Mais Notícias : Assessor era cobrado por dossiê
Enviado por alexandre em 24/10/2010 11:08:35



O ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Jr. afirmou à Folha que o advogado Pedro Abramovay, seu ex-colega no ministério e atual secretário nacional de Justiça, reclamou diversas vezes do que considerava ser a pior parte do seu trabalho --fazer dossiês. "Ele vivia dizendo que era um saco ter de fazer esses dossiês."

A revista "Veja" afirmou ontem que Abramovay disse a Tuma Jr. que as ordens para confecção de dossiês partiam da ex-ministra da Casa Civil e atual candidata à Presidência, Dilma Rousseff, e do chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho.

De acordo com a reportagem, Abramovay disse a Tuma Jr.: "Não aguento mais receber pedidos da Dilma e do Gilberto Carvalho para fazer dossiês. (...) Eu quase fui preso como um dos aloprados".

A revista não traz informações se os dossiês supostamente encomendados por Dilma e Carvalho foram efetivamente produzidos nem sobre quais temas tratariam.

Por meio da Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho negou ter pedido confecção de dossiês para o advogado.

ABRAMOVAY NEGA

Abramovay negou "peremptoriamente" ter recebido pressões para elaborar dossiês contra adversários do governo. "Não participei de supostos grupos de inteligência em nenhuma campanha eleitoral. Nunca, em minha vida, tive de me esconder", declarou Abramovay em nota.

"A revista Veja (...) afirma ter obtido o áudio de uma gravação clandestina entre mim e um ex-colega de trabalho. Infelizmente a revista se recusou a fornecer o conteúdo da suposta conversa ou mesmo a íntegra de sua transcrição", prossegue.

O Ministério da Justiça afirmou que, embora seja subordinada à pasta, a PF é autônoma em suas investigações, e que não interfere nos inquéritos ou conclusões da PF.

"O Ministro da Justiça informa que jamais recebeu qualquer solicitação com relação aos rumos dos inquéritos da Polícia Federal"

A PF negou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o ex-secretário Tuma Jr. tenha sido alvo de escuta telefônica ou ambiental em seu gabinete, e também rechaçou a hipótese de uma escuta ilegal ter sido feita por agentes da PF.

As assessorias da campanha de Dilma e do Ministério da Justiça ainda não se manifestaram.

Segundo a "Veja", o diálogo travado entre Tuma Jr. e Abramovay foi gravado, mas a data e as circunstâncias não foram reveladas.

O segundo diálogo divulgado pela reportagem menciona uma reunião ocorrida entre Tuma Jr., o ministro da Justiça, Luiz Barreto, e sua chefe de gabinete, Gláucia Paiva. No encontro, segundo a revista, Barreto reclamou não ter ascendência sobre o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.

GRAVAÇÃO

Tuma Jr. disse ontem à Folha suspeitar que a conversa com Abramovay tenha sido gravada pela Polícia Federal por meio de escuta ambiental, feita com gravadores instalados no seu gabinete no Ministério da Justiça.

Ele diz não saber se a gravação foi autorizada pela Justiça. Segundo Tuma Jr., esses diálogos não fazem parte da transcrição do inquérito que a PF instaurou para investigá-lo sob suspeita de ter ajudado chineses ilegais a obter vistos no Brasil.

Abramovay foi secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça até abril deste ano. Deixou o cargo para disputar um posto no escritório das Nações Unidas para o Combate ao Crime e Drogas, em Viena. Mas acabou no lugar de Tuma Jr., quando ele foi demitido do cargo em junho.
folha.com

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