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Enviado por alexandre em 10/09/2015 09:50:22

Agência tira do Brasil grau de bom pagador

Da Folha de S.Paulo

A agência de classificação de risco Standard & Poor's cortou nesta quarta-feira (9) a nota de crédito do Brasil, retirando o selo de bom pagador do país. O Brasil teve a nota rebaixada de BBB- para BB+. A agência colocou a nota em perspectiva negativa, o que aponta grande possibilidade de novo rebaixamento. Em comunicado, a S&P disse que os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuam a crescer, pesando sobre a habilidade e capacidade do governo de submeter ao Congresso um orçamento para 2016 consistente com o ajuste sinalizado durante a primeira parte do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

A perspectiva negativa, complementa a agência na nota, significa que a S&P tem grandes chances de fazer novo rebaixamento da nota caso a "deterioração da situação fiscal do país persista". A S&P foi a primeira das três principais agências de classificação de riscos a conceder ao Brasil o selo de bom pagador, em abril de 2008, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E agora é a primeira a colocar o Brasil de volta ao grau especulativo.

OUTRAS AGÊNCIAS

A decisão da S&P ocorre menos de um mês após a agência de classificação de risco Moody's cortar a nota do país para Baa3 — o último nível do grau de investimento. A perspectiva, porém, foi colocada como estável. Na Fitch, o Brasil está a dois níveis do grau especulativo, mas a agência já sinalizou que vai revisar a nota do país em breve.

Manter o selo de bom pagador era importante para o Brasil porque grandes fundos internacionais possuem regras impedindo-os de investir em títulos de países com grau especulativo. A maior parte tem como regra que ao menos duas agências classifiquem o país como grau de investimento. Além disso, quanto melhor a classificação, menor o custo da dívida para o país.

Rebaixamento será revertido, diz ministro

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou nesta quarta-feira (9) que o Brasil continuará honrando todos os seus compromissos financeiros, em entrevista após o país ter perdido o selo de bom pagador da agência de risco Standard & Poor's. Barbosa disse que o Brasil vai se recuperar e o rebaixamento do rating será revertido à medida que a situação melhorar.

Segundo ele, o governo está trabalhando em propostas para melhorar as contas públicas, principal preocupação das agências de risco com Brasil, sobretudo após proposta orçamentária deficitária para 2016.

Ele disse que o governo quer passar uma mensagem de segurança e que continua no esforço de recuperar a economia. Ele também ressaltou que o rebaixamento "não muda a trajetória". "O governo está buscando os caminhos para a recuperação. Essa avaliação será revertida", completou.

Ele afirmou ainda que o rebaixamento da nota do Brasil foi uma "surpresa", que a notícia "não é boa", mas "pode ser revertida". "Foi surpresa? Sim. Temos trabalhado para manter o grau e melhorar a avaliação. Esta notícia não é boa e pode ser revertida. O governo brasileiro tem todos instrumentos para resolver a questão fiscal do pais. Cabe ao Executivo propor medidas e tramitar no Congresso. Temos que respeitar o rito", declarou.

"As pessoas podem ficar tranquilas. É apenas uma avaliação de uma agencia de risco, que é importante. Nós trabalhamos para ter sempre a melhor avaliação por parte do mercado e por parte de todos agentes da economia", afirmou. "Estamos em uma fase de transição, de travessia, de dificuldade econômica, que outros países já atravessaram. Tenho certeza de que esta avaliação será revertida assim que as coisas melhorarem. Estamos trabalhando intensamente para melhorar as condições fiscais do Brasil e para manter empregos", afirmou.


Decisão da agência surpreende e reforça Levy

Kenndey Alencar

A perda do grau de investimento na S&P (Standard & Poor’s) surpreendeu o governo e deverá reforçar as posições do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no embate com os colegas Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Planejamento).

Na semana passada, em reunião com Dilma, Mercadante e Barbosa, Levy fez um alerta sobre o risco de perder o grau de investimento, que é o selo internacional de bom pagador.

Hoje, a agência internacional de avaliação de risco e classificação S&P reduziu a nota de crédito do país. Retirou a recomendação de grau de investimento e colocou o país no grau especulativo, em que haveria risco de calote. A gota d’água teria sido o envio ao Congresso de um Orçamento Geral da União para 2016 com previsão de deficit primário (R$ 30,5 bilhões).

A retirada do grau de investimento na S&P é a maior derrota econômica da presidente Dilma Rousseff no segundo mandato. O governo perde margem de manobra política e vê a crise se agravar.

A S&P é a mais importante e mais respeitada agência de avaliação de risco. Se for seguida pelas demais, como parece ser a tendência, isso agravará a situação econômica do Brasil ainda mais. Alguns fundos de investimentos, chamados de passivos, têm no estatuto regra que prevê que sigam a nota de crédito de duas agências para colocar ou tirar dinheiro de um país. Outros fundos não têm essa amarra e podem agir com base na avaliação de uma única agência.

Integrantes do mercado financeiro também se disseram surpresos com a decisão da S&P. Não esperavam que fosse tão repentina. Há previsão de estresse na Bolsa brasileira amanhã.

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