A corrupção não acabou ontem Postado por Magno Martins Bernardo Mello Franco - Folha de São Paulo Um corrupto confesso, preso e condenado na Operação Lava Jato, foi o autor da melhor definição para o sistema que financia as campanhas eleitorais no país. "Esse negócio de doação oficial é a maior balela que tem no Brasil", disse o criminoso. "Nenhuma empresa vai doar milhões porque gosta de fulano de tal. As doações não são doações, são empréstimos. A empresa está emprestando ao cara e depois vai cobrar dele." As palavras de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, resumem uma realidade que nenhum discurso pode escamotear. Os grandes financiadores não são entidades filantrópicas. Têm interesses diretos na administração pública e cobram caro de quem ajudam a eleger. O dinheiro das campanhas está por trás dos maiores escândalos de corrupção das últimas décadas, do caso PC ao petrolão. Os propinodutos são montados nos palanques e ganham volume ao alcançar os palácios e sedes de estatais. No julgamento concluído nesta quinta, o Supremo Tribunal Federal entendeu que as doações privadas contrariam a Constituição porque desequilibram o jogo democrático. As empresas não têm direito a voto, mas exercem peso demais na escolha dos eleitos. Hoje a maior bancada do Congresso não é do PT, do PMDB ou do PSDB. É a das empreiteiras, seguida pelas dos bancos, das seguradoras e dos frigoríficos. O veto às doações privadas é um passo importante, mas tratá-lo como uma solução mágica contra a corrupção será outra balela. As grandes empresas continuarão de olho no dinheiro público, e o Estado continuará a precisar delas para tocar obras e conceder serviços. Sem as doações, os interessados buscarão outros meios para garantir vantagens e favorecimentos. Será preciso reforçar a fiscalização contra o caixa dois, baratear o custo das campanhas e impedir novas fraudes nas contribuições registradas por pessoas físicas.
Governo já admite mudanças no pacote fiscal Postado por Magno Martins
Kennedy Alencar O governo já discute medidas para substituir parte do pacote econômico anunciado na segunda-feira. Em visita ao Congresso Nacional nesta quinta, os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) negaram a existência de um “plano B” para a crise econômica. O governo não pode dizer que já pensa em medidas alternativas apenas três dias depois de anunciar o novo pacote de esforço fiscal. Mas hoje o governo debateu com deputados a possibilidade de legalizar o bingo e as máquinas caça-níqueis. E Levy conversou com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre aprovar outras medidas para compensar eventuais mudanças no pacote. |