Justiça : Moraes dá 48 horas para Bolsonaro explicar sua estadia na embaixada da Hungria
Enviado por alexandre em 26/03/2024 00:35:34


O ministro Alexandre de Moraes, do STF. Reprodução

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), estabeleceu um prazo de 48 horas para que o ex-presidente Jair Bolsonaro explique sobre sua estadia de duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília.

Moraes é responsável pelo processo que investiga Bolsonaro, políticos e militares por suposta tentativa de golpe de Estado. Dentro deste processo, em 8 de fevereiro, o juiz ordenou a apreensão do passaporte do ex-presidente para impedir que ele deixasse o país.

Poucos dias depois, entre 12 e 14 de fevereiro, Bolsonaro esteve hospedado na embaixada da Hungria.

Na prática, de acordo com o direito internacional, as embaixadas são consideradas territórios invioláveis, o que significa que Bolsonaro só poderia ser acessado por agentes brasileiros com o consentimento do governo húngaro.

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP

A informação sobre a estadia de Bolsonaro na embaixada por dois dias foi divulgada em um artigo do jornal The New York Times, que incluiu imagens das câmeras de segurança.

Após a publicação do artigo, a defesa do ex-presidente confirmou sua estadia na embaixada húngara.

Em um comunicado à imprensa, os advogados de Bolsonaro afirmaram que ele “passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília para manter contatos com autoridades do país amigo” e que durante esse tempo ele “conversou com diversas autoridades húngaras, atualizando os cenários políticos das duas nações”.

Mais tarde, em um evento no Centro de São Paulo, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre o assunto. Ele perguntou: “Há algum crime em dormir na embaixada, conversar com o embaixador?

Palmas no portão e espera na rua: a chegada de Bolsonaro na embaixada húngara


Jair Bolsonaro de calça jeans e camiseta verde, cabisbaixo, na frente de embaixada
Bolsonaro chegando à embaixada da Hungria – Reprodução

Jack Nicas, correspondente do The New York Times no Brasil, contou que os seguranças do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tiveram que bater palmas na frente da embaixada da Hungria para chamar a atenção e conseguir entrar no local. O fato aconteceu em fevereiro, quando o político se escondeu em uma ação que teria como objetivo sair do alcance da Polícia Federal.

“Os seguranças do Bolsonaro saíram do carro e começaram a bater palma para chamar a atenção. Eles ficaram fora da embaixada por quase cinco minutos até o embaixador chegar para abrir a porta”, detalhou o jornalista, no Edição das 18h da GloboNews.

Foi o The New York Times que divulgou imagens de câmeras de segurança que flagraram Bolsonaro na embaixada da Hungria quatro dias após a Operação Tempus Veritatis. O político teve seu passaporte confiscado sob acusação de ter planejado um golpe após a derrota na eleição presidencial de 2022.

A ida até a embaixada teria como objetivo sair do alcance da PF caso ele tivesse sua prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).


Estadia de Bolsonaro na embaixada teve o aval do governo Orbán, crê Itamaraty


Imagem em preto e branco de Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria
Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria – Reprodução

Na tarde desta segunda-feira (25), representantes do Ministério de Relações Exteriores e do Palácio do Planalto expressaram insatisfação com as explicações fornecidas pelo embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, sobre a estadia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Embaixada da Hungria por duas noites consecutivas em fevereiro.

De acordo com o g1, o governo brasileiro sugere que a ação do embaixador contou com o aval de Budapeste, destacando a relação de aliado entre o presidente húngaro, Victor Orban, e Bolsonaro. “Ninguém faz isso à revelia do governo central”, afirmou um diplomata graduado.

Halmai foi convocado pelo Itamaraty para esclarecer o episódio e se reuniu com a embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte da pasta, por cerca de 20 minutos. Segundo fontes, suas explicações foram breves e evasivas, sugerindo que receber visitantes na embaixada é uma prática comum e que há uma relação de amizade entre Orban e Bolsonaro.

No entanto, autoridades diplomáticas brasileiras contestam essa versão, afirmando que não é praxe diplomática tal situação. Além disso, observam que o discurso do embaixador pareceu coordenado com a defesa de Bolsonaro, levantando suspeitas de um “jogo combinado”.

Embora as explicações tenham sido consideradas insuficientes, o Itamaraty enfatiza que a convocação serviu para mostrar desaprovação à acolhida de Bolsonaro na embaixada.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, confirmou que o ex-presidente foi convidado para ficar dois dias na embaixada, destacando que durante esse período ele manteve contato com autoridades húngaras para discutir assuntos de interesse mútuo.

A Polícia Federal (PF) irá investigar as circunstâncias da visita de Bolsonaro à embaixada, lembrando que ele não pode ser preso em uma representação estrangeira, pois esses locais estão fora da jurisdição das autoridades locais.

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