Brasil : Pomada cicatrizante para pets é criada a partir de produtos naturais da Amazônia
Enviado por alexandre em 03/05/2024 08:43:10

Pesquisadores acreditam que em até dois anos a pomada possa ser produzida e comercializada em grande escala.


Foto: Reprodução/Rede Amazônica

A partir de produtos naturais da Amazônia, pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) desenvolveram uma pomada cicatrizante para cães e gatos: a CicaPet. O medicamento, livre de petrolatos e parabenos, substâncias de origem do petróleo e comuns na indústria desse segmento, está em fase de testes e já se mostrou eficiente.

Os pilares da bioeconomia e a soberania da Amazônia são os os temas da edição de 2024 do projeto 'Amazônia Que Eu Quero' que vai abordar a 'Amazônia Continental'.

Os testes da pomada com alto poder cicatrizante para ser utilizada em pets, especialmente cães e gatos, estão sendo feitos por pesquisadores do laboratório Bionorte, da Ufac.

O uso tópico da pomada totalmente natural, é feita com produtos da Amazônia ele foi capaz de regenerar o tecido da pele machucada de forma muito eficiente e muito mais rápido na comparação com produtos à base de petróleo.

A pesquisa faz parte do trabalho de doutorado da Adna Maia. Ela conta que o estudo une o conhecimento empírico de comunidades tradicionais da Amazônia com a ciência.

Foto: Reprodução Rede Amazônica

"Já fizemos esse teste em vitro, testamos em laboratório para ver a ação bactericida, ação anti-inflamatória, e aí agora já partimos para em vivo, que foram testes em camundongos, e assim a gente tem seguido e tem observado de fato o processo de cicatrização acontecendo, com 60% mais ativo que as pomadas convencionais vinculadas no comércio. 100% natural, com a possibilidade de entrar no mercado, com potencial enorme de também gerar fontes de renda para a comunidade local", 

explica Adna Maia. 

A planta que dá origem ao princípio ativo da pomada, ou seja, o principal produto que garante a cicatrização, não pode ser revelada agora porque a pesquisa está em fase de patenteamento. Já a base da pomada é feita a partir de outro produto que existe em abundância na região: o bambu.

O professor do Ifac, Marcelo Ramon Nunes, explica o processo de desenvolvimento da pomada.

"A gente conseguiu desenvolver no nosso laboratório a Carboximetilcelulose, que é a base dessa pomada, que substitui bases de pomadas convencionais à base de petróleo, que geralmente apresentam alto teor e toxicidade, e pode ser até cancerígeno, e a gente conseguiu desenvolver no IFAC, juntamente com a parceria da Bionorte, durante o meu estágio de doutorado",

esclareceu Nunes.
Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O coordenador laboratório Bionorte/Acre, Luis Maggi, reforça que o mais importante do estudo é a agregar valores aos produtos naturais e levar melhores condições de vidas às comunidades indígenas e tradicionais que moram na Amazônia.

"Esse é um dos grandes princípios da Bionorte hoje em dia. Nós sabemos que várias instituições internacionais vêm para o Brasil pegar nossos produtos e comercializar lá fora e deixando as comunidades sem seus grandes lucros, sem saber o seu valor agregado. Então, a ideia da Bionorte, bem como da UFAC e de todas as instituições que trabalham dentro da região Norte, é valorizar os produtos que são da Amazônia para dar maiores condições de vida às comunidades da Amazônia", concluiu.


Pesquisa amazonense aponta alternativa na produção de filmes de hidrogel para aplicação em doenças de pele

Uma pesquisa, realizada no Amazonas, analisa os óleos essenciais advindos da floresta amazônica com princípios ativos para aplicação em filmes de hidrogel com potencial para auxiliar no tratamento de doenças de pele. O estudo é realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), via Programa de Apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação em Áreas Prioritárias para o Estado do Amazonas (CT&I Áreas Prioritárias), apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

O filme de hidrogel, ou biofilme, é um polímero de cadeias longas de carbono, que formam uma rede entrecruzada, com a finalidade de reter uma grande quantidade de moléculas de água, que armazenam cerca de 90% de água em sua estrutura reticulada, e possuem eficiência durante sua aplicação. São muito utilizados na área biológica para a liberação controlada de água e princípios ativos que ficam retidos em sua rede cristalina.

No estudo coordenado pela doutora em Ciências, Cristina Gomes da Silva, da Ufam, a principal motivação do projeto é o desenvolvimento de materiais curativos inovadores, de modernas tecnologias e baixo custo, visando um produto final de aplicação tanto em ambiente hospitalar pós-cirúrgicos, quanto doméstico de uso comum.

Foto: Cristina Gomes da Silva/Acervo pessoal

Segundo a pesquisadora, os óleos essenciais possuem princípios ativos em sua composição que agem no mecanismo de quebra da parede celular dos microrganismos, interrompendo seu processo de multiplicação e crescimento, promovendo a recuperação mais efetiva dos ferimentos e em menores intervalos de tempo, contribuindo para o bem-estar do paciente.

"Resultados preliminares apontam que o óleo essencial do pau rosa, extraído de árvore nativa da região amazônica, apresenta cerca de 97% do ativo de linalol, um importante componente que age efetivamente na ruptura da parede celular dos microrganismos", 

destacou Cristina Gomes.
Foto: Cristina Gomes da Silva/Acervo pessoal

O estudo contribuiu para a adequação da melhor concentração para o preparo dos filmes de hidrogel no combate aos fungos e bactérias que crescem em feridas dérmicas.

Os hidrogênios ativos com óleo essencial de pau rosa foram testados em relação às propriedades físico-químicas, composição química, resistência mecânica, capacidade de intumescimento e liberação de ativos controlados.

A pesquisa enfatiza que tanto os óleos essenciais quanto os filmes ativos foram testados com relação às propriedades biológicas, apresentando excelentes resultados de crescimento de zona de inibição e morte das bactérias.

A pesquisadora afirma que o suporte aos projetos de pesquisa científicos é relevante para o desenvolvimento do conhecimento acadêmico, do estudo de novos materiais que tragam o bem-estar e evolução da sociedade. "O avanço das pesquisas científicas e a formação de novos profissionais capacitados para a pesquisa, no estado do Amazonas, corrobora para o desenvolvimento regional e o avanço da sociedade de maneira abrangente, em diferentes níveis socioeconômicos", acrescentou.

CT&I Áreas Prioritárias

O Programa visa apoiar propostas de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, nas diferentes áreas do conhecimento, coordenadas por pesquisadores residentes no estado do Amazonas, vinculados às instituições de pesquisa ou ensino superior ou centros de pesquisa de natureza pública ou privada sem fins lucrativos, que busquem o avanço e o aprofundamento das áreas do conhecimento e o estudo de seus problemas e desafios, contribuindo com o desenvolvimento do ecossistema científico, tecnológico e de inovação no Amazonas.

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