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Enviado por alexandre em 04/08/2015 09:25:55

Aécio: PSDB não lamenta nem comemora prisões

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta segunda-feira, 3, que deve ser louvado o "pleno funcionamento das instituições", ao comentar as prisões realizadas pela Polícia Federal, entre elas a do ex-ministro José Dirceu, na 17ª fase da operação Lava Jato.

"O PSDB não comemora nem lamenta as novas prisões da Operação Lava Jato, entre elas a do ex-ministro José Dirceu. O que deve ser louvado neste momento é o pleno funcionamento das nossas instituições", afirmou Aécio, em nota à imprensa. "Cabe a nós, como de resto a todos os democratas no Brasil, zelar pelo seu bom funcionamento", acrescentou.

Para o dirigente tucano, instituições "autônomas, independentes e altivas são a garantia do exercício pleno da democracia". "Aqueles que cometeram delitos, independentemente da função que ocupam ou ocuparam, devem responder por eles dentro do que determina a lei", declarou. 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também enalteceu o fortalecimento das instituições ao comentar as prisões desta segunda-feira. "Os tribunais começam a funcionar. A polícia começa a prender quem não era preso. Os procuradores acusam e a imprensa divulga. Ou seja, a democracia está trabalhando", afirmou FHC

A causa de Dirceu

Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo

Nos últimos anos, José Dirceu ainda era tratado como herói por muitos políticos e militantes do PT. Até ser preso, continuou a aparecer nos encontros do partido, onde posava para fotos e ouvia o grito de "guerreiro do povo brasileiro".

Sua inocência era defendida até por petistas que admitiam a existência do mensalão. Para eles, o ex-ministro teria sido condenado por agir "em nome da causa". Seria injusto compará-lo a um corrupto clássico, desses que desviam dinheiro público para passear de Lamborghini.

O mito do heroísmo foi estimulado pelo próprio Dirceu, que investiu na confusão entre o julgamento na democracia e a perseguição na ditadura. Essa narrativa ficou insustentável com as revelações da Lava Jato.

O ex-guerrilheiro não voltou à cadeia por negociar votos no Congresso com métodos heterodoxos. Ele agora é acusado de receber "pixulecos" de empreiteiros e lobistas que participaram do saque à Petrobras.

Além de colaborar com a montagem do esquema de corrupção, Dirceu "se beneficiou dele", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. O juiz Sergio Moro enumerou ocasiões em que os desvios da estatal teriam ajudado a enriquecê-lo.

Condenado por chefiar o mensalão, Dirceu recebia um "mensalinho" de R$ 80 mil a R$ 90 mil, disse o lobista Milton Pascowitch. Ele também contou que pagou despesas pessoais do ex-ministro, como a reforma de uma casa de campo (R$ 1,3 milhão), a reforma de um apartamento em São Paulo (R$ 1 milhão) e a compra do imóvel de uma filha (R$ 500 mil).

Antes que se questione o delator, a decisão de Moro ressalta que ele apresentou provas do que disse.

A Lava Jato já havia revelado que Dirceu recebeu R$ 39 milhões após deixar o governo. Mesmo assim, ele pediu doações a militantes petistas para pagar a multa do mensalão.

Agora que o ex-ministro voltou à cadeia, alguns participantes da vaquinha podem concluir que a sua causa, na verdade, era a causa própria. 


PT entrou defintivamente na mira da Lava Jato

Apesar de já ser aguardada há um bom tempo, a prisão do ex-ministro José Dirceu nesta segunda-feira foi recebida com apreensão pela cúpula do PT. 

A constatação entre os integrantes da cúpula é que a legenda agora virou alvo da Operação Lava Jato. Um dos principais símbolos do partido, Dirceu mantinha forte influência no PT, mesmo depois de ser condenado no escândalo do mensalão. Continuava a ser consultado com frequência por vários setores do PT e de outros partidos aliados.

No PT, também há a preocupação com as condições psicológicas de Dirceu. Antes de ser preso, ele demonstrava estar muito abaado com a perspectiva de voltar para a cadeia. O partido não sabe qual será a reação de Dirceu, agora que foi preso novamente.

Ao Blog, integrantes do partido disseram que já esperam a delação premiada do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, afilhado politico de Dirceu. A percepção é que isso pode complicar ainda mais não só a vida do ex-ministro, mas também do próprio partido. Isso porque, segundo as apurações da Lava Jato, Duque era o responsável por operar dentro da Petrobras o esquema de corrupção para o Partido dos Trabalhadores.

Hoje um dirigente petista lembrava com preocupação que José Dirceu costuma receber com frequência em Brasília ministros, assessores palacianos e dirigentes de estatais, como o expresidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, o que mostrava grande influência de Dirceu no mundo político e dos negócios. No partido há quem considere um erro ter mantido Dirceu com tanto espaço político, mesmo depois do escândalo do mensalão. Isso porque agora, com a nova prisão do ex-ministro, ele pode contaminar em defiintvo toda a legenda.

"Depois do PP e do PMDB, o PT entrou defintivamente na mira da Lava Jato", desabafou ao Blog um dirigente petista.(Blog do  Camarotti)


Procurador: Dirceu institucionalizou a propina

O ex-ministro José Dirceu é considerado pela força tarefa da Operação Lava Jato como um dos responsáveis pela instituição do esquema de corrupção na Petrobras. A afirmação foi feita nesta segunda-feira pelo procurador da República Carlos Fernando Lima. Ele foi preso em Brasília e a transferência dele para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba ainda depende de autorização do Supremo Tribunal Federal.

"É importante salientar que, nesta fase, além de indicar Jose Dirceu como beneficiário do esquema, temos Dirceu como um dos instituidores do esquema dentro da Petrobras, na época em que era ministro-chefe da Casa Civil",

As informações repassadas pelos delatores Milton Pascowitch e Julio Camargo ajudaram a identificar o recebimento de propinas por parte de José Dirceu, por meio da sua empresa de consultoria. As investigações foram aprofundadas e detectaram que não havia comprovação da maior parte dos serviços prestados pela JD Consultoria, que teria arrecadado valores em torno de R$ 39 milhões nos últimos anos.

Além disto, havia apenas um funcionário da empresa com ensino superior, que não seria capaz de realizar os serviços amplos e variados de consultoria. A empresa de José Dirceu recebeu pagamentos oriundos de clientes de vários setores, desde empreiteiras até empresas de limpeza e de software. As investigações também apontaram pagamentos para José Dirceu por meio de laranjas, como repasses para uma empresa de arquitetura que realizou obras em um dos seus imóveis, e até jornalistas.

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