Mais Notícias : Dilma X PMDB
Enviado por alexandre em 10/01/2011 09:57:58



Primeiros dias de governo são pródigos em cartas de intenções e promessas de ministros recheando o noticiário. Na primeira semana de Dilma, essa tradição foi dividida com as ameaças, chantagens e reclamações do PMDB. Aliás, não existe novela mais previsível do que a do PMDB em busca de cargos ou de, como gostam de sofismar os peemedebistas, espaços para dividir responsabilidade do governo. E então, como acabará a contenda pelas nomeações? Primeiro, não acabará já. A novela mal começou. E tende a prolongar-se por alguns meses.

Convém, neste momento, rebobinar a fita. Volte-se ao ano de 2007, primeiro ano do segundo mandato de Lula. Com Lula, a pendenga prolongou-se por quase doze meses. O PMDB, aderira oficialmente ao governo e cobrava, claro, cargos e nomeações — sempre para ontem. Lula testou o quando pôde os peemedebistas. Foi soltando uma nomeação aqui, outra ali.

O conta-gotas pingou praticamente o ano inteiro, num cabo-de-guerra que tem tudo para se repetir em 2011. Já está se repetindo, embora seja cedo para afirmar se Dilma copiará Lula ou se soltará as rédeas mais cedo. O mais lógico é que tudo dependa da força do PMDB para atrapalhar o governo no Congresso.

O roteiro que o PMDB seguirá enquanto as pretendidas nomeações não saírem, contudo, será rigorosamente o mesmo de quatro anos atrás.

Alguns recortes de notícias de 2007, pinçados aleatoriamente reforçam que o script peemedebista não muda. Em maio, numa reunião com a cúpula peemedebista, Lula ouviu que “os deputados estavam insatisfeitos com a demora nas nomeações para cargos importantes no segundo escalão do governo, entre os quais as diretorias das estatais Petrobras e Furnas”.

Ainda em maio, a arma da chantagem foi usada — assim como agora se faz na votação do salário-mínimo. Repare na semelhança: “O PMDB condicionou a indicação de seus quatro representantes na CPI do Apagão Aéreo à nomeação de seus quadros para o segundo escalão”.

E o que o PMDB queria, na ocasião? “O PMDB de Minas quer uma diretoria da Petrobras; o de Goiás, a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil; o do Rio, a presidência de Furnas”. Os pedidos de hoje são rigorosamente os mesmos.

Aliás, quem acabou sendo o presidente daquela CPI foi o onipresente Eduardo Cunha. Na enxurrada de informes divulgados em dezembro pelo Wikileaks, os americanos relatam o que não era segredo para ninguém: o “PMDB usou CPI do Apagão Aéreo para barganhar cargos”.

O enfrentamento seguiu 2007 afora. Em setembro, Cristiana Lôbo em seu blog contava que “um dia depois de se unir à oposição para impor derrota ao governo – com a derrubada da MP que criou a Secretaria de Longo Prazo e mais 670 cargos – a bancada do PMDB avalia que o governo entendeu a mensagem: o partido quer ser prestigiado na distribuição de cargos”.

As discussões de hoje, como se vê, soam iguais às de 2007. Dilma Rousseff tem dito para Michel Temer que não aceitará qualquer indicação do PMDB. Exige que os indicados sejam técnicos qualificados. Não é nada diferente do que outros presidentes determinaram, mas foram obrigados a transigir na primeira votação importante perdida no Congresso.

PMDB e Dilma vão se testar na votações da Câmara e do Senado a partir de fevereiro. É inevitável. Se o PMDB tiver bala na agulha, leva os cargos. Evidentemente, não todos e nem com os personagens que desejaria ver comandando esta ou aquela diretoria de estatal.

O jogo das nomeações que será disputado votação a votação, nomeação a nomeação. Na retaguarda, Dilma Rousseff terá que contar mais do que nunca com as articulações do habilidoso Antônio Palocci. Ele pode fazer a diferença.

Por Lauro Jardim

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