Restaurante em Pacific Palisades em chamas. Foto: Michael Ho Wai Lee/SOPA Images
Os incêndios florestais de grande proporção que atingiram Los Angeles, na Califórnia (EUA), nesta semana deixaram ao menos cinco pessoas mortas e dezenas feridas. As chamas consumiram centenas de casas em bairros como Palisades, Eaton, Hurst e Woodley.
O fotógrafo Mark Thiessen, da equipe da National Geographic, acompanhou os bombeiros que foram mobilizadas para conter as chamas. Ele, que vive em San Gabriel Valley, a leste de Los Angeles, e recebeu um treinamento na escola de incêndios florestais de Idaho em 1997, explicou as causas da tragédia.
Segundo Thiessen, o primeiro fator que contribuiu com a tragédia é a natureza da área devastada. Os ecossistemas da Califórnia dependem de incêndios para manter o funcionamento. A planta chaparral, por exemplo, precisa do fogo para germinar, enquanto gramíneas e arbustos dependem das chamas para limpar o solo da floresta e crescer.
Ele aponta, no entanto, que seres humanos têm interferido no processo natural nos últimos anos, o que gera mais superfícies cobertas de vegetação e, portanto, “mais combustível” para pegar fogo.
Outro fator é a falta de chuva, já que o período chuvoso vai de outubro a abril na região. O estado teve precipitações quase insignificantes entre o outono e o inverno, o que gerou condições de pouca água disponível.
O fator apontado como o mais importante é o vento: meteorologistas já vinham prevendo a chegada dos ventos de Santa Ana, que sopram do leste para o oeste, em vez do oceano para o leste. A condição costuma espalhar as chamas e impedir que bombeiros acompanhem.
Veja fotos:
Homem evacua casa em chamas em Altadena. Foto: David Swanson/ReutersFumaça de edifício incendiado em Malibu. Foto: Ringo Chiu/ReutersCasal volta para casa e vê destroços no local onde ficava a residência. Foto: Ethan Swope/APCasal se abraça durante evacuação em Altadena. Foto: David Swanson/ReutersCasa completamente incendiada nas colinas de Altadena. Foto: Septemer Dawn Bottoms
Moradores descrevem cenário de horror após incêndios em LA: “Apocalíptico”
Vista aérea mostra toda uma área de casas queimadas no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia – Foto: Josh Edelson
Os incêndios florestais que assolam a costa de Los Angeles, na Califórnia, têm deixado um rastro de destruição descrito como “apocalíptico”. Autoridades confirmaram que o número de mortos subiu para dez, enquanto imagens aéreas mostram bairros inteiros transformados em ruínas, especialmente na luxuosa região de Pacific Palisades e em partes de Malibu.
De acordo com a chefe dos bombeiros, Kristin Crowley, mais de 7.700 hectares foram consumidos pelas chamas, destruindo milhares de estruturas. “O incêndio de Palisades é um dos desastres naturais mais destrutivos da história de Los Angeles”, afirmou Crowley em coletiva de imprensa. Além das áreas residenciais, o fogo avançou até regiões icônicas, como Hollywood Hills, atingindo locais próximos ao famoso letreiro de Hollywood.
Moradores descreveram a tragédia como algo bíblico. “Um dia você está nadando na piscina, no outro tudo desapareceu”, relatou o ator James Woods, que perdeu sua casa em Pacific Palisades.
Casas reduzidas a cinzas pelo incêndio em Palisades, ao longo da Pacific Coast Highway, em Malibu, Califórnia – Foto: Cecilia Sanchez
Nathan Hochman, procurador do distrito de Los Angeles, visitou Pacific Palisades e descreveu a cena como um “cenário de horror”. “Desde os anos 1990, quando enfrentamos incêndios, enchentes e terremotos, nunca vi algo semelhante”, declarou.
Em Altadena, moradores enfrentaram cenas de devastação, com bairros completamente destruídos. “É uma visão de morte e destruição”, disse Kalen Astoor, que viu o bairro de sua mãe ser tomado pelo fogo. Mais de 180 mil pessoas permanecem sob ordens de evacuação.
Incêndio em Palisades cerca casas na comunidade de Topanga, Califórnia – Foto: David Swanson
Ventos e condições climáticas
Os ventos fortes têm ampliado os focos de incêndio, atingindo também comunidades menores e áreas rurais.
As condições climáticas continuam críticas, com seca extrema e ventos intensos dificultando o controle das chamas. Especialistas apontam que incêndios sazonais são comuns no sul da Califórnia, mas a magnitude desta semana é considerada fora do padrão. “É algo que nunca vivemos antes”, comentou uma autoridade local.