Regionais : Planalto segura Temer, cuja saída será fatal
Enviado por alexandre em 23/08/2015 11:21:07

Planalto segura Temer, cuja saída será fatal

Gerson Camarotti - Portal G1

Auxiliares mais próximos da presidente Dilma Rousseff já demonstram grande preocupação com a decisão do vice-presidente Michel Temer de deixar a articulação política do governo.

Dilma deve fazer um gesto nos próximos dias. Deve dizer para o próprio vice que ele é fundamental para a governabilidade e que não existe qualquer desconforto na relação. Mais do que isso: a presidente deve reafirmar que está satisfeita com o desempenho de Temer.

Mas assessores palacianos temem que a essa altura do campeonato isso não seja mais suficiente para manter o vice na função de articulador político.

Como antecipou o blog na quarta-feira, Temer fez um desabafo para aliados, de que sua missão na articulação política tinha chegado ao fim. Ele está insatisfeito com o fato de ser boicotado constantemente pela Casa Civil e pelo Ministério da Fazenda. Em outras palavras: os cargos e emendas prometidos por Temer aos aliados não saíram do papel. O vice-presidente não aceita mais assumir esse desgaste. 

A preocupação no Palácio do Planalto não é só com a saída de Temer, mas, principalmente, com os reflexos dessa saída. O temor é que isso possa provocar uma debandada do PMDB da base aliada, principalmente na Câmara. Isso enfraqueceria muito a situação política de Dilma, que já é extremamente delicada.

Temer será alternativa de poder, avalia PMDB

Da Folha de S.Paulo – Natuza Nery e Andréia Sadi

Prestes a deixar o comando da articulação política, Michel Temer (PMDB-SP) caminha para se consolidar como alternativa de poder ao governo, avalia seu partido, o PMDB.

Para alguns dos principais integrantes da legenda, o vice-presidente da República é o beneficiário direto da crise tanto na hipótese de um desfecho dramático, caso de uma interrupção do mandato de Dilma Rousseff, quanto na possibilidade de a petista seguir no cargo fragilizada até 2018, o que aumentaria a influência interna de Temer no papel de fiador político.

A única saída que não inclui o peemedebista está no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que analisa pedido da oposição para anular as eleições do ano passado. Um desfecho assim excluiria a ambos.

Dilma conseguiu respirar melhor nos últimos dias graças ao apoio de empresários contrários à tese do impeachment e à recuperação do diálogo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

As investidas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a favor de projetos com forte impacto fiscal sedimentaram entre os chamados barões do PIB (Produto Interno Bruto) o temor de que a guerra política exaurisse as chances de recuperação econômica no médio prazo.

Conforme esses relatos, Temer está mais fortalecido, mas ainda precisa mostrar ser capaz de controlar Eduardo Cunha, o que não ocorreu nas últimas semanas, e sinalizar que ele pode, de fato, reunificar o país, o que inclui o PT, caso a tarefa de administrar o país caia no seu colo.

Dois movimentos recentes de Temer ajudam a corroborar o sentimento de que, cuidadosamente, ele se afirma como alternativa de poder. Em palestra para investidores em Nova York, em julho, o vice-presidente surpreendeu ao dizer que, se fosse presidente, manteria Joaquim Levy no Ministério da Fazenda.

Em agosto, Temer disse que o país precisa de "alguém [que] tenha a capacidade de reunificar a todos".

Apesar das sinalizações, aliados afirmam que intenção de Michel Temer sempre foi ajudar a debelar a crise.

Time do Temer

Blog do Moeno

Rompendo o estilo que o consagrou como um dos homens mais atenciosos da política, Michel Temer ontem foi áspero até com amigos que lhe perguntavam sobre sua iminente saída da articulação política do governo.

— Vocês saberão, mas na hora certa!

Entre os vários motivos que pesariam na decisão de Temer estaria o fato, para ele orquestrado, de os ministros petistas, que antes não recebiam nem colegas de partido, passarem a fazê-lo de uma hora para outra, numa clara tentativa de esvaziar suas ações.

Mas para registrar queixas contra a articulação política.

A recomendação teria partido da própria Dilma, que até agora não teria absorvido o discurso de Temer de que falta alguém para comandar a pacificação do país.

Contaria também o fato de Levy dizer uma coisa para Temer e Eliseu Padilha, e, depois, negá-la à base, enfraquecendo sua credibilidade junto a ela.Com a provável saída do vice, perde Dilma, já que o setor produtivo só aceitou dar trégua ao governo por causa das ações de Temer.

Sem o vice, a Fiesp, por exemplo, seria a primeira a cair fora.

Mesmo contrariado com o governo, Temer manteve ontem a dignidade do cargo de ser leal à presidente.

No encontro em seu escritório, ontem à tarde, pediu moderação a Cunha nas suas investidas contra o governo:

— Concentre-se na sua defesa e esqueça o resto. Brigar não vai te ajudar em nada.

Será que Cunha ouviu?

Em nota, Temer diz não conhecer delatores

Portal G1

O vice-presidente da República, Michel Temer, negou nesta sábado (22), por meio de nota, conhecer o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o ex-consultor da empresa Toyo Setal Júlio Camargo.

Em depoimento prestado em março à Procuradoria-Geral da República (PGR) e divulgado nesta sexta-feira, Júlio Camargo, que é delator na Operação Lava Jato, fez citação ao nome de Temer ao dizer que Fernando Baiano era representante do PMDB em esquema de pagamento de propina com recursos de contratos da Petrobras. Ele também citou o nome dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado (PMDB-AL), Renan Calheiros.

“Havia comentários de que Fernando Soares era representante do PMDB, principalmente de Renan, Eduardo Cunha, Michel Temer. E que tinha contato com essas pessoas de ‘irmandade’. O depoente fez uma análise de que nadar contra a correnteza seria muito difícil para sua sobrevivência”, diz trecho do inquérito da PGR com base no depoimento de Camargo.

Em nota, a assessoria de imprensa do vice-presidente da República diz que Michel Temer apoia as investigações da Lava Jato, mas contesta informações do depoimento de Júlio Camargo, classificadas por ele como “inteiramente falsas”.

“Esta Assessoria esclarece que: 1 – Michel Temer não conhece Fernando Soares, nunca teve ou tem com ele qualquer relação ou contato de “irmandade”; 2 – também não conhece Júlio Camargo. O Vice-Presidente incentiva apurações sérias, profundas e responsáveis sobre os fatos. Apenas se insurge contra informações falsas e inverídicas”, diz o texto.

O assessoria de imprensa de Eduardo Cunha informou que o presidente da Câmara não vai se manifestar sobre a citação. O G1 entrou em contato com a assessoria de Renan Calheiros e aguarda resposta.

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