Coluna Internacional : Líder conservador alemão tem indicação a chanceler rejeitada no Parlamento em derrota sem precedentes
Enviado por alexandre em 06/05/2025 10:58:22

Líder conservador alemão tem indicação a chanceler rejeitada no Parlamento em derrota sem precedentes
Foto: Reprodução

Nunca um chanceler que assumiu foi derrotado em uma primeira votação para formação de governo na Alemanha moderna; nova votação pode acontecer ainda nesta terça

O líder conservador alemão, Friedrich Merz, sofreu uma pesada derrota nesta terça-feira ao ter sua indicação a chanceler rejeitada em votação no Bundestag — um resultado que pelo menos atrasa a formação do novo governo após as eleições realizadas em fevereiro.

 

A não aprovação de Merz vem sendo tratada como um fiasco dentro da Alemanha, uma vez que nenhum chanceler que assumiu o governo na era moderna precisou de mais de uma votação para garantir aprovação, levantando dúvidas sobre a confiabilidade da coalizão formada com o Partido Social-Democrata (SPD). Uma nova votação deve ser realizada ainda nesta terça.

 

O líder da coligação entre União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) esperava garantir maioria na votação no Parlamento com apoio do SPD, com quem costurou um acordo para governar em coalizão, aprovado em trâmites internos na semana passada.

 

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Pelo texto, CDU/CSU ficariam com 10 ministérios, enquanto o SPD ficaria a frente de sete, incluindo as pastas de Finanças, com o colíder Lars Klingbeil, e de Defesa. Embora os partidos somados tenham um total de 328 parlamentares, o resultado na urna indicou 310 votos para Merz, seis a menos do que o necessário para aprovação — e com 18 deserções.

 

O resultado imediatamente provocou reações de todo o espectro político do país. Representantes da CDU e do SPD afirmaram que pretendem realizar uma segunda votação ainda nesta terça-feira, às 15h15 (10h15 em Brasília), confiando que os dissidentes da primeira rodada irão rever seus posicionamentos e aderir ao compromisso firmado entre os partidos. Na oposição, a colíder do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, pediu a renúncia de Merz e a convocação de novas eleições.

 

— Merz deve renunciar imediatamente, e a porta deve ser aberta para novas eleições em nosso país — declarou Weidel, cujo partido foi o segundo mais votado em fevereiro e atualmente está empatado com os conservadores em pesquisas de intenção de voto.

 

Pela regra eleitoral alemã, não há limite para o número de votações para aprovação do novo governo. A única imposição é de que o segundo turno aconteça em um prazo máximo de duas semanas. Caso a nova votação também termine sem nenhum candidato com a maioria simples, um terceiro turno é realizado, sendo declarado vencedor aquele candidato com mais votos (não necessariamente mais de 50% do total de assentos).

 

É improvável que Merz fosse derrotado neste terceiro cenário, uma vez que os democratas-cristãos foram a sigla individualmente mais votada. Contudo, o dano que o processo já está causando em sua imagem o fragiliza antes mesmo do começo do governo. Também impõe revezes à programação do conservador, que esperava ser aprovado sem maior resistência.

 

Certo de que seria aprovado, Merz já havia marcado uma série de compromissos que seriam prejudicados se a posse fosse atrasada mesmo que em um dia. Uma agenda cuidadosamente orquestrada de visitas ao exterior começaria amanhã, com viagens para se encontrar com o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.

 

O fracasso de Merz no primeiro turno também pode enfraquecer sua capacidade de começar a implementar mudanças econômicas e estruturais necessárias.

 

— Isso mostra que ele não pode confiar totalmente em seus dois partidos de coalizão — disse Holger Schmieding, economista da Berenberg. — Isso semearia algumas dúvidas sobre sua capacidade de perseguir plenamente sua agenda, prejudicando sua autoridade nacional e internacional, pelo menos inicialmente.

 

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Mesmo antes de ser nomeado, Merz já enfrenta a ira de uma parcela de seu eleitorado conservador por ter relaxado recentemente regras rígidas de empréstimos para financiar o aumento dos gastos militares e a modernização da infraestrutura do país. Internamente, ele tenta se contrapor ao avanço da AfD se aproximando de uma abordagem linha-dura na política de migração. Enquanto um novo governo não for aprovado pelo Bundestag, o social-democrata Olaf Scholz permanece no cargo.

 

Fonte: O Globo

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