Jânio: Há dez meses o país está ingovernável
Postado por Magno Martins
Em um duro artigo contra o golpe publicado neste domingo 25, o jornalista Janio de Freitas afirma que "o que houve no governo Collor foi como um mal-estar. Não afetou as instituições e sua prioridade democrática", diferente do que ocorre atualmente. "Não se pode dizer o mesmo do Brasil atual. Há dez meses o país está ingovernável", escreve o colunista.
"À parte ser promissor ou não o plano econômico do governo, o Legislativo não permite sua aplicação. E não porque tenha uma alternativa preferida, o que seria admissível. São propósitos torpes que movem sua ação corrosiva, entre o golpismo sem pejo de aliar-se à imoralidade e os interesses grupais, de ordem material, dos chantagistas. Até o obrigatório exame dos vetos presidenciais é relegado, como evidência a mais dos propósitos ilegais que dominam o Congresso. A Câmara em particular, infestada, além do mais, por uma praga que associa a criminalidade material à criminalidade institucional do golpe", ataca Janio.
"A ingovernabilidade e, sinal a considerar-se, o pronunciamento político contra a figura presidencial, pelo comandante do Exército da Região Sul, são claros: se ainda temos regime constitucional, já não estamos sob legítimo Estado de Direito", alerta, ainda, o jornalista. Em sua visão, "a democracia institucional desaparece".
Leia aqui na íntegra o artigo de Jânio de Freitas
2016: Dilma impopular será escondida por Haddad
Postado por Magno Martins
A baixíssima popularidade de Dilma Rousseff em São Paulo forçará o prefeito Fernando Haddad a esconder a correligionária durante as eleições. O núcleo político do petista tem recomendado um descolamento gradual durante a campanha pela reeleição. A distância deve ficar cada vez mais nítida à medida que a corrida municipal se aproxima. Haddad não descarta expor publicamente o que diz no reservado: que o bloqueio de recursos devido à crise fez o PAC na capital parar. A avaliação e de Natuza Nery, na sua coluna da Folha de S.Paulo desta segunda-feira;
Segundo Nery, quando provocado sobre o assunto, Haddad afirma que papel de prefeito não é fazer oposição ao presidente da República. O que não significa deixar de dizer a verdade, completa ele.
O prefeito, a propósito, repetiu a aliados o que sinalizou publicamente: “De zero a dez, a chance de eu deixar o PT é zero”.
Pedaladas bancaram grandes empresas e produtores
Postado por Magno Martins
Da Folha de S.Paulo – Dimmi Amora
Cerca de 35% dos valores envolvidos nas manobras cometidas pelo governo federal que ficaram conhecidas como pedaladas fiscais estão relacionados a financiamentos subsidiados para empresas e produtores rurais de médio e grande porte.
Os dados, enviados à Folha pelo BNDES e pelo Banco do Brasil, contrariam a versão apresentadapelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente Dilma Rousseff segundo a qual as pedaladas –aventadas comomotivo para o impeachment da petista– foram destinadas a pagar programas sociais como o Bolsa Família.
O artifício consistiu em utilizar recursos dos bancos públicos para o pagamento de despesas da alçada do Tesouro Nacional. Com isso, os balanços do governo apresentaram, durante o ano passado, resultados artificialmente melhores, driblando a necessidade de cortar gastos.
De acordo com os cálculos do TCU (Tribunal de Contas da União), quereprovou as contas federais de 2014, o expediente retirou indevidamente R$ 40 bilhões da apuração da dívida pública.
Desse total, segundo números fornecidos pelos bancos estatais, algo como R$ 14 bilhões foram referentes a empréstimos a grandes empresas e médios e grandes proprietários rurais.
Essas operações têm juros inferiores às taxas de mercado, e o governo tem de compensar os bancos pelas perdas –o que não vem ocorrendo integralmente. Por isso, o TCU considerou que os bancos financiaram o Tesouro, transação vedada por lei.
Dilma, prisioneira de agendas
Postado por Magno Martins
Valdo Cruz - Folha de S.Paulo
Para quem tem memória curta, é bom lembrar. A nova equipe econômica do governo Dilma começou o ano propondo fechar 2015 com as contas no azul, na casa de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto), algo próximo de R$ 70 bi.
Dez meses depois, a equipe refaz seus cálculos, dá uma olhada nos passivos das pedaladas fiscais e descobre que pode encerrar o ano com um rombo de no mínimo R$ 70 bi, os mesmos 1,2% do PIB.
A diferença é que antes era para tudo ficar no azul. Agora, os sinais estão invertidos. Sai o positivo, entra o negativo. Dilma foi parar no cheque especial, está no vermelho. Não consegue economizar para pagar os juros da dívida pública.
Resultado, a equipe econômica termina o ano tocando um samba de uma nota só, a do ajuste fiscal, às voltas com brigas e divergências sobre como fazer para colocar as contas públicas nos eixos.
Tal ambiguidade, reflexo da falta de convicção da presidente no caminho escolhido, aprisionou o governo à agenda fiscal. Mas não foi só isto. O pior foi Dilma ter ficado prisioneira de outra agenda em 2015, a do seu impeachment.
Virou presa fácil das chantagens dos aliados. E não adianta jogar a culpa na oposição, dizendo que ela não aceitou o resultado da eleição. Não tivesse dado motivos para tal ameaça, ela teria saído das cordas.
Não saiu por causa da fantasia da campanha eleitoral, das trapalhadas econômicas e do petrolão. Agora, na reta final do ano, dá uma respirada e afasta um pouco o fantasma do seu impedimento.
O tempo é curto, mas seu novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, enxerga nele uma janela de oportunidade para mudar de assunto, aprovar medidas econômicas a fim de sair da armadilha fiscal e tirar o país da atual letargia.
Sem êxito nessa missão, porém, é questão de tempo a volta do discurso do impeachment. Logo ali, em 2016, tempo de mais recessão. |