A Policia Federal está investigando se o presidente do Tribunal de Contas do Amapá, José Julio de Miranda, teria manipulado a lista de inelegíveis. Numa conversa interceptada pela PF em 29 de junho, uma terça-feira, Miranda pede a um interlocutor que espera pela sua chegada para remeter ao TRE/AP a relação de quem teve as contas julgadas irregulares e que, portanto, estariam inelegíveis.
O presidente do Tribunal de Contas disse que deve mandar ao interlocutor a lista até a sexta-feira daquela semana, dia 2 de julho. Mas deixa um aviso:
– Mas é bom não anunciar não porque tem muita gente da lista que corre comigo, entra com mandado, num sei o que, deixa eu mandar que eu te aviso.
Dias depois, em 5 de julho, outro interlocutor, que seria servidor do TC do Amapá, telefona às 11h17 para Miranda a fim de tirar uma dúvida sobre se um tal de “Carlos César” deveria constar da lista de inelegíveis. Ele disse que é para “deixar para lá”.
Treze minutos depois, Miranda liga para o celular do mesmo servidor e lhe pergunta se ele há um telefone fixo para o qual ele possa discar. Na representação que levou-o a prisão, a PF afirma que o presidente do TC/AP “estaria blefando” na ligação anterior, quando concordou em manter o nome de Carlos César.
Se não tivesse nada a temer, questiona o relatório do Núcleo de Inteligência da PF do Amapá, “não precisaria utilizar outro telefone para falar do assunto”. E finaliza a representação encaminhada à Justiça:
– A ligação demonstra o poder de ingerência do presidente do TCE, a ponto de decidir quem deve ou não constar da lista.
Embora preso preventivamente na Operação Mãos Limpas por uma série de acusações, dentre elas lavagem de dinheiro e prevaricação e até pedofilia, Júlio não foi indiciado pela PF nesse caso.
Por Lauro Jardim
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