Regionais : Trabalhadores acusam a policiais militares de abusos verbais e agressões violentas
Enviado por alexandre em 22/04/2010 22:53:42



Trabalhadores acusam a policiais militares de abusos verbais e agressões violentas

Assessoria de Comunicação/ STICCERO

Na última segunda feira (19/04), quatro trabalhadores foram encaminhados para a Central de Flagrantes da Polícia Militar sob a suspeita de serem os responsáveis pela liderança de um início de revolta instalado no alojamento da Usina de Santo Antônio, que está sob a administração da Construtora Odebrecht.
Segundo os trabalhadores, a forma violenta e transloucada com que a Polícia Militar abordou o alojamento depõem em muito com a aquilo que se espera do setor de segurança pública, que deveria ter como principal objetivo respeitar a lei e os direitos básicos de cada cidadão, ou seja, a integridade de física e moral.
O real motivo de toda essa confusão desnecessária se deu pela inoperância da empresa que deveria já ter instalado um motor estacionário de energia, pois sucessivos eventos de queda energética vinham prejudicando a vida noturna do alojamento Amazonas, recém construído, que retém cerca de quatrocentos trabalhadores.
Que segundo estes, reclamam da falta de iluminação para seus momentos de asseio e principalmente pelo calor provocado durante o período do sono, coisa que já poderia ter sido providenciado pela Odebrecht, mas esta preferiu que a situação se agravasse para solucionar o problema só então, após colocar em risco as vidas de centenas de trabalhadores e ter parte de seu patrimônio depredado pela polícia.
Durante a visita de uma Comissão composta pelo Procurador Chefe do Ministério Público Federal do Trabalho, Dr. Francisco José Pinheiro Cruz, pelo presidente CUT/RO, Itamar Ferreira, e parte da diretoria do STICCERO – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Rondônia, onde foram ouvidos os relatos unânimes de que a Polícia foi quem depredou a maior parte da portaria e que os trabalhadores apenas tentavam se defender com pedras de tiros e bombas de efeitos.
Mas, como já se tornou rotina nos noticiários da capital, parece que a Polícia Militar adotou como via de regra a força bruta contra qualquer cidadão, independente de credo, posição política ou categoria social, percebe-se que a ordem é atirar primeiro e justificar depois.
Nos últimos meses assistimos jogadores de futebol, professores, vereadores, moradores de assentamento, cidadãos comuns e até crianças sendo atingidas por gás de pimenta, balas de borracha, bombas de efeito e pancadas de cassetetes.
Na Usina de Santo Antônio não foi nem um pouco diferente, segundo imagens e depoimentos de trabalhadores o excesso de truculência e a agressões verbais discriminatórias sofridas pelos mesmos durante a desastrosa visita da polícia, o tratamento lembra em muito aos campos de concentrações nazista onde os direitos humanos não passavam nem na porta dos prisioneiros de guerra.
Essa é a sensação descrita por milhares de trabalhadores da construção civil que assistiram de perto seus companheiros de serem humilhados, xingados, chutados, surrados, estapeados e algemados sem nem ao menos o direito de serem ouvidos ou defendidos pelos próprios colegas de serviço que tentavam evitar a prisão absurda cometida pela polícia.
Resultado, além de sofrerem lesões físicas e morais, exposição de seus nomes e imagens na mídia, a empresa Odebrecht incentiva e dá total liberdade a esse tipo de atuação decepcionante da Polícia Militar dentro dos canteiros que só faz aumentar a revolta dos trabalhadores que diariamente são trazidos de fora, ou mesmo os de Rondônia, e são explorados através de um sistema predatório de trabalho, onde não são reconhecidas as horas trabalhadas e em alguns casos, até mesmo são descontados dias de serviços de trabalhadores que nunca faltaram.
Há relatos de que, inclusive existe a presença de policiais militares fardados e a paisana que prestam serviços de “bicos”, armados, sob o comando de um coronel da reserva, chefe da segurança, de nome Murilo Rangel, que fazem o trajeto dentro dos ônibus de trabalhadores com o intuito de coagir qualquer manifestação de pensamento contrário as políticas repressivas da empresa.
É flagrante também a presença diária de oficiais e policias Polícia Ambiental, dentro dos refeitórios, alojamentos e inclusive no Setor de RH da Odebrecht situado na Avenida Amazonas, onde estes permanecem horas a fio em patente demonstração de segurança patrimonial.
Na medida em que as empresas gastam milhões em publicidade com atores contratados, para tentar convencer a sociedade que os trabalhadores fazem parte de uma grande família feliz, essa mesma propaganda antagônica acaba gerando uma controvérsia e um tormento mental nas cabeças dos operários que se sentem parte de um esquema enganoso de uma realidade que nunca existiu.
Outro flagrante presenciado pelo Procurador Chefe do Ministério Público Federal do Trabalho, através de denúncia do STICCERO, na noite desta quarta (21/04), feriado, foi a prática de rescisões trabalhistas irregulares, que não observam o pagamento da passagem de retorno de trabalhadores trazidos de outros estados, realizadas pela Odebrecht na “calada da noite” em hotéis alugados para despistar, se a presença do sindicato, ou de advogados que pudessem orientar os trabalhadores de seus direitos, caso que foi devidamente registrado para efeito de futuras ações contra a empresa que o sindicato pretende promover junto a Justiça do Trabalho.
Como recompensa, quando estes pensam que ao chegar o final do dia terão um descanso digno para reparar o corpo massacrado pela luta diária imposta nos canteiros, são surpreendidos com a presença de policias fortemente armados chamados pela direção da empresa que demonstra estar perdendo o controle ou não possui equipe de negociação de crises para superar os problemas mais banais, o que faz preocupar em muito a situação das usinas que estão a cada mais se tornando verdadeiros barris de pólvora prestes a explodir.

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia