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Data 16/07/2019 08:43:09 | Tóopico: Política

Bolsonaro demonstra querer ver o filho presidente 1 dia

Governantes podem ter um punhado de objetivos, mas nada supera a prioridade zero: manter seu grupo no poder por muito tempo. Sérgio Motta, o ministro mais poderoso de Fernando Henrique Cardoso, falou abertamente em 1995 que a meta dos tucanos era ficarem 20 anos no Planalto. Ficaram 8.

Os petistas acharam que conseguiriam dobrar a meta. Com o impeachment de Dilma, ficaram 13 anos, coincidindo com o número da identificação do partido.

Quando se fala em grupo político, porém, surge uma aparente incompatibilidade para o presidente Jair Bolsonaro. Afinal, diferentemente de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, ele fez sua carreira sem integrar de forma orgânica e perene um partido sólido e coeso.

No governo, não tem sido diferente. Parece seguir no propósito de esvaziar a ideia de que há um grupo no poder. Quem manda é ele. E não faz o mínimo esforço para eliminar rixas – muitas das quais públicas– entre seus auxiliares.

Bolsonaro faz questão de preservar apenas os filhos. Nesse grupo é que está sua aposta de longo prazo. Eduardo é quem mais se destaca, seja por não se envolver em tantas alterações públicas como o vereador Carlos, seja por ser mais assertivo e ideológico do que o senador Flávio – o qual tem também o inconveniente das investigações sobre o período em que era deputado estadual no Rio.

A indicação de Eduardo para embaixador do Brasil em Washington é um modo de alçá-lo da Câmara para uma posição em que poderá ter protagonismo internacional, algo que ajuda muito quem quer ser chefe de Estado.

A nomeação à Embaixada é também uma maneira de testar as instituições. Será se for de fato levado adiante, algo envolto em controvérsia jurídica. Há argumentos fortes para apontar nepotismo. Mas isso seria mais contundente se envolvesse alguém de fora da vida pública. Em se tratando do deputado mais votado no país, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, é sujeito a debate.

Eduardo teria de abrir mão do mandato e correr o risco de ser vetado pelos senadores em votação secreta. Se perder, restará o consolo de que não terá dificuldades de conquistar novo mandato de deputado no futuro.

Se vencer, se fortalecerá antecipadamente para outra controvérsia política e jurídica, programada provavelmente para daqui a 7 anos: se poderá suceder o pai. O parágrafo 7º do artigo 14 da Constituição diz que parentes até 2º grau não podem concorrer à eleição. A exceção é a reeleição, o que, nas condições atuais, permite a Flávio, Carlos e Eduardo postularem a renovação dos mandatos.

Soluções existem. Bastaria mudar a Constituição. Ou, se isso se mostrar difícil, o atual presidente renunciaria ao mandato no último ano e deixa o caminho do filho desimpedido.

Certamente Bolsonaro não pensa nas reformas estruturais que está promovendo como presente para um sucessor qualquer.



O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira (15) que, após aprovação da reforma da Previdência, o próximo passo do Congresso deve ser a reforma política. De acordo com Mourão, o Brasil não tem um sistema político, o que é difícil de conceber dada a fragmentação partidária.

“Hoje, lá dentro do Congresso, na Câmara dos Deputados, temos 26 partidos representados, apenas 2 partidos têm mais de 50 deputados, em torno de 7 têm entre 30 e 40 e o restante são partidos com 10 ou 8 deputados, então, é extremamente fragmentado o nosso Congresso, não é fácil lidar com isso aí. Os partidos deixaram de representar o pensamento da sociedade como um todo. Acho que todos aqui entendem perfeitamente que o ideal é que tivéssemos cinco partidos, quando muito sete, que representassem as diferentes espécies de pensamento que temos dentro da nossa sociedade”, disse ao participar da abertura do II Rio Money Fórum, na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O vice-presidente defende o sistema político com voto distrital, que, para ele, seria também uma forma de baratear as eleições. “É a minha opinião para a eleição ficar mais barata”.

Problemas

Mourão disse que o governo Bolsonaro assumiu tendo que atacar dois grandes problemas da economia brasileira: a questão fiscal e a agenda de produtividade. “Na questão fiscal, teve que buscar o equilíbrio. Então, qual era a primeira coisa para buscar o equilíbrio fiscal? A reforma da Previdência. Felizmente ela está encaminhada. Não da forma como nós, governo, gostaríamos, mas existe um velho aforismo no meio militar que diz que o ótimo é inimigo do bom. Então, vamos ter uma reforma boa, não uma ótima. Daqui a cinco, seis anos, nós vamos estar novamente discutindo isso aí. Agora, não poderíamos passar por cima disso aí de forma nenhuma, senão a garotada que está aqui ia trabalhar até o fim da sua vida”, disse.

Para o vice-presidente, a reforma da Previdência não é a solução dos problemas, mas a abertura para resolver a questão fiscal e a retomada da economia. “É como se o Brasil estivesse dentro de uma garrafa e o gargalo é a reforma da Previdência. Temos que sair por esse gargalo para que se crie um ambiente de estabilidade, e estabilidade gera confiança. É isso que está sendo buscado”.

Mourão acrescentou que outra forma de resolver o desnível fiscal é a venda de estatais. “Se a empresa está dando prejuízo, e o governo não tem condição de arcar com aquilo, tem que vender. Então, vamos privatizar aquilo que deve ser privatizado”, disse, ressaltando ainda que não haverá contratações.

“Não vamos contratar ninguém pelos próximos anos. Vamos fazer uma diminuição do tamanho do Estado, de forma branda. À medida que as pessoas forem se aposentando não vamos contratar ninguém até que a gente consiga equilibrar as nossas contas.”

Produtividade

Mourão defendeu uma agenda de produtividade, que passa pela infraestrutura do país. “Nós temos uma das mais baixas produtividades do mundo. Temos uma infraestrutura que parou no tempo. Grande parte do que temos hoje foi construído no tempo do governo militar, depois não se construiu mais nada. Nossas estradas, tudo mundo sabe como elas são, ferrovias sumiram, portos, aeroportos. Nós temos navegação de cabotagem. Temos 1 litoral de 7.500 quilômetros cheios de portos e transportamos uma carga do Rio Grande do Sul para o Rio Grande do Norte em lombo de caminhão. Essa nossa infraestrutura tem que ser melhorada”, afirmou.

O vice-presidente defendeu também a reforma tributária. “Temos uma um sistema tributário caótico. Estamos pagando hoje 32%, 33% do PIB de impostos. Isso penaliza os mais pobres. Porque os impostos incidem na comida e na bebida. A turma mais pobre é que sofre com essa carga. Temos que organizar o sistema, porque há uma quantidade de impostos”, disse, lembrando que há diferentes propostas na Câmara e no Senado, além da defendida pelo governo. Com informações da Agência Brasil.




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