia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário vinculados a operações supostamente anticorrupção.” Para o partido de Dilma Rousseff, os investigadores, procuradores e magistrados que alvejam Lula praticam “sabotagem política, sempre em aberto conluio com grupos monopolistas de comunicação.”
Sem dar nome aos hipotéticos sabotadores, o PT enumerou os abusos que, segundo a sua visão, vêm sendo praticados na perseguição a Lula: “Vazamentos seletivos, prisões abusivas, investigações plenas de atropelo e denúncias baseadas em delações arrancadas a fórceps e sem provas comprobatórias, desrespeito ao devido processo legal , ao amplo direto de defesa dos acusados e prerrogativas no exercício profissional de seus defensores.”
Nas palavras do PT, tais práticas “revelam a apropriação de destacamentos repressivos e judiciais por grupos subordinadas ao antipetismo, que atuam com o intuito de extinguir o Partido dos Trabalhadores e difamar o maior líder popular da história brasileira.” O que o PT declarou em sua resolução, com outras palavras, foi o seguinte:
1. Dono de uma presunção vitalícia e irrevogável de inocência, Lula não é personagem passível de investigação.
2. A PF, a Procuradoria e o Judiciário tornaram-se abrigos de sabotadores;
3. Entre os sabotadores estão o ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça), que não controla a PF; o procurador-geral da República Rodrigo Janot, que remeteu ao STF delações premiadas como aquela em que o operador de propinas Fernando Baiano diz ter repassado R$ 2 milhões a uma nora de Lula, por meio do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidnete; e até o sisudo ministro Teori Zavascki, que, além de remeter a delação de Baiano para o juiz Sérgio Moro, autorizou um delegado federal a interrogar Lula na Lava Jato.
O PT esqueceu de mencionar em sua resolução os “sabotadores” escondidos na Receita Federal, que esquadrinham o Imposto de Renda de Luiz Cláudio Lula da Silva, o filho de Lula investigado no inquérito que apura a comercialização de medidas provisórias.
Os ataques a Lula, sustentou o PT em sua resolução, “fazem parte da escalada contra conquistas de nosso povo e devem ser rechaçados com o máximo vigor.” Órgão máximo da direção partidária, o Diretório Nacional do PT conclamou os militantes petistas e “todos os democratas a defenderem o legado e o papel histórico do ex-presidente Lula.”
Beleza. Mas convém convocar para a defesa também um grupo de bons advogados. As operações Lava Jato e Zelotes são bem mais efetivas do que supõe o PT em suas suposições sobre as apurações “supostamente anticorrupção''.
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