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Data 22/09/2021 10:18:35 | Tóopico: Política

Falas de Bolsonaro sobre Amazônia na ONU não condiz com a realidade diz pesquisadores
  • Leticía Mori - @leticiamori_
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Jair Bolsonaro ao lado da primeira-dama Michele, ambos de máscara e sendo observados por um segurança ao fundo

Crédito, Reuters

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Presidente participa da Assembleia Geral da ONU em NY

Em seu discurso na 76ª Assembleia Geral da ONU em Nova York nesta terça (21/09), o presidente Jair Bolsonaro usou um tom para falar sobre as florestas brasileiras e o meio ambiente bastante diferente do que usa internamente e até mesmo do que teve em seu discurso do ano passado.

Em 2020 na ONU, Bolsonaro atribuiu os incêndios florestais a "índios e caboclos", disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas e baseou o discurso em elogios ao setor agropecuário.

Internamente, Bolsonaro já minimizou incêndios florestais, prometeu que os indígenas não teriam "nem mais um centímetro de terra", diminuiu a fiscalização ambiental e o combate ao desmatamento e enfraqueceu entidades ambientais do governo federal. Chegou a dizer que o presidente americano, Joe Biden, era "obcecado" com o meio-ambiente e que isso "atrapalha um pouquinho" a relação.

Já em seu discurso na ONU em 2021, o presidente elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal; enalteceu a Amazônia e nossas reservas indígenas; falou sobre neutralidade climática e afirmou que o "futuro do emprego verde está no Brasil" com "energia renovável, agricultura sustentável e indústria de baixa emissão".

Também fez diversas afirmações inverídicas sobre a área ambiental: disse que o desmatamento caiu e que 84% da Amazônia está intacta.

Vacas pastando em área da Floresta Amazônia que pega fogo, em Rondônia

Crédito, Reuters

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A agropecuária avança sobre a Amazônia

Para pesquisadores ambientais e de ciência política, a distância entre o atual discurso e quase três anos de gestão com péssimos índices de preservação ambiental é tão grande que falas como a feita na ONU são totalmente inócuas.

"Não é um discurso de dez minutos que muda uma realidade devastada", diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima (entidade que reúne 43 organizações ambientalistas). "Ele fala que o Brasil tem uma legislação ambiental para proteger o ambiente, ele elogia a vegetação da Amazônia. Tudo isso é verdade, mas nada foi feito por ele. A legislação não foi feita pela base dele no Congresso, não foi ele que plantou a Amazônia. O problema não é o que o Brasil tem, é o que ele quer destruir."

"Bolsonaro faz propaganda justamente daquilo que ele está destruindo", afirma Astrini.

O cientista político Creomar de Souza, professor da Fundação Dom Cabral e fundador da consultoria política Dharma, com essa diferença em relação aos discursos anteriores, Bolsonaro tenta fazer acenos para investidores internacionais, pois percebeu as consequências negativas de um discurso agressivo em relação ao ambiente no cenário mundial. No entanto, seu discurso só atinge seus próprios seguidores.

"Ele faz uso extremo de eufemismos e usa informações que não tem relação nenhuma com a realidade. Quando ele tenta vender uma realidade que não existe, acaba falando apenas a um grupo pequeno de apoiadores", analisa Souza. "Ele fala para um grupo cada vez menor de pessoas."

Astrini diz que é impossível para Bolsonaro conseguir recuperar sua imagem internacionalmente no quesito ambiental.

"A única coisa que ele poderia dizer para mudar a imagem do Brasil é 'aqui está minha carta de renúncia'", afirma o pesquisador do Observatório do Clima

Mentiras na tribuna

Área de mata cercada por áreas já desmatadas na Amazônia

Crédito, Getty Images

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O desmatamento aumentou substancialmente na floresta

Astrini aponta para o grande número de dados distorcidos sobre meio-ambiente usados pelo presidente em seu discurso.

Bolsonaro afirmou que "somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta".

"É uma mentira enorme, um dado produzido por negacionistas a pedido do governo", aponta Astrini.

Imagens registradas pelos satélites Landsat desde 1985 mostram que o Brasil perdeu 18% da Amazônia entre 1985 e 2017, segundo análise do projeto Mapbiomas - parceria entre universidades, ONGs e instituições nacionais.

Além disso, pelo menos outros 20% da floresta estão degradados, com presença da garimpo, grileiros e madeireiros ilegais, aponta o Observatório do Clima.

"A gente só tem a outra metade da floresta preservada porque o Bolsonaro só tem um mandato. Se ele estivesse há 20 anos no poder, a gente não tinha mais nada da Amazônia", afirma Astrini.

Bolsonaro também usou de dados distorcidos para afirmar que o desmatamento caiu, o que não é verdade.

"Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior", disse ele.

A comparação de um mês com outro do ano anterior não dá a dimensão correta. O desmatamento aumentou por dois anos consecutivos de governo Bolsonaro (2019 e 2020), e deve se manter alta em 2021, cujos dados só serão consolidados no fim do ano.

Segundo o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), a média de desmatamento na Amazônia foi de 6.719 km² por mês nos cinco anos anteriores ao governo Bolsonaro e de 10.490 km² por mês nos dois primeiros anos de seu governo, um aumento de 56%. O próprio vice-presidente Hamilton Mourão já admitiu que o patamar deve se manter o mesmo em 2021.

O presidente também enalteceu as reservas indígenas - nenhuma criada ou favorecida de alguma forma durante seu governo, que diminuiu a fiscalização sobre invasões e durante o qual o garimpo avançou como nunca para dentro da floresta.

Bolsonaro disse na ONU que os "índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades", algo que contradiz totalmente a manifestação da grande maioria das entidades indígenas organizadas.

Manifestante com cartaz em protesto pela Amazônia em que se lê: luto, rezem pela Amazônia

Crédito, Reuters

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Governo Bolsonaro tem sido alvo de protestos por sua política ambiental

"O que ele vem tentando fazer é forçar a abertura das terras indígenas para a agricultura de terceiro, e não para a agricultura dos próprios índios e para as atividades tradicionais que mantém a floresta", afirma Adriana Ramos, coordenadora de Política e Direito do Instituto Socioambiental (ISA).

"As grandes mobilizações das articulações indígenas justamente contrapõem essa ideia de que a agricultura tem que produzir para quem está fora", afirma. "A exceção são duas dezenas de indígenas bancados pelo próprio governo para defender isso."

O presidente também afirmou que "antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros, destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal."

"Isso é uma falácia, o governo não tem ação nenhuma para neutralizar transmissões. Eles protocolaram na ONU o objetivo de alcançar até 2060 a depender de investimento internacional, mas não têm tomado nenhuma atitude em relação ", aponta Astrini. "Se depender do seu governo, as transmissões vão dobrar."

O governo Bolsonaro também não fortaleceu os órgãos ambientais, pelo contrário: em sua gestão as verbas para entidades como o Ibama e o ICMBio caíram, as multas do Ibama foram praticamente nulas e a fiscalização ambiental e as operações de campo foram paralisadas. O Fundo Amazônia, com quase R$ 3 bilhões para a proteção florestal em caixa, está parado desde 2019.

Mulher indígena de pé ao lado de outra mulher e uma criança, também indígenas, cercados por folhas de palmeira

Crédito, Getty Images

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Os direitos de povos indígenas estão no centro do debate no STF

Adriana Ramos, do ISA, afirma que o governo também manipula dados para favorecer o que eles querem mostrar. "O esforço do governo é alterar a legislação para que mais modalidades de desmatamento sejam consideradas legais. Ou seja, ele pode até reduzir o desmatamento ilegal até 2030, mas vai ser porque ele legalizou o desmatamento."

Ramos também aponta que o Código Florestal (uma legislação para proteger matas nativas), elogiado por Bolsonaro no discurso, se dependesse dele e de sua base, já teria sido totalmente flexibilizado.

Apesar de elogiar a legislação - inclusive considerada insuficiente por muitos ambientalistas, incluindo o ISA - o governo tem fragilizado sua implementação.

"E a base de Bolsonaro no Congresso apresenta muitas propostas para mudá-lo, o esforço de alteração é enorme", diz Ramos.


As imagens de animais que lutam pela vida em meio a incêndios no Pantanal

  • Vinícius Lemos - @oviniciuslemos
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Diversos jacarés-do-pantanal amontoados

Crédito, Fernando Faciole/GRAD

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Na ponte de rodovia no Pantanal, jacarés se amontoam e morrem desnutridos.

Atenção: esta reportagem contém imagens que podem ser consideradas perturbadoras.

Os animais têm enfrentado, novamente, uma luta pela vida no Pantanal. Além dos incêndios no bioma, eles também precisam sobreviver a uma seca intensa na região. Os bichos passam por problemas para encontrar alimentos, sofrem com a perda de habitat e têm dificuldades para conseguir água.

Além disso, o cenário atual, considerado menos extremo que o do ano passado, envolve consequências de 2020, quando o bioma passou pelo seu pior período das últimas décadas, com recordes de incêndios.

"Levará décadas para que o equilíbrio ecológico se restabeleça no Pantanal. Com certeza os animais ainda vivem o impacto do ano passado", afirma Vinícius Silgueiro, coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV).

No início deste mês, uma reportagem da BBC News Brasil mostrou dois jacarés que trocaram seu habitat natural por uma piscina em uma pousada no Pantanal, em uma tentativa desesperada de escapar do fogo e da estiagem extrema na região.

Para ajudar os animais, voluntários têm resgatado bichos que foram alvos do fogo ou que sofrem com a falta de água ou alimentos em diversos pontos.

"A seca está deixando os animais muito desesperados", diz a veterinária Carla Sassi, coordenadora do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD), que tem atuado no Pantanal nos últimos dias. Ela conta que há preocupação também sobre incêndios em áreas que concentram muitas espécies.

Em meio ao atual cenário, esta reportagem da BBC News Brasil traz 16 fotografias que ilustram a situação vivida por animais no Pantanal neste ano. As imagens foram feitas entre o fim de agosto e meados de setembro.

Tuiuiú buscando alimento no pouco de água que restou em um corixo (canais que se formam na cheia do Pantanal)

Crédito, Ahmad Jarrah

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Tuiuiús (ou jaburus) buscam alimentos em trecho que secou em meio à crise hídrica do Pantanal

As dificuldades dos animais no Pantanal

Uma análise feita pelo ICV com base em dados de uma plataforma mundial, a Global Fire Emissions Database (GFED), apontou que 655 mil hectares do Pantanal brasileiro foram atingidos pelo fogo entre 1 de janeiro e 12 de setembro de 2021. Nesse mesmo período no ano passado, 2,17 milhões de hectares já haviam sido afetados pelo fogo no bioma pantaneiro.

Os especialistas frisam que não é adequado comparar o atual período com 2020. "O ano passado foi realmente uma situação atípica, que assustou todo mundo e deixou todo mundo em choque", comenta André Luiz Siqueira, diretor da ONG ECOA - Ecologia & Ação.

A situação do ano passado, dizem especialistas, trouxe maior conscientização para a comunidade local sobre o combate aos incêndios, que são causados na imensa maioria das vezes por ação humana.

Especialistas afirmam que houve mais cuidado em relação ao fogo no primeiro semestre deste ano, para evitar que avançasse pelo bioma durante a estiagem como em 2020.

Neste ano foram criadas diversas brigadas comunitárias no bioma. Além disso, especialistas apontam que desde o início do ano houve maior atenção ao tema por parte de autoridades locais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Estados brasileiros que abrigam o Pantanal.

Ainda que os números de 2021 façam parecer que a situação no bioma é positiva, o Pantanal continua passando por dificuldades intensas.

"Tivemos chuvas importantes nas últimas semanas, o que ajudou o trabalho dos brigadistas e diminuiu os focos de incêndio. Porém ainda temos focos de incêndio. Mas, claro, nada que se compare ao ano passado", afirma André Siqueira.

O calor intenso na região, os fortes ventos e a seca extrema colaboram para agravar as dificuldades no bioma atualmente. Nas últimas semanas houve registros de chuva, mas não o suficiente para contornar a crise hídrica.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o nível do rio Paraguai, principal formador do Pantanal, foi correspondente a 18 centímetros negativos na segunda-feira (20/09). A média na data é de três metros. Conforme a empresa, é o menor nível no mesmo dia nas últimas cinco décadas. No ano passado, por exemplo, que foi considerado um período de seca intensa, o nível na data era de 19 centímetros positivos.

Quati dentro de uma gaiola após ser resgatado

Crédito, Fernando Faciole/GRAD

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Quati foi resgatado pela equipe com as patas queimadas. Ele passa bem após receber ajuda de voluntários

Londra atrás de folhas

Crédito, Fernando Faciole/GRAD

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Lontra em um corixo (canais que se formam na cheia do Pantanal) que ainda tem água na região do Pantanal

Cervo-do-Pantanal em meio à vegetação queimada

Crédito, Fernando Faciole/GRAD

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Cervo-do-Pantanal em meio à vegetação queimada. Segundo voluntários, animal aparentava estar debilitado

"A temporada de chuvas de outubro de 2020 a março deste ano não foi capaz de abastecer o sistema, que já estava em déficit hídrico. Com a estiagem normal de abril a setembro, o nível dos rios baixou ainda mais neste ano", explica o biólogo Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal.

Entre os principais afetados pela crise hídrica no bioma estão os animais. É um cenário sem trégua para eles, que também enfrentam o fogo deste ano e convivem com as inúmeras áreas do bioma destruídas pelos incêndios de 2020.

No ano passado, os incêndios afetaram, ao menos, 65 milhões de animais vertebrados nativos e 4 bilhões de invertebrados, segundo estudo feito com base na densidade das espécies presentes nos locais afetados. O levantamento foi feito por pesquisadores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) e da Embrapa.

Importante área úmida no planeta, o Pantanal enfrenta uma seca aguda desde 2019 e com isso tem visto "a quantidade de água reduzir nas planícies e rios, resultando em um solo e vegetação extremamente secos, aumentando o risco de incêndios", aponta o estudo.

"Embora as mudanças climáticas sejam uma das principais causas dos incêndios descontrolados pelo mundo, e fogos naturais possam ocorrer, no Pantanal quase 98% das queimadas são causadas por atividades humanas, sejam acidentais ou criminais", diz o texto assinado por pesquisadores do bioma.

Voluntários auxiliam bezerro com as patas queimadas

Crédito, Fernando Faciole/GRAD

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Voluntários do GRAD resgatam um bezerro com as quatro patas queimadas.

Iguana morta é encontrada em uma fazenda da transpantaneira

Crédito, Fernando Faciole/GRAD

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Iguana morta é encontrada em uma fazenda da transpantaneira. Voluntários suspeitam que ela tenha sido vítima da seca

Macaco-prego em meio às cinzas de uma região tomada pelo fogo no Pantanal

Crédito, Fernando Faciole/GRAD

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Macaco-prego em meio às cinzas de uma região tomada pelo fogo

Ferimentos e mortes

Os animais sofrem impacto direto — como ferimento ou morte — ou indireto, pela perda do habitat diante dos problemas ambientais enfrentados no Pantanal.

Diversos voluntários têm ajudado os animais. No bioma, essas pessoas têm se deparado com cenas como bichos que foram vítimas do fogo ou que sofrem com sede ou fome, diante da devastação de alguns pontos do Pantanal nos incêndios.

As dificuldades enfrentadas pelas espécies podem ser avistadas em diferentes pontos do bioma.

A veterinária Carla Sassi, do GRAD, coordena uma equipe que já resgatou diversos animais no Pantanal. Os voluntários têm se mobilizado para levar caminhões-pipa e frutas, obtidos por meio de doações, para ajudar os bichos.

"Muitos animais precisam andar longas e longas distâncias para conseguir água e alimentos", explica Sassi. Ela ressalta que nem todos conseguem ir a lugares distantes e, por isso, o apoio dos voluntários se torna fundamental.

Entre os animais que têm lutado para sobreviver no Pantanal estão os jacarés. Uma imagem feita em meados de setembro pelo biólogo e fotógrafo Fernando Faciole mostra diversos jacarés-do-pantanal amontoados e desnutridos. "A cada dia que passa o nível da água abaixa mais e a situação é crítica", diz Faciole.

A imagem (que abre esta reportagem) foi feita em uma ponte da rodovia Transpantaneira, que liga a cidade de Poconé (MT) à região de Porto Jofre, na divisa com Mato Grosso do Sul. Segundo o fotógrafo, voluntários resgataram alguns desses animais e levaram para áreas com água para que possam sobreviver. "Porém, a quantidade desses animais é extremamente grande", afirma.

Jacaré morto às margens de rodovia

Crédito, Ahmad Jarrah

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Jacaré morto às margens da Transpantaneira. Voluntários acreditam que animal possa ter sofrido com fome ou sede, pois não havia fogo nas proximidades

Vaca passa por área queimada

Crédito, Ahmad Jarrah

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Vaca passa por área queimada com o chão ainda quente em busca de abrigo

Tuiuiú foge da área queimada no quilômetro 100 da Transpantaneira

Crédito, Ahmad Jarrah

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Tuiuiú foge da área queimada no quilômetro 100 da Transpantaneira

Anta com ferimentos causados pelos incêndios junto com um filhote

Crédito, Ahmad Jarrah

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Anta ferida pelos incêndios foi avistada na região do Pantanal junto com um filhote

Vaca presa pelo fogo espera por resgate de brigadistas e veterinários

Crédito, Ahmad Jarrah

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Vaca presa pelo fogo espera por resgate de brigadistas e veterinários no Pantanal

Faciole também fez outros registros que ilustram a situação dos animais no Pantanal. Uma das fotos feitas por ele mostra um quati com as patas queimadas que foi resgatado por voluntários em uma área remota e muito seca. "O animal estava com uma das patas traseiras queimadas Ele recebeu todos os cuidados e agora passa bem", diz.

Em outra fotografia, em meados de setembro, Faciole registrou um macaco-prego em meio às cinzas de uma região tomada pelo fogo. "Os animais, como esse macaco, agora enfrentam a fome cinzenta (causada por incêndios florestais, que destroem os alimentos deles). Muitos se aproximam das equipes de resgate em busca de ajuda", diz.

Ele também fotografou resgates de animais feridos, bichos mortos em regiões sem água, entre outras imagens no Pantanal (algumas disponíveis ao longo desta reportagem).

Outros registros que mostram a situação do Pantanal neste ano, e estão ao longo desta reportagem, foram feitos pelos fotógrafos Bruna Obadowski e Ahmad Jarrah entre o fim de agosto e o início de setembro. Eles encontraram animais como cobras e macacos-prego carbonizados. Também viram um tuiuiú e uma vaca passando por áreas incendiadas em busca de abrigo.

Outra cena que registraram foi uma vaca presa pelo fogo, em uma das áreas mais afetadas pelas chamas na Transpantaneira, enquanto permanecia à espera de ajuda. Posteriormente, o animal foi resgatado. "Segundo os brigadistas, é comum os animais ficarem presos pelo fogo e virem a óbito quando não são resgatados a tempo", diz Bruna.

As dificuldades enfrentadas pelos animais no Pantanal devem continuar nas próximas semanas. Isso porque a estiagem deve durar ao menos até meados de outubro e não há expectativa de melhora no nível do rio Paraguai no próximo mês.

Sapo tenta escapar durante combate aos incêndios

Crédito, Ahmad Jarrah

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Sapo morreu enquanto tenta escapar do fogo

Cobra carbonizada

Crédito, Bruna Obadowski

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Cobra carbonizada pouco antes da chegada de brigadistas em área do Pantanal

Brigadista próxima a anta ferida, que está envolta em um tecido

Crédito, Bruna Obadowski

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Uma anta de aproximadamente 300 quilos estava com as patas queimadas e foi resgatada após cinco dias de monitoramento




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