Amor e Sexo : Falando sobre sexo
Enviado por alexandre em 09/01/2016 02:44:52

O Brasil é conhecido mundo afora pela sensualidade, informalidade e, por que não?, por uma imagem de liberação sexual e parece ainda estranhar quando uma senhora de 68 anos aparece na novela de maior audiência do país afirmando que chegou ao primeiro orgasmo sozinha, aos 45 anos. Esse mesmo país das mulatas, do culto ao corpo e à beleza vive num dilema. Por que ainda é tão difícil falar abertamente sobre sexo? Muitos devem estranhar essa questão, afinal é comum ver programas de sexo na TV, rádio, colunas em jornais, revistas e publicações específicas sobre o tema. Mas, na hora de conversar sobre... "As pessoas estão acostumadas a ver e não a falar de sexo", resume a orientadora sexual Laura Muller.

Não conseguimos expor as nossas sensações, sentimentos, as transformações que acontecem no nosso corpo


Um dos motivos apontados pelos especialistas da área para essa dificuldade é que hoje o sexo estaria intimamente ligado à imagem e ao poder. "Existe uma palavra que estraga totalmente o sexo: desempenho. Sexo virou uma corrida ao Olimpo. As pessoas não sabem lidar com o prazer simplesmente. Querem ser os melhores e aí se retraem e tentam não falar sobre para evitar comparações", justifica a sexóloga Sheiva Cherman, apresentadora do "Dá licença - eu vou entrar na sua intimidade", um programa sobre sexologia na Rádio Bandeirantes AM. "Quando a pessoa lê sobre sexo, ninguém está vendo. Quando verbaliza, ela se expõe e sabe que poderá ser condenada por isso", continua.

Com ironia

Se normalmente não se fala sobre o sexo, brinca-se (e muito) com ele. Pode ser mais uma maneira de afastar as pessoas dos debates e do verdadeiro entendimento do tema. A piada, a brincadeira ou até mesmo as frases mais grosseiras podem ligar o sexo ao obscurantismo, a uma imagem de sujeira - situação reproduzida há décadas. "Somos criados sempre do mesmo jeito. A gente vive no mundo da piada, ninguém consegue falar a sério. Não conseguimos expor as nossas sensações, sentimentos, as transformações que acontecem no nosso corpo", constata a orientadora sexual Patrícia Espírito Santo, autora do livro "O lado obscuro do sexo", da Editora Summus. Segundo ela, as explicações ficam muito focadas na parte técnica da sexologia e não na parte afetiva, emocional da questão - o que, para Patrícia, é uma grande falha.

Ela conta que já viveu situações inusitadas nas palestras que ministra. Numa delas, uma espectadora disse que havia se incomodado com a naturalidade com que ela falava sobre sexo. Em outra, uma mulher afirmou que sentiu vergonha. A orientadora sexual, que também escreve uma coluna no jornal Estado de Minas, percebe que as mulheres têm mais dificuldade em conversar sobre o tema. "Escrevo num suplemento feminino e, para se ter uma idéia, de cada três mensagens que recebo de homens, chega uma de mulher", calcula Patrícia. Mesmo com a experiência profissional, ela não consegue falar informalmente sobre sexo com as amigas. "Elas simplesmente não comentam sobre", lamenta.
Categoria:

Amor

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