Dia de Campo em Ariquemes espera receber 2.000 pecuaristas
Manejo de pastagens, melhoramento genético e crédito rural. Esses serão os temas em discussão durante o dia de campo da Agropecuária Nova Vida, que ocorre nos dias 4 e 5 de agosto, na cidade de Ariquemes (RO), em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Os participantes ainda terão acesso a 250 touros avaliados das raças Nelore e Senepol, que serão ofertados em um shopping de reprodutores.
Os debates ocorrem somente no primeiro dia. "Esse encontro é realizado ininterruptamente desde 1997 e se tornou um marco na história da pecuária rondoniense por apresentar tecnologias e conceitos de produção que contribuíram para o desenvolvimento da pecuária estadual", explica João Arantes Neto, um dos proprietários da fazenda. A programação terá início logo após o café da manhã, com uma palestra de Leonardo de Oliveira Fernandes, pesquisador da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) e professor da Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba).
Na ocasião, ele apresentará técnicas de manejo de pastagem e suplementação, que podem otimizar o aproveitamento produtivo do gado dentro da fazenda. "Muitas dúvidas sobre manejo de pastagem ainda cercam os produtores, o que pode interferir no desempenho da atividade. Em Rondônia, onde há maior predominância de gramíneas do gênero braquiária, o pasto pode ser explorado de forma mais intensa para que haja forrageira de qualidade ao longo do ano", argumenta.
Outra ferramenta a ser explorada nesse sentido é o melhoramento genético, tema que será abordado, logo em seguida, pelo gerente de fomento do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), Lauro Fraga Almeida. "Rondônia é um dos estados em que a pecuária de corte mais cresceu nos últimos 10 anos e, consequentemente, há uma grande demanda por touros avaliados. É muito importante que o trabalho de seleção ou produção esteja pautado em programas de melhoramento que valorizem os índices econômicos e de produtividade", argumenta o técnico.
O PMGZ é destinado aos pecuaristas que trabalham com a seleção de zebuínos puros, como a Nova Vida no Nelore, que lidera o mercado de touros no estado desde 1997. No entanto, essa ferramenta é fundamental aos produtores de carne bovina, que necessitam de animais com fertilidade, habilidade maternal, ganho de peso e precocidade comprovada para produzir bezerros precoces e com melhor rendimento de carcaça.
Finalizando as discussões, o analista técnico rural, membro da diretoria de agronegócios do Banco do Brasil, falará sobre crédito rural, disponibilizado pelo Governo Federal, cuja participação dos pecuaristas ainda é muito pequena. Ao final, logo após o almoço, a Nova Vida vai apresentar os animais apartados para o shopping de reprodutores. No dia 5 de agosto, as porteiras estarão abertas para quem quiser conhecer as atividades da fazenda e até vistoriar os animais que serão ofertados em dois leilões virtuais que ocorrem em 12 de agosto e 1 de setembro, a partir das 12 horas, pelo Canal Terraviva.
Pioneirismo
A história da Agropecuária Nova Vida, que seleciona as raças Nelore e Senepol, confunde-se com o desenvolvimento econômico de Rondônia, onde o patriarca João Arantes Júnior depositou seus investimentos e conhecimentos de pecuária no ano de 1972. À época, o estado possuía apenas dois municípios e 80 mil cabeças de gado. Hoje, são 54 cidades e um rebanho estimado em 12 milhões de bovinos.
Muito desse salto deve-se ao próprio João Arantes Júnior, pioneiro e difusor de tecnologias de reprodução como inseminação artificial (IA), transferência de embriões (TE) e fertilização in vitro (FIV), conhecimento o qual sempre fez questão de compartilhar com os demais produtores rondonienses, em mais de 30 dias de campo realizados desde a fundação da propriedade em Ariquemes.
João Arantes Neto e Ricardo Arantes relembram pelos contos do pai como a década de 70 foi sofrida para implantação de um empreendimento pecuário no coração da floresta amazônica, quando sequer havia energia elétrica ou estradas.
À época, os negócios do patriarca João Arantes Júnior focavam a cria, recria e engorda de bois. Em 1995, uma grande demanda por touros surgiu em Rondônia, que via o rebanho saltar da casa dos milhares para os milhões. Entretanto, tudo que chegava à região eram machos considerados refugo das pistas de exposições, inapropriados para criação extensiva.
Foi então que o criador decidiu ingressar na seleção em massa de reprodutores puros, mas funcionais, preparados para reproduzir a pasto e ainda sob condições adversas, como ataque de onças. Rapidamente, o plantel de 200 doadoras saltou para 3.000 em tempo recorde. Além de produzir genética provada, já selecionada com base nas DEPs (diferenças esperadas na progênie) - quando poucos as conheciam - o grande sonho de João Arantes sempre foi levar informação aos demais produtores.
Cada descoberta, fosse tecnologia ou técnicas de manejo, fora repassada nos mais 30 dias de campo, ajudando Rondônia tornar-se uma referência na região Norte e no restante do País. Exemplos desta inovação foram a primeira Escola de Inseminação Artificial de Rondônia, fundada em 1999 na propriedade, e a própria importação de Senepol, em 2000. Das 72 novilhas e quatro touros trazidos da Flórida/EUA, as 2.000 prenhezes foram geradas em 18 meses, em um momento que muitos criadores ainda achavam a FIV uma “loucura”. Os norte-americanos vieram conferir os nascimentos in loco, pois a quantidade comunicada ultrapassava todo o rebanho existente no país.
Robson Rodrigues
PecPress – Imprensa Agropecuária
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