Regionais : Somos professores e merecemos reverências. Por Luiz Carlos Polini
Enviado por alexandre em 23/10/2015 22:04:36


Todos os cidadãos ao longo de sua existência passaram, passam ou irão passar pelo crivo de um PROFESSOR, e por isto cito aqui neste artigo que merecemos sim, sermos reverenciados. Mas é preciso também alguma reflexão sobre nossa honrosa e importante profissão: Como nós profissionais nos constituímos? Qual é a nossa identidade e o nosso papel social nos tempos atuais?

Uma grande parcela tem como parâmetro as utilizações e a sabedoria da ternura de Paulo Freire a resposta para a primeira questão. Numa reflexão sobre a profissão docente Freire fez a seguinte afirmação: “Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às 4 horas da tarde... Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática.”
Todos aqueles que abraçaram o magistério como profissão sabem o quanto essa afirmação é verdadeira. A formatura, nos cursos de licenciatura, nos torna legalmente aptos a lecionar, autorizados a exercer o ofício de ensinar. Contudo, é a partir do dia em que se inicia o exercício do magistério que começamos a nos tornar professores. Ao entrar em sala de aula, com alunos oriundos de meios sociais e culturais distintos, que trazem conflitos e dificuldades de diversas naturezas que interferem na aprendizagem... é nesse momento que o docente inicia sua prática e a reflexão sobre a prática.

Ao assumir compromisso com o ensino, nós professores seremos tomados por inquietações que nos acompanharão por toda a vida: Como ensinar? Será que meus alunos estão aprendendo? Que estratégias e recursos podem facilitar a aprendizagem? Para que estou ensinando? Ao se fazer tais interrogações mobiliza os conhecimentos obtidos na formação inicial e/ou continuada e assim a prática vai exigindo a contínua reflexão sobre a prática que se modifica e se aprimora. Aos poucos vamos se constituindo num constante exercício teórico-prático sempre com o objetivo de que os alunos aprendam. Não há rotina enfadada no trabalho docente. Há sempre o que melhorar, o que aprender, o que refazer e de outra forma.


Esse processo de formação – que é uma práxis – não está descolado da identidade social e do valor político dos professores. Ao contrário, depende dessa identidade e dessa valorização. Aqui entra a segunda questão a ser discutida.

Nós professores somos os profissionais com um dos papeis mais importantes para a transformação social. Muito mais do que simplesmente exercer a docência ele vincula sua ação profissional com a prática social, trabalha em favor do pensamento autônomo e crítico e pode produzir, com seus alunos, novos conhecimentos, que contribuam para uma sociedade mais humanizada.

Assim, o nosso trabalho docente ultrapassa a necessária competência técnico-científica. Exige profundo conhecimento histórico e político para que possa ensinar de modo contextualizado o saber específico que leciona, abordando-o nas suas dimensões sociais e culturais, o que possibilita a formação crítica dos seus alunos. Trata-se de uma profissão potencialmente revolucionária.

Há, então, uma relação intrínseca, uma indissociabilidade entre o processo de se tornar um professor – que é subjetivo – e o papel social e político desse profissional – que é construído pela sociedade e pelas relações políticas de cada época.

Então, em condições sociais favoráveis à educação o professor é valorizado, se aprimora e seu trabalho contribui com mais efetividade para a transformação social. Por outro lado, em condições desfavoráveis à educação há cada vez menos interessados no magistério, há um esvaziamento das licenciaturas e o professor em atuação se enfraquece, perde vigor social, torna-se um profissional frustrado e infeliz.

Por isso, a maior homenagem que se pode prestar para nós professores vai além de reconhecer a nossa importância como profissional, ultrapassando as palavras emocionadas que nos elogiam. A maior homenagem que merecemos reverências, é manter constantemente em pauta a discussão sobre a formação do professor e suas condições de trabalho. E todos nós, como sujeitos que constituem a sociedade, assumirmos a nossa parte da responsabilidade pela educação que temos hoje. Assim poderemos dar um Viva para nós PROFESSORES!

Luiz Carlos Polini
Colaborador do ouropretoonline
Graduado em Geografia e História
Especialista em Educação e Gestão Ambiental.

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