Condenada por corrupção, Nadine Heredia Alarcón foi trazida ao Brasil em avião militar para receber asilo
Nadine Heredia e Lula Foto: EFE/ Paolo Aguilar ARCHIVO; Lula Foto: Ricardo Stuckert / PR
A pedido do deputado federal Filipe Barros (PL-PR), o Tribunal de Contas da União (TCU) vai analisar o uso de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer a ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia Alarcón, condenada por corrupção, até o Brasil após ela obter asilo diplomático.
Barros, que preside a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, quer apurar se houve desvio de finalidade ou favorecimento político e ideológico nesse caso.
Ele ainda busca averiguar se há registro de casos anteriores em que cidadãos de outros países condenados no exterior tenham sido trazidos ao Brasil em aeronaves militares para fins de asilo.
Nadine e seu esposo, o ex-presidente Ollanta Humala, foram condenados a 15 anos de prisão, no Peru, por receberem recursos de obras públicas de maneira ilícita por meio de operações da construtora Odebrecht (atualmente Novonor).
A ex-primeira-dama não chegou a comparecer à audiência no tribunal. O ex-chefe do Executivo sim e saiu de lá preso. Nadine refugiou-se na embaixada brasileira em Lima e deu entrada no pedido de asilo diplomático, que foi aceito. Ela chegou ao Brasil no último dia 16 de abril.
Além do pedido de auditoria no TCU, Filipe Barros aprovou a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Já o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS) protocolou uma moção de repúdio contra a decisão do governo Lula (PT) de conceder asilo a Nadine.
– É o cúmulo da inversão moral. O Brasil, que foi protagonista da Lava Jato e chegou a prender figuras como Marcelo Odebrecht e até o próprio Lula, agora concede abrigo político àqueles que roubaram milhões do povo latino-americano. É como se os criminosos descondenados estivessem hoje protegendo seus antigos parceiros de corrupção – disse Zucco, em sessão na Câmara.
Presidente da Câmara avisou a aliados sobre sua decisão
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
Apesar das mais de 260 assinaturas de deputados da Casa, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu que não vai pautar o requerimento de urgência do projeto de lei que visa anistiar os envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023. Segundo informações da colunista da CNN Brasil Tainá Falcão, o líder da Casa Legislativa já teria avisado a aliados sobre sua decisão.
O pedido de urgência permitiria que a anistia fosse analisada diretamente no plenário da Câmara, sem ter que passar por comissões. O requerimento havia sido protocolado pelo líder do Partido Liberal (PL) na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), com o apoio de 264 deputados, incluindo parlamentares da base partidária do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão de Motta sobre não pautar a urgência vem a público após Sóstenes dar um ultimato ao presidente da Câmara, nesta quarta-feira (23). Na ocasião, ele afirmou que se o requerimento não fosse pautado até esta quinta (24), o gesto seria interpretado como “desrespeito político” e “falta de consideração” para com o PL.
A fala ocorreu durante a comunicação dos líderes na plenária e foi direcionada ao deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que presidia interinamente a sessão.
– Se amanhã esse requerimento não for incluído na pauta do colégio de líderes, nós do PL, estamos entendendo que é um gesto do presidente Hugo Motta para com o PL da antipolítica, do desrespeito político e da falta de consideração com quem foram seus primeiros aliados. Presidente Elmar, tudo na política tem limite. Tudo. O presidente Hugo Motta pediu que os líderes não assinassem, eu respeitei. Ele pediu um tempo, nós demos o tempo. O tempo agora acabou. Amanhã, ou ele pauta junto com os líderes a urgência da anistia, ou o limite do PL com ele chegou no nosso limite – salientou.
Motta tem feito reuniões com representantes dos Três Poderes a fim de encontrar formas de consenso em relação à proposta. Parlamentares da esquerda e também do centro admitem a possibilidade de reavaliar as penas impostas pelo Judiciário, contudo, não querem uma anistia ampla e irrestrita, como defende a direita. O objetivo seria impedir que o texto beneficiasse o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também é réu no caso.
Hugo Motta, Luiz Inácio Lula da Silva e Davi Alcolumbre Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá ao funeral do papa Francisco acompanhado das lideranças dos demais Poderes da República brasileira. Embarcarão junto do chefe do Executivo os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF), Hugo Motta (Republicanos-PB), Davi Alcolumbre (União-AP) e ministro Luís Roberto Barroso.
Segundo apuração do portal Metrópoles, o convite partiu do próprio Lula, e as demais autoridades aceitaram. A comitiva deve seguir rumo ao Vaticano por volta das 22h desta quinta-feira (24). O funeral será realizado no próximo sábado (26), às 10h (hora local, 5h de Brasília).
O petista lamentou a morte do pontífice nesta segunda e decretou sete dias de luto por seu falecimento. De acordo com ele, a humanidade perde uma voz de respeito e acolhimento ao próximo.
– O papa Francisco viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos. Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o argentino Jorge Bergoglio buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia. E a compreensão de que somos todos iguais, vivendo em uma mesma casa, o nosso planeta, que precisa urgentemente dos nossos cuidados – escreveu, em nota.
Nos últimos anos, Lula se reuniu com o papa Francisco por algumas vezes. Em fevereiro de 2020, antes de ser candidato ao terceiro mandato como presidente, o petista chegou a ser recebido por Francisco no Vaticano. Em 2023, já como presidente, Lula se reuniu com o papa ao lado da primeira-dama Janja.
No ano seguinte, os dois voltaram a se reunir durante visita de Lula à Itália para a Cúpula do G7. Lula, mais uma vez acompanhado da primeira-dama Janja, esteve com Francisco e chegou a expressar o desejo de convidar o pontífice para a COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, no fim deste ano.
Sem a presença de Lula, a primeira-dama Janja da Silva se encontrou com o papa Francisco no Vaticano em fevereiro deste ano. Durante a visita, o pontífice teria perguntado sobre a saúde de Lula e expressou seu apoio à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa encampada pelo governo brasileiro no âmbito do G20.
Jair Bolsonaro e Lula Foto: EFE/ André Coelho; Foto: EFE/ Andre Borges
Nova pesquisa de intenção de voto para as eleições de 2026, divulgada nesta terça-feira (22) pelo instituto Paraná Pesquisas, indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) venceria Lula (PT) no primeiro e no segundo turnos, caso estivesse liberado para disputar o Planalto.
O líder da direita foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a oito anos de inelegibilidade.
BOLSONARO É O MAIS CITADO NO CENÁRIO ESPONTÂNEO No cenário espontâneo da pesquisa, ou seja, quando o entrevistado é convidado a responder em quem votaria sem que nenhum nome seja apresentado a ele, Jair Bolsonaro (PL) aparece como opção com maior votação, com 18,2%. Com um ponto percentual a menos, Lula vem na sequência, com 17,2%.
Em seguida, Tarcísio tem 1,6% das menções, e os outros nomes citados aparecem com menos de 1%. A maioria dos eleitores, 53,5%, não sabe ou não opinou, e 6,2% não votariam em ninguém ou votariam em branco ou nulo.
Em um cenário de primeiro turno em que Lula e Bolsonaro concorrem e são listados aos entrevistados como candidatos viáveis, 38,5% afirmam votar no ex-presidente, enquanto 33,3% dizem preferir o petista.
MICHELLE X LULA O levantamento também mostra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) tecnicamente empatados em eventual disputa pela presidência.
Em outro cenário estimulado, em que os nomes dos candidatos também são apresentados aos entrevistados, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), substituindo Michelle como o principal nome da direita, perderia para o petista.
Caso o pleito fosse hoje, Lula teria 33,7% das intenções de voto, ante 31,7% de Michelle. Como a margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos porcentuais, há empate entre os dois.
No mesmo cenário, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) aparece na sequência, com 11,8%; o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), com 6%; o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), com 3,8%; e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), com 0,9%.
Já em um cenário em que a ex-primeira-dama é substituída por Tarcísio, outro dos principais nomes à direita para herdar o capital político de Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030, Lula venceria o governador, com 34% a 27,3%.
Embora não tenha se lançado oficialmente como candidato para 2026, Tarcísio tem marcado presença nas manifestações da direita e colado sua imagem como braço direito de Bolsonaro.
O instituto Paraná Pesquisas realizou 2.020 entrevistas em 26 Estados e no Distrito Federal, entre os dias 16 e 19 de abril. O índice de confiança é de 95% e a margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
MICHELLE E TARCÍSIO VENCERIAM LULA Nos cenários apresentados pela pesquisa para eventuais segundo turnos, Michelle e Lula também empatam na margem de erro. Porém, a ex-primeira-dama aparece numericamente à frente, com 45% das intenções de voto, ante 41% em Lula. Nesse cenário, 9,2% votariam em branco ou nulo, e 4,8% não responderam.
Entre Tarcísio e o presidente, o governador paulista tem 43,4% da preferência dos eleitores, enquanto Lula, 40,6%. São 10,5% os que não gostariam de nenhum, os que votariam branco ou nulo, e 5,5% os que não souberam ou não responderam.
Marcel van Hattem Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados
Nesta terça-feira (22), o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) se manifestou a respeito do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o chamado núcleo 2 do plano de suposto golpe de Estado. De acordo com o parlamentar, trata-se de um “jogo de cartas marcadas”.
Van Hattem foi o único congressista presente na sessão. Ao deixar o tribunal, ele deu declarações a jornalistas e falou em “julgamento político”.
– É um tribunal muito aos moldes dos tribunais revolucionários. Faz o que quer, não tem controle externo e é uma pena que o Senado da República não tenha tomado ainda a devida atitude em relação ao Supremo Tribunal Federal – comentou.
O deputado acrescentou que “vivemos um período muito triste no Brasil”. As informações são do Poder360.
– Infelizmente nós vivemos um período muito triste no Brasil. A minha impressão entrando ali é que a gente vê justamente pessoas que estão desrespeitando a lei e a Constituição julgando pessoas que tentaram fazer todo o possível para apresentar sua defesa, mas que dificilmente serão ouvidas no processo.