Cirurgiões em Boston transplantaram com sucesso o rim de um porco geneticamente modificado em um homem de 66 anos com insuficiência renal no mês passado, anunciou o Hospital Geral de Massachusetts.
Foi o quarto transplante de rim de porco nos Estados Unidos, e o primeiro de três que serão feitos no Mass General como parte de um novo ensaio clínico sancionado pela Food and Drug Administration (FDA). Dois dos pacientes anteriores morreram logo após o procedimento, incluindo um que estava gravemente doente antes do transplante.
Mais de 100.000 pessoas no país estão em listas de espera para transplante de órgãos, principalmente rins, mas há uma escassez aguda de órgãos de doadores humanos. Muitas pessoas morrem enquanto esperam.
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Para ajudar a aliviar a escassez, várias empresas de biotecnologia estão editando os genes dos porcos para que seus órgãos não sejam facilmente rejeitados pelo corpo humano.
O novo ensaio clínico, que está usando órgãos produzidos pela empresa de biotecnologia eGenesis, é um dos dois estudos de órgãos de animais geneticamente modificados que receberam sinal verde dos órgãos reguladores americanos no inicio da semana passada. O outro, patrocinado pela United Therapeutics Corporation, começará no final deste ano com seis pacientes, mas esse número pode eventualmente aumentar para 50.
O mais recente receptor do transplante, Tim Andrews, passou pela cirurgia no final de janeiro e estava bem o suficiente para receber alta uma semana depois.
— Quando saí da sala de recuperação e fui para a unidade de tratamento intensivo, eu realmente dancei sapateado entre a mesa e minha cama — disse Andrews — Estou tão feliz, é inacreditável.
Andrews estava em diálise renal há mais de dois anos, suportando tratamentos que duravam horas pelo menos em três vezes durante a semana. O tratamento o deixava fatigado e enjoado na maior parte do tempo, e ele não conseguia trabalhar ou fazer muita coisa em casa.
— É como um novo motor, de repente, uma máquina de energia fluiu para mim — disse o homem.O homem teve um ataque cardíaco logo após começar a diálise e, em agosto passado, quando começou a discutir a possibilidade do transplante com os médicos do Mass General, ele estava usando uma cadeira de rodas. Os médicos disseram que ele precisava ficar em melhor forma para a cirurgia, então ele começou a fazer fisioterapia e caminhar.
Assim como Towana Looney, uma mulher do Alabama que recebeu um rim de porco no NYU Langone Health em novembro, Andrews disse que depois da cirurgia ele se sentiu melhor do que se sentia há anos.
Looney, que permaneceu na cidade de Nova York para tratamento de acompanhamento, está bem e planeja voltar para casa no final deste mês, o que será três meses após sua operação.
Mesmo que os órgãos de porco sejam provados como seguros e eficazes, não está claro quanto custariam e se seriam cobertos pelo seguro. A maioria dos pacientes com insuficiência renal não consegue trabalhar e é coberta pelo plano de saúde do governo Medicare.
O rim que Andrews recebeu veio de um porco que passou por 69 edições genéticas, incluindo 59 para inativar retrovírus suínos, em um esforço para reduzir o risco de infecção em humanos.
Dois pacientes que passaram por transplantes envolvendo rins de porco no ano passado morreram logo após os procedimentos, incluindo Lisa Pisano, de Nova Jersey , que fez sua cirurgia em Nova York e cujo rim foi projetado pela United Therapeutics Corporation, e Richard Slayman , de Massachusetts, que recebeu um rim eGenesis no Mass General.
Tatsuo Kawai, o cirurgião chefe envolvido nas operações no Mass General, disse que os médicos estavam constantemente aprendendo. Segundo ele, o objetivo é:
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— Tornar órgãos de porcos geneticamente editados uma solução viável e de longo prazo para pacientes. Embora tenhamos um longo caminho a percorrer para tornar isso uma realidade, este transplante é um próximo passo importante — explicou Kawai em uma declaração.
Fonte: O Globo