A Crise Hídrica em São Paulo Problema da crise hídrica em São Paulo é um caso clássico de ecologia política. Não adianta culpar a natureza, mas sim o mau uso dela. É o capitalismo, estúpido. E os poderes locais. A crise hídrica em São Paulo e a ameaça de desabastecimento de mais de 15 milhões de pessoas na capital e no interior do Estado é uma junção de problemas conjuntural e estrutural. Pois o problema conjuntural foi a forte estiagem na Região Sudeste no início de 2014 e a conseqüente redução do nível do reservatório do Sistema Cantareira a partir de um período do verão que deveria ser marcado pelas chuvas constantes. "Não há dúvidas que o processo de aquecimento global e as mudanças climáticas trouxeram exemplos extremos como a estiagem, a pior para o Sistema Cantareira desde 1930", disse. "Mas a crise não é meramente conjuntural. Já o problema estrutural começa com o fato de a Região Metropolitana de São Paulo, a primeira abastecida pelo Sistema Cantareira, ser uma metrópole "grande e mal localizada", onde quase 20 milhões de pessoas têm acesso a pouca água, o que leva a Sabesp - empresa responsável pelo abastecimento - a importar metade do líquido de outras regiões. O Sistema Cantareira abastece, além da Região Metropolitana de São Paulo, municípios da bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Ressalvo que a primeira outorga do sistema à Sabesp, por 30 anos, foi em 1974 e que na renovação, em 2004, por mais 10 anos, a concessionária foi cobrada por um melhor planejamento e o governo estadual alertado que seriam necessários novos sistemas e diminuir a dependência de São Paulo do Cantareira. Outra questão estrutural, é a falta de coordenação do uso da água para outros fins, como para a indústria, justamente em um sistema que abastece duas das maiores regiões industriais do Brasil: a de São Paulo e a de Campinas. Destaco que além disso, estamos vivendo momento de conflito e, como temos um sistema federativo de governo, a união não pode impor uma decisão. Finalizo destacando o alerta do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), revelado pelo Broadcast, cobrando uma "mudança de paradigma no planejamento" da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) para garantir que o sistema brasileiro volte a ter condições de suportar períodos de estiagem. "Há uma mudança mundial na maneira de pensar na gestão da água. O uso prioritário é o abastecimento urbano de pessoas, mas é preciso assegurar os usos múltiplos da água e garantir a produção de energia elétrica dentre outras utilizações. Luiz Carlos Polini Colaborador do ouropretoonline Graduado em Geografia e História Especialista em Educação e Gestão Ambiental. |