Presidente da CAERD diz, o povo de Rondônia não gosta de água tratada
Porto Velho, Rondônia – A presidente da Companhia de águas e Esgotos de Rondônia (Caerd), Iacira Azamor, foi a entrevistada desta quarta-feira (11) do programa A Voz do Povo, na rádio Cultura FM 107,9 apresentado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá. Ela abriu a entrevista falando da situação da empresa. “Infelizmente, encontramos a Caerd numa situação difícil, com muitas dívidas e problemas se acumulando ao longo dos anos”. De acordo com Iacira, “são muitas dívidas, cerca de R$ 1 bilhão de reais, em débitos com a Fazenda Nacional, dívidas trabalhistas, fornecedores, Eletrobras Rondônia e muitas outras. Estamos depurando as dívidas e não assumindo compromissos que não possamos honrar”. Segundo ela, “a Caerd trabalha hoje no vermelho. Se a gente vivesse apenas da venda de água e serviços de esgoto, teríamos lucro. No nosso caso, atendemos municípios pequenos, que não dão lucro e os municípios maiores sustentam esse ciclo. Ao todo, são 42 municípios atendidos, mas com contratos apenas em 12 deles e isso emperra o recebimento de débitos. Poucas prefeituras pagam a conta de água e a inadimplência é em torno de 90% e tenho autorizado o corte, à exceção de creches e hospitais”. A presidente declarou que: “isso foi se acumulando e hoje está insustentável e precisamos revitalizar, reconstruir a Companhia. Eu devo estar trabalhando a contento, pois tenho sido vítima de ataques de parte da mídia”. Em relação aos servidores, ela apontou que “são os maiores patrimônios da empresa, mas a nossa relação não tem sido boa, já que identificamos muitas distorções e privilégios. Há muitas benesses e a empresa não consegue sustentar esse volume de despesas. A folha de pagamento consome hoje 80% das receitas, quando o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece 45%”. Indagada quando as obras de água tratada serão concluídas, ela garantiu que ainda neste ano entrarão em operação. “Faltam a adutora e a rede de expansão está quase pronta. Foi feito reforço no centro, está concluída nas Zonas Sul e Leste e estamos confiantes que teremos água nas torneiras em toda a capital, com a segunda etapa das obras do PAC”, afirmou. Ela informou que para a adutora será feita nova licitação, após o descredenciamento da empresa Andrade Gutierrez, que não concluiu os serviços. Em relação às obras de tratamento de esgoto, o processo está sendo readequado e o reinício será ainda neste ano, garantiu. “Os recursos para as obras de água e esgoto estão assegurados e vamos concluir os serviços. As obras começaram pelas redes de distribuição, ao invés de começar pela adutora, que seria o mais correto”. Para a presidente, “o rondoniense não gosta de água tratada. Temos ruas atendidas com rede de água, mas poucas pessoas fazem a ligação, preferindo ingerir água de poços artesianos. Isso, talvez, por força da má qualidade do serviço prestado e isso acaba encarecendo o produto para quem recebe a água da Caerd”. Iacira assegurou que o lençol freático está comprometido na capital e que o consumo de água de poço é arriscado. “Vamos universalizar a distribuição de água, mas não adianta se as pessoas não fizerem a ligação da tubulação para a sua residência”, completou. A presidente disse ainda que a água oferecida pela Caerd à população passa por um rigoroso processo de tratamento e controle de qualidade. “Temos técnicos competentes que acompanham todo o processo e a água é de excelente qualidade, podendo ser consumida pela população sem o menor problema”, finalizou. |