Regionais : Homens aderem cada vez mais ao silicone; confira preços das cirurgias
Enviado por alexandre em 14/05/2013 18:25:11


O comerciante de automóveis paulista Edson Camilo, de 34 anos, sempre foi magro. Na adolescência, começou a fazer musculação. Por mais que treinasse, não inchava. Chegou à vida adulta insatisfeito com seu tipo físico. Queria mais massa muscular – mas o corpo não ajudava. Há quatro anos, leu na internet sobre próteses de silicone para homens. Resolveu realizar seu sonho de ter aquilo que chama de “corpo perfeito”. Começou pelo peito: 300 mililitros.

Ficou tão satisfeito que, no ano seguinte, colocou próteses também nas coxas e panturrilhas. Depois, para equilibrar, implantou silicone nos glúteos. Ao todo, Camilo tem quase 2 litros de silicone no corpo. Gastou cerca de R$ 60 mil com as cirurgias. Não se arrepende. “Meu bem-estar paga tudo isso. Sou outro homem, mais seguro e feliz”, afirma.

O caso de Camilo é extremo. Mas ele não está sozinho. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), os homens aderiram ao silicone. Em 2009, o silicone em homens representava 1% do total de implantes. Já são quase 10%. Segundo dados da Silimed, maior fabricante da área na América Latina, só a venda de próteses peitorais aumentou 26% nos últimos três anos.

Nos Estados Unidos, o aumento das próteses no peito de homens foi de 43% na última década. Nádegas, 47%. De acordo com uma pesquisa da Associação Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps), em 2011 os procedimentos estéticos em homens já representavam 35% do total. Dois anos antes, eram 25%. Para este ano, a expectativa é que passem de 40%. A principal motivação dos homens é o rejuvenescimento, daí a grande procura pela retirada da bolsa dos olhos e das papadas, além da lipoaspiração na barriga.

O presidente da SBCP, José Horácio Aboudib, diz que o homem brasileiro tem sido precursor nessa queda de tabu. “No começo, a procura maior era de homossexuais e jovens. Hoje, heterossexuais de todas as faixas etárias têm procurado os consultórios para implantar próteses”, afirma. O preconceito ainda existe. Ou pelo menos os homens acreditam que sim. “Tudo é feito de forma muito discreta. Eles não contam para quase ninguém da família ou amigos. Algumas mulheres dão força. Outras são contra”, afirma Bárbara Machado, chefe da equipe médica da Clínica Ivo Pitanguy.

O procedimento de implante é bem mais complicado do que o resultado sugere. A duração da cirurgia varia de uma a duas horas. Na maioria dos casos, requer anestesia geral. Se tudo correr bem, o tempo de internação é de um dia. O local fica dolorido por muito mais tempo. Depois de uma semana, é possível voltar ao trabalho, em ritmo lento, desde que ele não demande esforço físico. No caso de implante de peito ou bíceps, não se pode pegar peso com os braços.

Em 15 dias, os pontos são retirados. A malhação tem de esperar. O paciente normalmente só está liberado para atividades leves um mês depois. Musculação pesada, só dentro de 60 a 90 dias. Outra coisa importante é evitar o sol por pelo menos 40 dias, nas áreas onde houve o implante. Quem já fez isso tudo diz que não é fácil.

As próteses variam de tamanho. A palavra de ordem é equilíbrio. “O ideal é construir o volume muscular desejado de forma saudável e natural. Se optar pelo implante, o paciente deve saber que os exageros podem causar estranheza”, diz o cirurgião plástico Luiz Victor Carneiro Jr., membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Há vantagens nas próteses masculinas. São mais densas do que as femininas e colocadas embaixo dos músculos. O efeito fica mais natural. O preço das próteses não é leve. De peito, chega a R$ 15 mil. Nas coxas, R$ 8 mil. Nas panturrilhas, R$ 5 mil.

A vaidade masculina é filha da emancipação feminina. Diante das conquistas sociais das mulheres, a partir da década de 1970, o homem começou a perder a função de provedor. Ocorreu, então, uma transformação de papéis. Se as mulheres puderam ir para a rua trabalhar, os homens perceberam que também poderiam incorporar novas práticas a suas vidas. Entre elas, cuidar do corpo, preocupar-se com a aparência. “Cuidar significa perceber suas próprias necessidades e supri-las, obter bem-estar físico e psicológico”, diz o psicanalista Luiz Cuschnir, do Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher.

O professor David Sarwer, da Universidade da Pensilvânia, pesquisa os aspectos psicológicos da cirurgia plástica para o Centro da Aparência Humana da universidade. Ele diz que a procura dos homens por implantes é mais um degrau na aproximação social e emocional entre homens e mulheres. “A procura de produtos e procedimentos estéticos por parte de homens cresce a cada ano. Eles estão descobrindo que a aparência conta nos mais variados aspectos da vida”, afirma. Sarwer diz que, inicialmente, as preocupações estéticas dos homens eram ligadas à competitividade com os mais jovens no ambiente de trabalho: “Hoje, os homens já buscam mudanças estéticas por perceber que quem tem boa aparência recebe melhor tratamento em todo tipo de relacionamento interpessoal”.

O advogado carioca Flávio, de 39 anos, colocou próteses de 100 mililitros em cada panturrilha, no fim do ano passado. O resultado é discreto, mas tornou seu corpo mais equilibrado. “Tenho um corpo bem definido, mas a panturrilha era lisa, sem curva. Eu me sentia muito esquisito de bermuda”, diz. Apesar de estar feliz – e já pensar numa prótese de coxa –, Flávio prefere que amigos e boa parte da família não saibam da cirurgia. “Pode ser besteira, mas acho que me olhariam com algum preconceito”, afirma.

Estudante de Direito de 21 anos, o também carioca Renato aderiu ao silicone em janeiro deste ano. Colocou 220 mililitros no peito – e pulou estágios de treino na academia. “Dei aquela inchada que chama a atenção das mulheres na noite”, afirma. Satisfeito, não comentou com ninguém. “Senti que o pessoal da academia reparou, mas ninguém perguntou nada. Contar para quê?”, diz.

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