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Enviado por alexandre em 06/07/2015 08:58:28

O golpe está em marcha

Ricardo Melo - Folha de .Paulo

As últimas estocadas da oposição provam estar em curso uma operação sistemática para derrubar a presidente Dilma.

Relembrando fatos. A investida desesperada às vésperas da eleição para incriminar Lula e a então candidata. Não deu certo. Recontem-se os votos, decretaram os derrotados. Parece piada, mas isso aconteceu. Também fracassou, tal qual a pecha de estelionato eleitoral! (Alguém esqueceu da desvalorização brutal da moeda em 1999?)

A essa altura, as acusações de roubalheira da Petrobras embaladas pela compra de uma refinaria pareciam cair do céu para um impeachment. Fiasco, até porque o negócio foi recomendado pelo Citibank e avalizado por um conselho composto de ricaços: Jorge Gerdau, Cláudio Haddad, Fábio Barbosa etc.

A história azedou ainda mais quando o executivo petroleiro Pedro Barusco contou que a corrupção estatal avançou no governo do PSDB, turbinada por uma lei que aboliu licitações. Detalhe: Barusco prometeu devolver centenas de milhões de dólares depositados no exterior. Mas a grana não era para o PT? Como estava na conta pessoal dele? Bem, isso não vem ao caso.

Aí surgiu a novela das pedaladas fiscais. Novo fracasso. Todos que conhecem a política mesmo superficialmente sabem que o Tribunal de Contas da União é um almoxarifado para acomodar políticos decadentes, uma espécie de prêmio de consolação para sabujos fiéis ""a favor ou contra, tanto faz. A coisa ficou mais incômoda quando descobriram que as pedaladas começaram na administração Fernando Henrique Cardoso.

Bem, sempre tem o pessoal do Moro e sua equipe de delações. Incrível: o Brasil é o único lugar teoricamente democrático em que candidatos a réus são informados de crimes pelo jornal, TV ou internet. O conteúdo, então, é de espantar.

"O doleiro [Alberto Youssef] não identifica com precisão a pessoa que o teria procurado para pedir ajuda, e deixa claro que não participou da campanha da presidente [...] Se não me engano, o pai dele tinha uma empreiteira. Não consigo lembrar do nome da empreiteira [...] O doleiro afirmou não saber se Felipe (acusado de ser o intermediário) buscou outros operadores. Questionado sobre o valor do dinheiro a ser internalizado, o doleiro respondeu: 'Acho que era em torno de R$ 20 milhões'". (FSP, 03/07, Pág. A4)

Tal depoimento, como se percebe robusto, cheio de evidências, em que o acusador ignora o nome do interlocutor, desconhece para quem ele trabalha e sequer sabe o valor exato da propina –tal depoimento está no processo que serviu de base para o PSDB pedir a cassação de Dilma!

Para completar a mistificação, aparece a entrevista do delegado geral da Polícia Federal ao "Estado de S. Paulo". Somos informados que na democracia da jabuticaba existem quatro poderes: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a...Polícia Federal. "O ministro da Justiça não é o seu chefe?", perguntam as repórteres. Resposta: "O ministro da Justiça é o responsável pela PF, mas na esfera administrativa. As ações da PF na esfera de investigação são feitas no limite da lei".

Pelo jeito, a mesma lei que muda votações na Câmara ao sabor de um presidente que dispensa comentários; deixa impunes sonegadores graúdos da Receita; fornece habeas corpus a banqueiros selecionados; prende antes de julgar e vem transformando o Supremo Tribunal Federal num órgão tão decisivo quanto cerimônias de chá na Academia Brasileira de Letras.

E o governo, o ministro da Justiça, não têm nada a dizer antes que seja tarde?


Movimentos lançam manifesto contra golpe

Diversos membros do PT, de movimentos populares, sindicais e pastorais divulgaram um manifesto contra uma eventual saída da presidente Dilma Rousseff (PT) do poder, como desejam setores oposicionistas ao governo federal, seja no Poder Público ou na sociedade civil. Segundo um trecho do documento, "os inconformados com o resultado das eleições ou com as ações dos mandatos recém-nomeados têm todo o direito de fazer oposição, manifestar-se e lançar mão de todos os recursos previstos em lei".

"Mas consideramos inaceitável e nos insurgimos contra as reiteradas tentativas de setores da oposição e do oligopólio da mídia, que buscam criar, através de procedimentos ilegais, pretextos artificiais para a interrupção da legalidade democrática", diz o texto.

De acordo com o documento, "um consórcio entre forças políticas conservadoras, o oligopólio da mídia, setores do judiciário e da Polícia trabalham para quebrar a legalidade democrática".

"Os que assinam este Manifesto não confundem as coisas: estamos na linha de frente da luta por mudanças profundas no país, por outra política econômica, contra o ajuste fiscal e contra a corrupção. E por isto mesmo não aceitaremos nenhuma quebra da legalidade".

Leia o manifesto aí  na íntegra:


Ebulição

Valdo Cruz - Folha de S.Paulo

A temperatura da crise atingiu estado de ebulição, aquele em que agentes e vítimas do processo começam a especular e ensaiar saídas, pois acreditam estar próximos do ponto iminente de mudança do cenário político.

De olho nesse estágio, Fernando Henrique Cardoso convoca o PSDB a ocupar cada vez mais seu espaço na oposição ao lulopetismo, mas cobra responsabilidade de seus seguidores. Algo que andou em falta no ninho tucano neste início de ano.

Tímidos no combate a Lula em seus dois mantados e no primeiro de Dilma, tucanos deram uma radicalizada total --a ponto de votarem propostas irresponsáveis no campo fiscal só para sangrar a petista.

Atento ao alerta de FHC, não por outro motivo o PSDB escolheu o slogan "oposição a favor do Brasil" para convenção do domingo (5) que reelegeu Aécio Neves seu presidente.

Uma tentativa de apagar as últimas votações em que contrariou suas convicções e de lembrar ao eleitorado que se considera a melhor alternativa ao PT para dirigir o país.

Enquanto isso, o PMDB sonha em deixar seu papel de coadjuvante num arranjo esquisito. Age ao mesmo tempo como sabotador e tábua de salvação da presidente --o vice Michel Temer virou fator de sustentação do governo; já Eduardo Cunha e Renan Calheiros atuam como agentes desestabilizadores.

Dentro do PT, a senha para esses momentos de crise sempre foi correr para as ruas. Só que o apoio da população sumiu. Menos de 10% do eleitorado aprova o governo Dilma.

No meio desse turbilhão, a presidente tem repetido, cada vez com mais insistência a seus assessores, que não tem nada a ver com essa confusão toda do petrolão, mas quem está pagando a conta é ela.

Enfim, há risco de o poder presidencial virar fumaça, mas o estado de ebulição pode ser revertido com uma boa ducha fria. Depende dos bombeiros de plantão e de o fogo do petrolão não se alastrar no Planalto.


Ajuste enxuga verba publicitária do governo

Da Folha de S.Paulo – Gustavo Patu e Natuza Nery

Redução dos gastos com comunicação oficial ocorre no momento em que Dilma aparece com reprovação recorde

Enquanto aparece nas pesquisas com taxas recordes de reprovação popular, a presidente Dilma Rousseff enfrenta uma escassez inédita de verbas para a divulgação dos feitos de seu governo.

O ajuste das contas públicas promovido neste ano pelo ministro Joaquim Levy, da Fazenda, derrubou os gastos do Executivo com publicidade institucional, utilidade pública e noticiário oficial dos atos da administração.

Levantamento feito pela Folha mostra que, em valores corrigidos pela inflação, as despesas de 2015, até maio, são de R$ 33 milhões mensais em média, numa queda de 62% em relação à média de R$ 87 milhões ao mês no ano eleitoral de 2014.

Os dados, que consideram desembolsos da Presidência e dos ministérios, mostram uma reversão brusca da escalada das despesas com publicidade e comunicação oficial a partir do início do primeiro mandato de Dilma.

No papel, o Orçamento deste ano prevê R$ 922 milhões para essa modalidade de gastos. Apenas R$ 162 milhões, porém, foram pagos nos primeiros cinco meses.

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