Coluna Qualidade de Vida : O que você costuma pensar quando corre?
Enviado por alexandre em 22/03/2024 15:07:42

Quando você sai para correr, você faz isso para pensar ou para não pensar?

Quero começar te fazendo uma pergunta: quando você sai para correr, você faz isso para pensar ou para não pensar? Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas, as respostas podem acabar sendo muito variadas.

 

Eu, por exemplo, sou daqueles que aproveito o tempo que saio para correr para pensar muito nas coisas, até mesmo no trabalho. Mas esse não é o caso de todos: perguntei a vários corredores amadores, de diferentes níveis e idades, e fiquei surpreendido com a multiplicidade das respostas sobre o que passa nas cabeças deles quando correm.

 

— Embora a primeira coisa que sinta quando saio para correr seja uma sensação de desconexão, com o tempo percebi que correr me ajuda a pensar melhor. Agora aproveito este momento para revisitar as questões que me preocupam.

 

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Alguns corredores aproveitam o momento da corrida para refletir sobre problemas pessoais — Foto: Foto: Freepik

 

A pena é que, como durante a semana saio para correr depois do trabalho, a inércia do dia involuntariamente me leva a pensar no trabalho. E geralmente chego com soluções para problemas ou com vontade de tomar alguma iniciativa — diz Carlos Carrasco, corredor de 32 anos do clube de atletismo Myrmidons.

 

Acontece comigo algo muito parecido com o que Carlos diz, mas há casos muito diferentes. Perguntei também à minha colega do EL PAÍS Alejandra Agudo, 41, que começou a correr em julho passado, ficou fisgada e agora reflete sobre isso em seu Instagram @una_correente. Como uma boa jornalista, ela queria ver na hora o que se passava na cabeça dela enquanto corria. Para isso, Alejandra saiu por 40 minutos e então me escreveu isto:

 

— Não pensar é impossível, mas não costumo pensar em questões de trabalho ou nos problemas que posso estar ruminando, mas sim em tudo para o qual o trabalho e as distrações não deixam espaço mental para o resto do dia. E assim me desconecto de certas obrigações e me conecto com outros aspectos da vida: a paisagem, a minha respiração até ao fundo dos pulmões e o movimento das minhas pernas e braços, a música que estou ouvindo ou os sons logo do início manhã ou da última hora do dia.

 

Jimena Ruiz, também integrante do clube de atletismo Myrmidons, sócia de Carlos Carrasco e corredora de longa distância, diz que na primeira metade das corridas, faz um esforço para pensar e se distrair. Já em um segundo momento, ela tenta focar apenas na corrida.

 

Juan Díaz, 47 anos e membro do Hellín Triathlon Club (Albacete), me disse algo semelhante. — Quando chega um momento em que não estou me preparando para grandes corridas, corro pelo simples prazer de correr e para clarear a cabeça— ele explica.

 

— Na verdade, percebo como isso me relaxa e me ajuda a desconectar. Quando estou me preparando para corridas, costumo pensar em questões relacionadas à corrida: nos treinos que estou fazendo, nas próximas competições... Mas não costumo pensar nas questões do dia a dia — Juan admite.

 

Até Haruki Murakami, célebre escritor japonês indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, refletiu sobre esse assunto em seu ensaio "O que eu falo quando falo sobre corrida", no qual escreveu: "Enquanto corro, talvez pense nos rios.

 

Talvez pense nas nuvens. Mas, em essência, não penso em nada. Simplesmente continuo correndo no meio daquele silêncio que ansiava, no meio daquele vazio coquete e artesanal. É realmente ótimo. Digam o que disserem".

 

CORREDORES QUE PENSAM VS. CORREDORES QUE SE DESCONECTAM

 

Apesar de ser um processo inconsciente, especialistas indicam fatores que explicam o comportamento desse grupos — Foto: Foto: Freepik

Fotos: Reprodução

 

Mas por que existem corredores que começam a pensar automaticamente e aqueles que se concentram apenas em se desconectar? —Temos a resposta na aprendizagem anterior e na intencionalidade repetida durante muitas sessões de formação — explicam Natalia Pedrajas, psicóloga e doutora em Estilos de Vida Saudáveis ??e diretora de La Psiccología en Casa; e Carla Rodríguez, psicóloga especializada em emoções no esporte, diretora da associação Suelta los Frenos Psicologia e Esportes.

 

Segundo as especialistas, a predisposição para um estado ou outro depende de diversos fatores: entre eles estão a razão pela qual praticamos esportes, o estado pessoal em que nos encontramos e a experiência anterior em esportes.


Embora geralmente não o façamos conscientemente, as psicólogas me deram algumas orientações para que os 'corredores reflexivos' possam se desconectar e vice-versa.

 

— Primeiro temos que nos perguntar: temos outras formas ou espaços em nossas vidas para refletir? Se não os criamos, possivelmente correr seja um bom momento, pois o exercício físico automatizado consegue liberar um espaço em nosso cérebro perfeito para o hipocampo se concentrar no que faz de melhor, evocando memórias e consolidando-as.

 

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Se o que queremos é focar na corrida, devemos trabalhar conscientemente para trazer nossa atenção para aspectos específicos dela, variando desde o exterior (sons, cores, tempo, pessoas, ambiente, etc.) até nossas sensações corporais de respiração. , batimentos cardíacos, sensação dos músculos, posição do nosso corpo — elas recomendam. 

 

Fonte:O Globo

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