Regionais : Crise: Lula comanda a reação do governo Dilma
Enviado por alexandre em 22/08/2015 21:11:23

Crise: Lula comanda a reação do governo Dilma

Gerson Camarotti – Portal IG

Lula assume comando da reaçãoNão foi por acaso que a presidente Dilma Rousseff fez nesta sexta-feira (21) várias citações elogiosas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao entregar o primeiro trecho do eixo norte da transposição do rio São Francisco, em Cabrobó, no sertão pernambucano.

Sabe-se agora que toda a reação do governo para a crise política que havia atingido Brasília foi articulada, operada e comandada pessoalmente por Lula. Com Dilma desnorteada e com dificuldades para reagir à pressão de setores da base aliada e da oposição pelo impeachment, Lula entrou em campo. Chegou a conversar até com ministros do Tribunal de Contas da União.

Segundo interlocutores do ex-presidente, a gota d’água foi a declaração do vice-presidente Michel Temer, que surpreendeu o Planalto, ao sinalizar que era preciso uma liderança capaz de reunificar o Brasil.

Ao Blog, um parlamentar petista que acompanhou de perto a reação do governo detalhou todos os passos do ex-presidente. Partiu de Lula a orientação de que Dilma fizesse uma reunião de emergência apenas com ministros petistas mais próximos, em encontro no último dia 6 no Palácio da Alvorada.

No dia seguinte, o ex-presidente recebeu os mesmos ministros para uma reunião no Instituto Lula, enquanto Dilma fazia um duro discurso em Roraima em que afirmou que aguentava pressão e que ninguém iria tirar a legitimidade das urnas. O discurso marcou uma inflexão na crise política.

Ao mesmo tempo, Lula articulou pessoalmente a reaproximação de Dilma com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Para isso, contou com a ajuda do ex-presidente José Sarney.

O ex-presidente Lula também viajou para Brasília na semana passada, onde fez reuniões reservadas com senadores petistas, recebeu aliados, tomou café da manhã com Temer, Renan e caciques peemedebistas no Palácio do Jaburu.

E, um dia antes das manifestações, voltou para Brasília no sábado (15) para uma longa conversa reservada com Dilma. Os primeiros vazamentos desse encontro indicam que foi uma conversa sincera e realista.

Lula alertou Dilma sobre a gravidade da crise política, sem precedentes. E deixou claro que agora, o mais importante era garantir a sobrevivência do governo. Por isso, a necessidade de ceder espaço ao PMDB.

Nas palavras de um aliado próximo de Lula, o que pesou nessa reaproximação foi o pragmatismo. A relação entre os dois estava estremecida desde março, quando, num jantar no Alvorada, Dilma e Lula tiveram uma conversa franca, dura e que deixou sequelas. Depois disso, nunca mais os dois voltaram a ter a intimidade de antes.

Mas agora, explicou esse interlocutor de Lula, a situação é diferente. O ex-presidente ficou assustado ao ver empreiteiros mais próximos na prisão. E ficou extremamente incomodado com a divulgação do detalhamento de uma conversa telefônica com Alexandrino Alencar, ex-executivo da Odebrechet, que também foi preso pela Operação Lava Jato. O telefonema revelou que havia muita intimidade entre os dois.

Os mais próximos avaliam que Lula está assustado. E que, desde então, ele tem estimulado esse discurso mais contundente de que, se preciso, haverá um exército preparado para pegar em armas.

Esse discurso chegou a ser verbalizado publicamente por Vagner Freitas, presidente da CUT, que ameaçou colocar os trabalhadores entrincheirados com “arma na mão” para defender a presidente Dilma.

O Planalto exigiu retratação. Freitas resistiu. Só depois de muita pressão, é que mudou o discurso e disse que usou uma “figura de linguagem”.


Lula tenta convencer Dirceu a sair do PT

De O Globo

O ex-presidente Lula tenta convencer o ex-ministro José Dirceu, preso na Operação Lava-Jato, a se desfiliar do PT, para tentar diminuir o desgaste do partido e do governo por eventual condenação do petista pela corrupção na Petrobras. Apesar do mal-estar no PT com as acusações de enriquecimento pessoal, Dirceu ainda tem força no partido que ajudou a fundar. O temor de dirigentes petistas é que eventual processo de expulsão de Dirceu seja rejeitado pela Comissão de Ética ou pelo Diretório Nacional, aumentando o desgaste da legenda.

— Se o Zé gosta tanto do PT, por que não ajuda e se desfilia? — disse um petista próximo a Lula.

A operação para tentar convencer Dirceu a se desfiliar é delicada. Há preocupação em não melindrá-lo, já que ele foi o homem forte do primeiro mandato de Lula. Procuradores acusam o ex-ministro de sistematizar a corrupção na Petrobras quando estava no governo, com o objetivo de financiar campanhas eleitorais e enriquecer.

No final do ano passado, o Diretório Nacional do PT aprovou resolução estabelecendo que expulsará filiados que comprovadamente tenham praticado corrupção. No dia seguinte à prisão de Dirceu, o presidente do partido, Rui Falcão, afirmou que as acusações contra ele são de “caráter pessoal”. A Executiva Nacional do PT decidiu não defender Dirceu em nota na qual apontou supostos abusos na Operação Lava-Jato.

Petistas ficaram alarmados com o depoimento em que Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de Dirceu, afirmou ter recebido mesada de R$ 30 mil do lobista Milton Pascowitch entre 2012 e 2013.


FHC aplaudido e vaiado durante show em SP

Mais recente defensor da renúncia da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi recebido com aplausos, mas também com vaias ao chegar para um show na noite desta sexta-feira em São Paulo.

A cena ocorreu porque FHC chegou atrasado para uma apresentação da turnê Dois Amigos, um Século de Música, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Citibank Hall. O relato foi publicado em uma nota no Estadão neste sábado.

Nesta semana, FHC publicou um texto em sua página no Facebook em que pede a renúncia de Dilma, o que para ele, seria um "gesto de grandeza" da presidente. O discurso foi a linha para que muitos tucanos passassem a defender o mesmo.


Cunha e Temer reunidos: armam impeachment?

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente da República, Michel Temer, se reuniram no início da tarde desta sexta-feira no escritório de Temer, em São Paulo.

O encontro foi um pedido de Cunha, que estava de passagem pela capital paulista para participar de um evento da Força Sindical, onde foi ovacionado por metalúrgicos, sob gritos de "herói do povo brasileiro".

Os dois peemedebistas confirmaram o encontro, mas não quiseram comentar o conteúdo do que foi discutido.

A visita de Cunha a Temer acontece um dia depois de o deputado ter sido formalmente denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal por suposto envolvimento na Lava Jato.

O presidente da Câmara foi acusado de cometer os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e de ter recebido propina de ao menos US$ 5 milhões pelo esquema da Petrobras.

Durante discurso no evento da Força Sindical, Cunha assegurou que não pré tende retaliar ninguém e disse que "covardia" e "renúncia" não fazem parte de seu vocabulário. Ele se disse inocente das acusações das quais é alvo no STF.  (Portal BR 247)

PMDB: morde e assopra

Ilimar Franco - O Globo

São diversas as interpretações sobre os efeitos da saída do vice Michel Temer da coordenação política do Planalto. Uma delas é que a saída aproxima o PMDB da posição de independência diante do governo Dilma. A outra se reporta à luta interna na sigla.

Analistas políticos ressaltam que o balão de ensaio da Agenda Brasil fortaleceu o presidente do Senado, Renan Calheiros, como interlocutor da presidente Dilma. Com sua demissão, Temer contra-ataca. Renan era o protagonista. Temer quer dividir o palco.

Renan colocou um colchão de ar à disposição da presidente. Temer entra no palco portando um estilete. São os primeiros capítulos da novela.

Do ministro Edinho Silva: “A saída de Temer da articulação pode representar um desastre. Temer dá credibilidade para a ação política do governo, e o Padilha é um hábil negociador. O PMDB é imprescindível na relação com o Congresso”.

Impeachment vale para mandato anterior?

A página Tendências e Debates, da Folha de S.Paulo, debate se um presidente reeleito pode sofrer impeachment por ato de mandato anterior. Para Pedro Estevam Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, o mandatário só pode sofrer impedimento com base em conduta praticada no mandato vigente, com base no artigo 85 da Constituição. “A possibilidade, em tese, de reeleição não significa que ambos os mandatos – cada um de quatro anos – serão considerados um mesmo período para fins de responsabilização político-administrativa”.

Já para Gustavo Badaró, professor de Direito Penal da Faculdade de Direito da USP, um presidente reeleito pode ser impedido por atos cometidos no mandato anterior. Conforme o artigo 15 da Lei 1.079/50, “a denúncia só poderá ser recebida enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado definitivamente o cargo". Badaró então conclui: “Se o presidente foi reeleito, e ainda não deixou o cargo no segundo mandato, não me parece haver um óbice para o processo de impedimento, mesmo que tenha sido por ato praticado no exercício da função no primeiro mandato”.

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