Regionais : Lula diz ter as costas largas e não está morto
Enviado por alexandre em 30/08/2015 19:43:33

Lula diz ter as costas largas e não está morto

Acuado pela crise que dragou seu partido e investigado por suspeitas de tráfico de influência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (29) que reagirá contra adversários que dizem que ele "está morto".

"Só se mata pássaro que está parado no galho. Então, é o seguinte: voltei a voar", disse Lula, um dia depois de cogitar a possibilidade de se candidatar novamente à Presidência nas próximas eleições.

O ex-presidente afirmou que tem "as costas largas" e que vai trabalhar para que os adversários passem a se "incomodar" com ele e deem um "pouco de sossego" à sua sucessora e afilhada política, a presidente Dilma Rousseff.

Discursando ao lado do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica num evento promovido pela Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), berço do PT, o ex-presidente disse que decidiu falar mais agora, porque "não se cria líderes como você faz pão".

O petista afirmou que sua sigla é vítima de uma tentativa de "criminalização" e que não entende o "ódio, a raiva irracional" contra o PT. "Pode ser que tenham razão em algumas críticas, mas de onde vem esse ódio?", indagou.

Em julho, a Procuradoria-Geral da República no Distrito Federal abriu investigação para apurar suspeitas de que Lula usou sua influência para favorecer obras da empreiteira Odebrecht no exterior.(Da Folha de S.Paulo)


Um pelo outro sem querer volta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Chagas

Ao eleitor, ao menos por enquanto, resta dar um pelo outro  e não querer volta.

Quando o Lula declara não poder dizer se será ou não candidato à presidência da República, em  2018, na realidade está  dizendo que hoje, não seria. Amanhã, só se o vento virar. O ex-presidente tem consciência de que o PT, Dilma,  e ele próprio,  perderam a confiança nacional. Fossem as eleições na próxima semana e nem  o segundo lugar Lula  conquistaria, tamanha a rejeição popular causada pela lambança encenada no governo. Lançar-se para perder,  o primeiro-companheiro não admite. Prefere ficar entre o  triplex quase pronto no Guarujá, o sítio que frequenta bissextamente e uma ou  outra viagem ao exterior que as empreiteiras se arrisquem a proporcionar-lhe. Aceitará convites de sindicatos e  associações ligadas ao PT para sinalizar que está vivo, mas concorrer outra vez parece por enquanto  fora de seus planos.  Mesmo mantendo aberta uma fresta de janela, não arriscará.  Três anos e picos são muito tempo.

Se porventura afastada a hipótese de o ex-presidente concorrer, obviamente para não perder, importa menos saber  quem o PT convocará para o sacrifício, se Jacques Wagner, Aloísio Mercadante, Rui Falcão ou qualquer outro condenado  ao papel de figurante.  É para o  lado  de lá que as atenções devem  voltar-se.   Aécio Neves, Geraldo Alckmin ou  José Serra compõem um elenco sem surpresas, ainda que preparando-se  para embates violentos entre eles.  Correndo por fora, Marina Silva e,   outra vez posicionado,  Ciro Gomes. Do  lado oposto   da  cerca, Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Rodrigo Janot e que novos modelos pouco ortodoxos poderiam ser pinçados?

De todo esse raciocínio sem maior expressão, conclui-se  pela ausência de um candidato capaz de despertar esperanças e expectativas, por razão muito simples: nenhum dos nomes referidos, a começar pelo Lula, dispõe de mensagem, programa ou contingente organizado  capaz de empolgar os eleitores.  Nada de novo no  front além de velhas trincheiras cavadas em árido terreno.   Partidos capengas e carentes de personalidade  misturam-se sem ensejar à  sociedade um rumo alternativo. Nada que empolgue ou aponte um saída para a  amorfa,  insossa e inodora realidade. Equivalem-se os candidatos pela falta de opções.

Ao eleitor, ao menos por enquanto, resta dar um pelo outro  e não querer volta.

Organizações Tabajara

Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo

Um ex-ministro de Dilma Rousseff costuma chamar seu governo de Organizações Tabajara. Assim como a empresa fictícia do "Casseta & Planeta", diz ele, o Planalto está sempre bolando alguma ideia mirabolante fadada ao fracasso.

A ressurreição da CPMF é o novo produto dessa fábrica de trapalhadas. Ao propor a criação de um novo imposto, o governo voltou a irritar a classe média e, ao mesmo tempo, afugentou empresários que se aventuravam a defender a presidente.

Na política, o desastre foi grande. A oposição ganhou mais um mote para bater, e o PMDB voltou a se unir contra o Planalto. O vice Michel Temer, que já havia animado os conspiradores ao deixar a coordenação política, encontrou um novo motivo para se afastar ainda mais de Dilma.

O tiro no pé poderia ser evitado com uma simples avaliação do cenário. Se a CPMF foi derrubada em 2007, quando Lula batia recordes de popularidade, a chance de aprová-la agora seria próxima de zero. Por que gerar tumulto com uma ideia que nem deve sair do papel?

Nunca antes um governo espalhou tantas cascas de banana na calçada em que pisa. No início da semana, Dilma já havia transformado uma boa notícia em armadilha ao anunciar os cortes na Esplanada.

Como ela não informou os alvos da navalha, criou-se um novo terremoto na base aliada. Partidos que se estapeavam por cargos de segundo escalão agora estão em pânico com a ameaça de perder ministérios.

Na sexta-feira, um ministro petista lamentava a sucessão de trombadas: "Estávamos construindo um discurso para sair da mira, mas terminamos a semana com todos os canhões apontados para nós".

A crise da CPMF deve voltar com força na segunda-feira. Se insistir na ideia funesta, Dilma acionará uma bomba sob a própria cadeira. Se desistir, será criticada pelo novo recuo e continuará com um buraco bilionário nas contas. As Organizações Tabajara não fariam pior.


Hora da xepa

Carlos Brickmann

Não importa o que os políticos, empresários e gente importante em geral nos digam: o que importa é a atitude que tomam. Podem dizer que a administração é excelenta, que a presidente é competenta, valenta, resistenta. Mas como agem?

1 - Por enquanto, 20% dos prefeitos do PT no Estado de São Paulo mudaram de partido. É a lei da vida: para sobreviver, acharam melhor sair do partido dela.

2 - Tente lembrar-se de algum Governo, nos últimos 50 anos, que não tenha tido o apoio de Delfim Netto. Nesta era petista, ele esteve bem próximo de Lula, tanto que muitos o consideravam seu conselheiro. Delfim disse agora que Dilma, em 2014, destruiu deliberadamente a economia para conseguir a reeleição. É injusto: Dilma nem sabe o que faz na economia. Mas Delfim se afastou dela - e bem quando Dilma busca o apoio empresarial, área em que Delfim é influente.

- O Banco Central divulgou nesta semana a taxa de juros do cartão de crédito: 395,3% ao ano. A taxa alta indica falta de confiança na economia. E os banqueiros são o único grupo de empresários que manifesta seu apoio a Dilma.

4- Dilma iria presidir no seu palácio um evento de atletas para-olímpicos. O chefe do cerimonial simplesmente barrou, com os braços estendidos, a entrada da presidente, para que ela desse passagem a atletas cadeirantes. Dilma esbravejou, mas não adiantou. Quando um chefe de Governo bate boca em público com um subordinado, quando um subordinado não hesita em barrar a presidente, o poder acabou. 

O próximo passo é servir-lhe cafezinho frio com biscoitos murchos.

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