Mais Notícias : Lula pretende a revolução cultural?
Enviado por alexandre em 27/01/2015 10:13:19

Lula pretende a revolução cultural?

Carlos Chagas

Anuncia o Lula a intenção de promover uma reforma estrutural no PT. Começa pelo cumprimento efetivo das quotas de participação, ou  seja, a obrigatoriedade de serem escolhidos para funções de direção nos municípios, estados e no plano federal, 50% de mulheres, 20% de jovens e 20% de negros. O ex-presidente critica a direção centralizada e pretende a renovação dos quadros.

Significa o quê, esse posicionamento?  Primeiro, uma declaração de guerra a Dilma Rousseff. Se o PT precisa de reformas é porque a presidente, cujo governo  domina mais da metade dos companheiros, impõe diretrizes que isolam o ex-presidente. Nunca é demais buscar lições na História.  Na China, Mao-Tsetung estava isolado, afastado das decisões,  mera figura decorativa. O poder repousava nas  mãos de Liu-Xaochi, Teng-Xiauping e outros moderados. Mao criou a Revolução Cultural, virou o país de  cabeça para baixo e voltou a exercer o comando. Liu foi degradado, Teng refugiou-se num comando militar do interior e, por sinal, voltou  com toda força depois da morte de Mao, para sepultar a Revolução Cultural.

Guardadas as proporções, o Lula ainda não perdeu de todo o poder, mas se não reagir, como agora parece estar fazendo, torna-se  apenas um mito reverenciado mas  ultrapassado. Daí a ênfase que pretende dar à renovação dos dirigentes do partido, manobra capaz de atingir o verdadeiro objetivo, no caso, reconduzir o PT às suas origens. Quais? A defesa de reformas socializantes em condições de bater de frente com a linha neoliberal e conservadora adotada pela sucessora.

Na verdade,  o que precisa mudar no PT é o seu conteúdo.A legenda ficou igual às demais, um aglomerado de petistas buscando ocupar cargos,  funções e espaços  que os beneficiem pessoalmente, sem fazer conta dos ideais um dia proclamados de mudar a sociedade  através das reformas envolvendo a  justiça social, a igualdade, a extirpação da miséria e da pobreza,  o fim dos privilégios das elites e sucedâneos.

Se  o Lula obterá a vitoria, como Mao a obteve, é um ponto de interrogação, até sob o risco dos monumentais excessos e retrocessos que a China enfrentou com seus Guardas Vermelhos, afinal contidos. Uma evidência, porém, sobressai entre outras: vem por aí  uma luta de foice em quarto escuro entre ele e Dilma.


Sob pressão Dilma revê mudança em benefícios

Após polêmica de Joaquim Levy na semana passada, Planalto considera que terá de ceder para aprovar projeto

Mudança pode envolver período de carência para concessão do benefício na primeira solicitação do trabalhador

VALDO CRUZ JULIANNA SOFIA DE BRASÍLIA

O governo já admite reservadamente que vai ceder às centrais sindicais e rever parte das mudanças nas regras do seguro-desemprego que endureceram o acesso ao benefício trabalhista.

Segundo a Folha apurou, a equipe da presidente Dilma chegou à conclusão de que, sem alterações, a medida provisória que restringiu o benefício não será aprovada no Congresso Nacional.

Assessores presidenciais disseram à reportagem que, diante da reação contrária de lideranças sindicais, a estratégia era fazer concessões durante a fase de tramitação da proposta no Legislativo.

Agora, após declarações do ministro Joaquim Levy (Fazenda) avaliadas pelo Palácio do Planalto como infelizes, a equipe de Dilma acredita que pode ser obrigada a sinalizar mais concretamente o que irá mudar na próxima reunião com as centrais sindicais, em 3 de fevereiro.

Na semana passada, em Davos (Suíça), Levy chamou de "ultrapassado" o modelo do seguro-desemprego, o que irritou sindicalistas e até assessores de Dilma.

Seu colega Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) divulgou nota no sábado (24) classificando o seguro-desemprego como "cláusula pétrea" dos direitos dos trabalhadores.

O próprio Levy reconheceu internamente no governo que não foi feliz em suas declarações. Ele defende mudanças no sistema, mas sem retirar direitos trabalhistas.


Mantega ajudou na revisão das leis trabalhistas

O Planalto reconheceu nesta segunda-feira (26) que a equipe do ex-ministro Guido Mantega (Fazenda) trabalhou na elaboração das medidas que alteram a concessão de direitos trabalhistas como o seguro-desemprego, o abono salarial e o seguro-defeso, pago a pescadores, conforme informou a a reportagem daFolha "Revisão de regras trabalhistas foi planejada antes da eleição".

"O diagnóstico obtido pela equipe do então ministro Guido Mantega mostrou que três de cada quatro beneficiários do seguro-desemprego ao longo de 2014 estavam entrando no mercado de trabalho. As medidas de correção desta distorção foram estudadas em conjunto pelas equipes do ministro Mantega e Joaquim Levy. A necessidade de correções da concessão dos benefícios do Seguro Defeso foram registradas ao longo de 2014", informa a nota.

A Secom informou também "que os programas do governo federal passam por constantes correções e atualizações". (Da Folha de S. Paulo)


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